São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2001

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BOLSA-ESCOLA

Prefeituras do semi-árido não se cadastram

Famílias do Nordeste deixam de receber R$ 27,9 mi do programa

ERILENE ARAÚJO
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AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Depois de perder mais de 70% da lavoura por conta da estiagem que assola 1.144 municípios do semi-árido, 955.327 famílias nordestinas que moram nas áreas de seca deixam de receber, este mês, R$ 27,9 milhões porque as prefeituras não se cadastraram no programa Bolsa-Escola.
Até o momento, quatro meses depois do lançamento oficial do programa e seis meses após o anúncio do Ministério da Educação de que a papelada já poderia ser agilizada, só 413 dos 1.144 municípios do semi-árido nordestino se cadastraram no programa.
Salvador, João Pessoa e Teresina são as únicas capitais da região que driblaram a burocracia e estão assistindo as famílias que têm uma renda per capita de até meio salário mínimo mensal.
No ranking do Ministério da Educação, Sergipe ocupa a última colocação entre os Estados nordestinos. Dos 24 municípios que aderiram ao programa, apenas 7 estão na área de seca. O total de famílias do semi-árido sergipano atendidas soma 3.219.
Pernambuco aparece na penúltima colocação. São 184 municípios, mas só 32 aderiram. Dentre os cadastrados, 27 enfrentam a estiagem. O número de famílias do semi-árido pernambucano atendidas é de 18.746.
O levantamento do ministério mostra que, na área de seca, 119 municípios cearenses se cadastraram no Bolsa-Escola. No Rio Grande do Norte, foram 77 cidades, na Bahia, 60, na Paraíba, 55, no Piauí, 50 e em Alagoas, 18. O Maranhão não tem semi-árido.
O diretor de Articulação com os Municípios da Secretaria do Programa Nacional Bolsa-Escola, Raul Sanchez, disse que "algumas prefeituras têm dificuldades operacionais para fazer o cadastramento". Afirmou também que "a seca tem muitas outras prioridades além do Bolsa-Escola".
Sanchez informou que o Ministério da Educação firmou parcerias com as escolas técnicas para ver se "os estudantes conseguem mudar o quadro, ajudando as prefeituras a agilizar a documentação". O ministério dispõe de R$ 1,7 bilhão para o programa.
Sanches declarou que "o Nordeste poderá cadastrar 1,349 milhão de famílias". O volume de recursos disponível mensalmente para o semi-árido nordestino é de R$ 38,8 milhões.
Para ser beneficiada, a família deverá ter filhos com idade entre 6 e 15 anos regularmente matriculado nas escolas do ensino fundamental. A primeira parcela foi paga em junho deste ano.
Na época, nenhum município do semi-árido estava cadastrado. No segundo mês, 113 cidades da região aderiram ao programa.



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