São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete
painel@uol.com.br

Zona de segurança

Enquanto o PFL e mesmo parte dos tucanos ainda sonham com um Geraldo Alckmin aguerrido na propaganda eleitoral, o PT não tem dúvida do que vai assistir a partir desta terça-feira no horário gratuito de seu principal adversário: material de pura construção do candidato, sem pancadaria e com a preocupação de confinar as estocadas aos comerciais em que não aparecer a figura de Alckmin. "Minha aposta é que será assim pelo menos nos primeiros cinco programas", afirma um veterano da campanha de 2002. Ou seja, quase duas semanas. "Se eles saírem batendo no Lula, vão terminar atrás da Heloísa Helena".

Hit tucano. É cantado por Dominguinhos o jingle de Alckmin, que começa assim: "O brasileiro gosta tanto da verdade/ E a verdade está aí pra quem quer ver/ Mude o caminho/ Conserte o país da gente/ Resgate os sonhos/ E deixe o Brasil crescer".

Haicai. Foi combinado que Heloísa Helena usará parte de seu minuto e meio para pedir voto na legenda. O PSOL espera reeleger cinco de seus seis deputados federais.

Baixa. O horário gratuito nem começou e o estresse entre políticos e marqueteiros já faz as primeiras vítimas. José Roberto Bernie, responsável pela campanha vitoriosa de João Henrique (PDT) em Salvador em 2004, deixou o barco de Mendonça Filho (PFL), que lidera em Pernambuco.

Francamente. Está disponível no YouTube entrevista em que Ciro Gomes desqualifica uma pesquisa que colocou seu irmão, Cid (PSB), na frente na corrida para o governo do Ceará. O ex-ministro atribui a vantagem do mano a um "erro metodológico".

Inspiração. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, trabalha para repetir o feito de José Dirceu, que, sentado no mesmo cargo em 2002, elegeu-se deputado federal com mais de 500 mil votos.

2008. Com a aposentadoria precoce de Dirceu e a incerteza quanto ao futuro de Antonio Palocci, crescem os apetites no PT paulista. Há quem preveja que Berzoini, se eleito com folga, tentará disputar com Marta Suplicy a vaga para a sucessão municipal.

Na mala. Recomenda-se ceticismo em relação aos candidatos a deputado com prestações de contas franciscanas. Alguns são campeões de arrecadação no caixa dois.

Pior a emenda... A CPI dos Sanguessugas avalia que o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) vai se enrolar ainda mais caso insista em se defender alegando que não é sua a assinatura em documento que o compromete com a máfia das ambulâncias.

...que o soneto. Primeiro porque o papel está longe de ser a única evidência contra Suassuna. Além disso, a CPI descobriu que ele tem o hábito de fazer com que assessores assinem documentos em seu lugar para ter a desculpa pronta em caso de escândalo.

Não provoque. Mais um integrante da CPI ganhou apelido: Fernando Gabeira (PV-RJ), o "Zenbollah". "Ele é tranqüilo, mas quando resolve estourar pega todos de surpresa e causa um estrago", explica um colega de comissão.

Difícil. Entre tapas e tapas, os governos federal e paulista tentam se acertar para a criação do Centro Integrado de Combate ao Crime Organizado, que unirá 13 órgãos.

Mapa. Operação da PF para atingir o braço financeiro do PCC detectou ações em Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Barra pesada. Cartazes expostos na entrada do gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ): "Araguaia: quem procura osso é cachorro" e "Direitos humanos: o esterco da vagabundagem".

Tiroteio

Como ensinou Capistrano de Abreu, o problema da corrupção se resolve com uma Constituição de apenas dois artigos: 1. Todos os brasileiros terão vergonha na cara; 2. Revogam-se as disposições em contrário.


Do prefeito CESAR MAIA (PFL), comentando "post" no blog de José Dirceu, segundo quem "o povo sabe que o problema da corrupção só se resolve com amplas reformas no Estado e no sistema político-eleitoral".

Contraponto

No limite

Durante o encontro de Lula com um grupo de cientistas na quarta-feira passada, o presidente da SBPC, Ennio Candotti, queixava-se da falta de entendimento entre diferentes áreas do governo, fator responsável, a seu ver, pelo escasso investimento em pesquisa:
-É preciso trancar os ministros da Fazenda, da Educação e da Ciência e Tecnologia numa sala e só deixar que saiam de lá depois de chegarem a consenso.
Presente na sala, Dilma Rousseff (Casa Civil) replicou:
-Mas nós temos feito isso!
-Então está na hora de diminuir a comida e a água para que tenham vontade de sair logo- concluiu Candotti.


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