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CASO BANESTADO
Base de dados enviada à CPI aponta ex-prefeito como beneficiário de depósito de 2002 em banco de Nova York
EUA revelam US$ 406 mil em nome de Maluf
RUBENS VALENTE
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O nome de Paulo Maluf (PP),
candidato à Prefeitura de São
Paulo, aparece como beneficiário
de um depósito de US$ 406,5 mil
no antigo MTB Bank (hoje absorvido pelo Hudson Bank), de Nova
York. É a primeira vez que o nome do ex-prefeito é citado em
transferência bancária de uma
instituição financeira no exterior.
A base de dados do MTB foi encaminhada pela Promotoria nova-iorquina à CPI do Banestado,
que investiga evasão e lavagem de
dinheiro. Maluf sempre negou
possuir contas bancárias em seu
nome no exterior. Ontem, por
meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que desconhece a movimentação financeira e disse ser
vítima de um "golpe eleitoral".
O documento obtido pela Folha
também registra duas movimentações de US$ 3 milhões ao todo
em nome da Durant International
Corp. Segundo o Ministério Público de São Paulo apurou, a partir de documentos enviados pela
Justiça da Suíça, a Durant é uma
"offshore" (empresa sediada em
paraísos fiscais) controlada pelo
candidato e sua família.
De acordo com o registro do
banco MTB, no dia 10 de janeiro
de 2002 uma remessa de US$
406.566,53 (R$ 1.007.877,00, ao
câmbio daquele dia) foi para uma
conta de "Mr. Maluf Paolo Salim". Para não haver dúvida sobre
a identidade do beneficiário, o
banco acrescentou o endereço residencial do candidato, indicando
corretamente a rua, o número da
casa, a cidade e o país, em francês.
O endereço consta do campo
intitulado "beneficiary info" (ou
informação do beneficiário). O
número da conta atribuído a Maluf é o 030172802.
No campo destinado a explicar
a origem do dinheiro, o MTB registrou um endereço de uma praça de cassinos de Monte Carlo, no
principado de Mônaco. No campo "nome do recebedor" consta
CBC NY, então nome do MTB.
As movimentações em nome da
Durant foram realizadas em abril
e em julho de 1997. A empresa se
relacionou com uma outra "offshore", a Agata International.
De acordo com a decisão da juíza da 4ª Vara da Fazenda Pública
paulistana, Renata Coelho Okida
-de 3 de junho último, que quebrou o sigilo bancário da "offshore" e de outras empresas supostamente ligadas a Maluf-, a Durant International Corp. foi aberta
por Maluf e dividida em quatro
partes iguais entre seus filhos. A
conta da Durant na Inglaterra teria sido abastecida por outra
"offshore", a White Gold Foundation, que tem Maluf como beneficiário, segundo a Justiça da Suíça.
Maluf é investigado pelo Ministério Público (federal e estadual) e
pela PF por supostos desvio de
verba pública, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.
Até o final deste mês o Ministério Público deverá propor uma
ação por improbidade administrativa contra o ex-prefeito.
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