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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO/ LULA NA MIRA
Caciques do PFL e PSDB fazem reunião para analisar se há justificativa jurídica para abrir processo de impedimento do presidente
Oposição discutirá impeachment de Lula
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está marcada para segunda-feira, às 16h, na sala da Liderança do
PFL no Senado ou na Comissão
de Relações Exteriores da Casa,
uma reunião entre os caciques pefelistas e do PSDB para discutir a
crise "do ponto de vista jurídico e
legal". Na prática, os políticos presentes analisarão em detalhes todos os elementos já disponíveis
para avaliar se há -ou não-
condições para um pedido de impeachment do presidente da República ser protocolado.
Também estarão presentes políticos dissidentes do PMDB (antigoverno) e líderes do PDT, PPS e
PV. Essas três siglas pequenas já
realizaram uma pré-reunião ontem e divulgaram uma nota. Afirmam que, no momento em que a
crise política se aproxima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
não desejam "soluções extremistas", mas não afastam "todas as
possibilidades previstas na Constituição". Evitam falar em impeachment.
O possível anfitrião do encontro, senador José Agripino (RN),
líder do PFL, dá o tom da reunião
da segunda-feira: "Não adianta
querer impor o impedimento sem
vontade popular".
Embora a oposição tenha subido o tom de seus discursos nos últimos dias, dificilmente a reunião
de segunda-feira terminará com
alguma recomendação a favor do
impeachment de Lula. O objetivo
principal é unificar a abordagem
sobre um eventual pedido de impedimento. Apesar das revelações
de caixa dois na campanha do PT
de 2002, quando Lula foi eleito, há
cautela sobre como proceder.
Há um caso sempre relembrado
pelos oposicionistas: o do ex-prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi, do PFL. Ele foi eleito em 1996
e reeleito em 2000.
Em 2001, a Folha demonstrou a
existência de um caixa dois da ordem de R$ 30 milhões usado na
reeleição do pefelista. Havia provas como o livro-caixa paralelo,
notas fiscais (inclusive originais) e
entrevistas gravadas de fornecedores não declarados de campanha. Ainda assim, Taniguchi se livrou de punição ao alegar desconhecimento desse esquema.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), tem sido um
crítico acerbo do Planalto, repetindo frases como "o governo acabou". Apesar da retórica, indagado sobre impeachment, seu tom é
outro: "O Lula não se elege mais,
mas o impeachment eu não quero. Acho que o presidente tem o
dever de concluir o seu mandato."
Para Virgílio, a reunião de deverá resultar em uma "defesa da legalidade, da apuração integral dos
fatos e do apoio à governabilidade
em qualquer situação".
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