São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ LULA NA MIRA

Agência do publicitário mantém três contas federais na atual gestão; Petrobras, Ministério da Saúde e Secom são atendidas

Duda fatura R$ 120 mi com propaganda do governo desde 2003

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com as três contas federais que detém no governo Lula, a agência Duda Mendonça, do publicitário homônimo, teve um faturamento de R$ 120 milhões em 2003 e 2004. Foram R$ 35 milhões em 2003 e mais R$ 85 milhões em 2004. Não há valores disponíveis para 2005.
Os R$ 120 milhões se referem ao valor recebido para o pagamento de propaganda veiculada para as três contas com participação de Duda: Petrobras, Ministério da Saúde e da extinta Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência), hoje Subsecretaria de Comunicação Institucional.
Não é publico o valor da receita bruta e do lucro líquido de Duda com suas contas federais. No mercado publicitário, estima-se que uma agência que atenda ao governo tenha uma receita bruta (antes dos impostos) equivalente a 14% do valor total faturado.
O lucro líquido (depois de descontados todos os custos operacionais e impostos) estimado é sempre bem menor, em cerca de 3,5% a 3,8% do total faturado (R$ 120 milhões). Nesse caso, Duda teria lucrado de R$ 4,2 milhões a R$ 4,6 milhões líquidos pelos serviços prestados ao governo Lula.
Os números do faturamento da agência do publicitário foram obtidos pela Folha nos arquivos da Secom. São cifras arredondadas, mas fiéis aos registros oficiais.
A agência de Duda Mendonça já prestava serviços para a administração federal sob Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O marqueteiro cuidou das contas do Banco Central e Petrobras Distribuidora -negócios de menor relevância se comparados aos atuais. O faturamento dele naquela época não está disponível.
As contas de publicidade de órgãos federais nunca são licitadas apenas para uma única agência. São sempre três.
Na conta mais importante que conquistou, a da Secom, Duda Mendonça reparte com as agências Matisse e Lew, Lara um orçamento anual previsto sempre em torno de R$ 150 milhões -esse valor acaba sendo menor por causa da contenção de gastos imposta pela política econômica.
Logo no início do governo, houve grande celeuma sobre a presença do marqueteiro da campanha de Lula na Esplanada dos Ministérios. Duda tinha amplo acesso à Secom e ao ex-ministro Luiz Gushiken.
Chegou a ser chamado informalmente pela oposição de "ministro da Propaganda".
"Uma coisa já defini. Eu quero o Duda Mendonça como se fosse -na ausência de um termo mais adequado- meu consultor especial. Eu quero discutir com ele toda a estratégia de comunicação de governo, vendo os diversos setores, principalmente nos ministérios e a Secom", disse Luiz Gushiken à Folha em setembro de 2003. Logo depois, o marqueteiro começou a se afastar dos holofotes. Avaliou que a declaração de Gushiken foi mais para expô-lo a ataques do que para elogiá-lo.
(FERNANDO RODRIGUES)


Texto Anterior: Procurador quer quebrar o sigilo bancário de Duda
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/CPI dos bingos: Buratti confirma telefonemas a Palocci
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.