São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO BANESTADO

Base de dados enviada à CPI aponta ex-prefeito como beneficiário de depósito de 2002 em banco de Nova York

EUA revelam US$ 406 mil em nome de Maluf

RUBENS VALENTE
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O nome de Paulo Maluf (PP), candidato à Prefeitura de São Paulo, aparece como beneficiário de um depósito de US$ 406,5 mil no antigo MTB Bank (hoje absorvido pelo Hudson Bank), de Nova York. É a primeira vez que o nome do ex-prefeito é citado em transferência bancária de uma instituição financeira no exterior.
A base de dados do MTB foi encaminhada pela Promotoria nova-iorquina à CPI do Banestado, que investiga evasão e lavagem de dinheiro. Maluf sempre negou possuir contas bancárias em seu nome no exterior. Ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que desconhece a movimentação financeira e disse ser vítima de um "golpe eleitoral".
O documento obtido pela Folha também registra duas movimentações de US$ 3 milhões ao todo em nome da Durant International Corp. Segundo o Ministério Público de São Paulo apurou, a partir de documentos enviados pela Justiça da Suíça, a Durant é uma "offshore" (empresa sediada em paraísos fiscais) controlada pelo candidato e sua família.
De acordo com o registro do banco MTB, no dia 10 de janeiro de 2002 uma remessa de US$ 406.566,53 (R$ 1.007.877,00, ao câmbio daquele dia) foi para uma conta de "Mr. Maluf Paolo Salim". Para não haver dúvida sobre a identidade do beneficiário, o banco acrescentou o endereço residencial do candidato, indicando corretamente a rua, o número da casa, a cidade e o país, em francês.
O endereço consta do campo intitulado "beneficiary info" (ou informação do beneficiário). O número da conta atribuído a Maluf é o 030172802.
No campo destinado a explicar a origem do dinheiro, o MTB registrou um endereço de uma praça de cassinos de Monte Carlo, no principado de Mônaco. No campo "nome do recebedor" consta CBC NY, então nome do MTB.
As movimentações em nome da Durant foram realizadas em abril e em julho de 1997. A empresa se relacionou com uma outra "offshore", a Agata International.
De acordo com a decisão da juíza da 4ª Vara da Fazenda Pública paulistana, Renata Coelho Okida -de 3 de junho último, que quebrou o sigilo bancário da "offshore" e de outras empresas supostamente ligadas a Maluf-, a Durant International Corp. foi aberta por Maluf e dividida em quatro partes iguais entre seus filhos. A conta da Durant na Inglaterra teria sido abastecida por outra "offshore", a White Gold Foundation, que tem Maluf como beneficiário, segundo a Justiça da Suíça.
Maluf é investigado pelo Ministério Público (federal e estadual) e pela PF por supostos desvio de verba pública, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.
Até o final deste mês o Ministério Público deverá propor uma ação por improbidade administrativa contra o ex-prefeito.


Texto Anterior: Presidente do banco diz que ato foi político
Próximo Texto: Outro lado: Ex-prefeito diz que desconhece movimentação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.