|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula vetou convocação de FHC para
depor a respeito de operação do BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ameaça de convocar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para prestar depoimento à
CPI do Banestado é baseada numa operação de US$ 840 milhões
entre o Banco Central e o banco
espanhol BBV (Bilbao Viscaya)
em 1998. Levado o caso ao conhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele vetou a convocação de Fernando Henrique,
segundo a Folha apurou.
No entanto, a ameaça e o veto
evidenciam que membros do PT
na CPI têm uma linha direta com
o Palácio do Planalto para levar
informações sobre os tucanos. O
ministro José Dirceu (Casa Civil)
é o receptor dos dados. Foi ele
quem informou Lula da possibilidade de convocar FHC, mas manifestou posição contrária à idéia.
O presidente Lula também achou
que seria um "constrangimento
injustificado".
Em outubro de 1998, o Banco
Central aplicou US$ 840 milhões
no BBV a uma taxa anual de juros
de 6% por um período de quatro
anos. Ao mesmo tempo, o BBV
aplicou US$ 840 milhões em títulos brasileiros a uma taxa de
14,5%.
A transação foi parte de um
acordo entre o governo e o BBV
para permitir que o banco espanhol comprasse o Excel Econômico por US$ 500 milhões.
Membros da CPI disseram a
Dirceu que possuem um documento no qual FHC avaliza a operação -o que é natural, pois, para
um banco estrangeiro comprar
um banco nacional, é preciso haver uma autorização presidencial.
O mesmo episódio levou o ex-presidente do BC Gustavo Franco
a ser reconvocado para depor na
CPI do Banestado. Em data ainda
a definir, pretende-se que ele explique a "operação casada".
"Temos indícios de que essa
operação, na qual o BBV ganhou
US$ 76 milhões a mais que o Banco Central brasileiro, foi parte da
negociação para a venda do Excel
Econômico", disse no final de
março o deputado federal José
Mentor (PT-SP), relator da CPI.
Outro lado
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que convocar Fernando Henrique Cardoso e Gustavo Franco por esse motivo "é ridículo".
"Foi uma decisão de autoridades, diferente de o presidente do
Banco Central [Henrique Meirelles] e do Banco do Brasil [Cássio
Casseb] terem de explicar operações do patrimônio privado",
afirmou.
FHC não havia respondido a
um telefonema da Folha até as
19h de ontem.
Em março, Franco disse, em nota, que o Banco Central tem de
aplicar parte das reservas do país
em bancos de primeira linha no
exterior e que a rentabilidade dessa aplicação segue taxas de juros
do mercado internacional.
Segundo a nota, "o BC procurava aplicar as reservas em bancos
que tivessem investimentos no
Brasil".
Como o BBV queria entrar no
mercado brasileiro e o Banco
Central tinha o interesse numa
solução para o Banco Excel Econômico, que estava em situação
financeira difícil, o banco espanhol propôs que a contrapartida
fosse a aplicação de parte das reservas brasileiras, o que foi feito.
(KENNEDY ALENCAR)
Texto Anterior: Caso Banestado: 29 banqueiros enviam R$ 1,7 bi ao exterior Próximo Texto: Mentor desafia oposição a indicar nome a ser excluído de apuração Índice
|