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Delgado classifica entrevista como "violenta"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Júlio Delgado
(PSB-MG), relator do processo
que pede a cassação do mandato
do ex-ministro José Dirceu (PT-SP), afirmou ontem considerar
"violentas" as declarações do ex-deputado Valdemar Costa Neto,
presidente do PL, sobre o acerto
financeiro com o PT em 2002 e sobre a participação de Dirceu na
articulação.
"Isso é mais um fato elucidativo.
[Se Valdemar confirmar,] é uma
prova bastante considerável, é
uma prova forte contra o ex-ministro", disse Delgado. Ele afirmou que chamará Valdemar para
prestar depoimento no Conselho
de Ética da Câmara, onde corre o
processo contra Dirceu.
Em entrevista à "Época" deste
fim de semana, Valdemar diz que
o PL formou a coligação com o PT
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva mediante repasse de R$ 10
milhões. O acerto teria sido costurado por Valdemar, Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares,
mas contaria com o aval de Lula e
do vice-presidente, José Alencar.
Na entrevista, Valdemar diz ter
reclamado com o já ministro Dirceu sobre o pagamento a "conta-gotas" que estaria recebendo.
"Mesmo [Valdemar] tendo renunciado ao mandato, ele esteve
envolvido no processo como presidente da coligação do PT-PL e
depois continuou a relação com o
governo e com o chefe da Casa Civil", afirmou Delgado. "Certamente o depoimento dele pode
vir a ser esclarecedor e pode se
transformar em uma prova contundente", concluiu.
O líder interino da bancada petista na Câmara, Fernando Ferro
(PE), disse que Dirceu "tem noção do seu papel". "Ele tem responsabilidade [no caso], é evidente, foi afastado do governo por
se encontrar motivos para isso, e
tem elementos para trazer para a
bancada", afirmou. A assessoria
de Dirceu não foi localizada ontem para falar sobre o assunto.
Para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP),
"a pressão interna no PT está cada
vez maior" e é preciso identificar
"quem levou o PT a esta situação
de angústia e indignação".
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