São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO/ LULA NA MIRA

Caciques do PFL e PSDB fazem reunião para analisar se há justificativa jurídica para abrir processo de impedimento do presidente

Oposição discutirá impeachment de Lula

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Está marcada para segunda-feira, às 16h, na sala da Liderança do PFL no Senado ou na Comissão de Relações Exteriores da Casa, uma reunião entre os caciques pefelistas e do PSDB para discutir a crise "do ponto de vista jurídico e legal". Na prática, os políticos presentes analisarão em detalhes todos os elementos já disponíveis para avaliar se há -ou não- condições para um pedido de impeachment do presidente da República ser protocolado.
Também estarão presentes políticos dissidentes do PMDB (antigoverno) e líderes do PDT, PPS e PV. Essas três siglas pequenas já realizaram uma pré-reunião ontem e divulgaram uma nota. Afirmam que, no momento em que a crise política se aproxima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não desejam "soluções extremistas", mas não afastam "todas as possibilidades previstas na Constituição". Evitam falar em impeachment.
O possível anfitrião do encontro, senador José Agripino (RN), líder do PFL, dá o tom da reunião da segunda-feira: "Não adianta querer impor o impedimento sem vontade popular".
Embora a oposição tenha subido o tom de seus discursos nos últimos dias, dificilmente a reunião de segunda-feira terminará com alguma recomendação a favor do impeachment de Lula. O objetivo principal é unificar a abordagem sobre um eventual pedido de impedimento. Apesar das revelações de caixa dois na campanha do PT de 2002, quando Lula foi eleito, há cautela sobre como proceder.
Há um caso sempre relembrado pelos oposicionistas: o do ex-prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi, do PFL. Ele foi eleito em 1996 e reeleito em 2000.
Em 2001, a Folha demonstrou a existência de um caixa dois da ordem de R$ 30 milhões usado na reeleição do pefelista. Havia provas como o livro-caixa paralelo, notas fiscais (inclusive originais) e entrevistas gravadas de fornecedores não declarados de campanha. Ainda assim, Taniguchi se livrou de punição ao alegar desconhecimento desse esquema.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), tem sido um crítico acerbo do Planalto, repetindo frases como "o governo acabou". Apesar da retórica, indagado sobre impeachment, seu tom é outro: "O Lula não se elege mais, mas o impeachment eu não quero. Acho que o presidente tem o dever de concluir o seu mandato."
Para Virgílio, a reunião de deverá resultar em uma "defesa da legalidade, da apuração integral dos fatos e do apoio à governabilidade em qualquer situação".


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