São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Idéia seria usar linha de crédito de US$ 4,5 bi aberta em 97 pelo setor privado para compor pacote de ajuda

EUA querem bancos no socorro à Argentina

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Os Estados Unidos querem que os credores privados paguem parte do custo de salvação da Argentina. O desejo foi manifestado na sexta-feira, em Washington, pelo subsecretário do Tesouro norte-americano, John Taylor, durante reunião com um grupo de bancos liderados pelo JP Morgan.
Segundo a Folha apurou, os EUA querem que o novo pacote de ajuda à Argentina, que está sendo negociado desde sexta-feira no FMI (Fundo Monetário Internacional), também inclua empréstimos do setor privado.
Uma das idéias seria colocar em uso uma linha de crédito de liquidez de US$ 4,5 bilhões aberta para a Argentina em 1997 por um grupo de bancos.
Nunca usada, essa linha fora desenhada para proteger o país de crises como a atual. Ela é chamada de "repo line", ou linha de reposição de reservas, e funcionou como uma espécie de retaguarda psicológica da economia argentina durante a crise asiática.
Mas, com a gravidade da última crise e com a perspectiva de que o governo argentino pudesse querer usá-la, os bancos privados e o BC argentino passaram a divergir sobre procedimentos e custo.
Respaldados por cláusulas contratuais, os bancos exigem que a Argentina ofereça, em garantia, títulos pelo valor de mercado -algo impraticável, tendo em vista o atual preço dos papéis do governo argentino e as limitações que o Fundo impõe ao crescimento da dívida do país.
O BC argentino também reluta em sacar a linha porque teme que o gesto possa ser visto como um sinal adicional de fragilidade.
A idéia do governo norte-americano é que, se os bancos oferecerem os recursos dessa linha com um empréstimo adicional do FMI, o valor total de um novo pacote poderá superar as expectativas do mercado e inverter a situação de crise da argentina. Os bancos ainda não indicaram se vão aceitar o "convite" dos EUA.
Em dezembro passado, o Fundo anunciou um pacote de US$ 13,4 bilhões para ajudar a Argentina a implementar um programa de ajuste rígido. Desde então, o governo não conseguiu cumprir as metas fiscais e a economia tornou-se epicentro de uma nova crise nos mercados emergentes.
Desde sexta, uma missão argentina negocia a revisão do programa atual com o FMI e a elaboração das metas de um futuro programa. As negociações poderão demorar "semanas", segundo o vice-ministro da Economia da Argentina, Daniel Marx. Ele disse que, a partir de hoje, a missão deixa de falar com os técnicos do Fundo e passa a negociar com a alta direção do organismo.



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