Alckmin vai concentrar ataques pelo rádio; primeiros programas de TV servirão para apresentar tucano como administrador honesto

Na avaliação da cúpula da campanha, se o presidente elevar a votação entre as mulheres, terá assegurada a vitória em primeiro turno

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Repetindo a linha emocional ao estilo Duda Mendonça de 2002, o programa de TV e rádio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai ao ar na terça-feira, priorizará a busca do voto feminino e insistirá na imagem de "líder", em contraponto ao figurino de "gerente" com o qual o tucano Geraldo Alckmin tem se apresentado.
A estratégia visa tentar garantir a eleição de Lula no primeiro turno. Para o jornalista João Santana, que comanda o marketing lulista, o eleitorado feminino é fundamental, e emoção é o que pode cativá-lo. A última pesquisa Datafolha mostrou que 52% dos homens votam no presidente, e que 43% das mulheres o apóiam.
Na avaliação da cúpula da campanha, se Lula conseguir elevar a votação entre as mulheres em mais três ou quatro pontos, terá assegurada uma vitória em primeiro turno.
A propaganda às mulheres também tem o objetivo de evitar a perda de votos para Heloísa Helena, que, no último Datafolha, tinha 12% das intenções.
Na opinião dos estrategistas, a propaganda na TV será benéfica a Lula. Um cacique petista diz que ele convive com notícias negativas desde a eclosão do escândalo do mensalão.
Na TV, Alckmin o atacará, mas Lula terá tempo para se defender. Como o tucano terá mais tempo (três minutos), o PT deve esperar os ataques, entrar na Justiça Eleitoral e obter direito de resposta.

Alckmin
Mocinho na TV. Mordaz no rádio. Na primeira semana de propaganda gratuita, o comando da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) reservará os lances mais picantes ao programa de rádio. Citada por Alckmin só uma vez na estréia da TV, a palavra mensalão rimará, no rádio, com decepção numa música criada para alfinetar Lula. Enquanto isso, na TV, o programa se dedicará à biografia do candidato, com cenas de sua trajetória. A apresentação do candidato ocupará cerca de três minutos de programa. Nela, Alckmin será mostrado como o administrador eficiente e honesto, de origem simples.
Para defender essa estratégia, o coordenador de comunicação da campanha, Luiz Gonzalez, tem repetido a tucanos que, antes de prometer ou até criticar Lula, Alckmin precisa se credenciar com o eleitor.
O programa não se concentrará, nesse primeiro momento, nas mazelas do Brasil. Na estréia, Alckmin falará sobre crescimento econômico. "Voto de protesto não tem a nossa cara", diz o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra.


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