São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS

Patrimônio de Cabral aumentou 66,92%

Em quatro anos, bens do candidato ao governo do Rio favorito nas pesquisas passaram de R$ 388 mil para R$ 647 mil

Em lista entregue ao TRE consta casa em terreno de 5 mil m2 em condomínio de luxo em Mangaratiba com valor defasado de R$ 200 mil

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MANGARATIBA (RJ)

Em quatro anos, o patrimônio do favorito nas pesquisas ao governo do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), cresceu 66,92%, de acordo com as duas últimas declarações de bens apresentadas pelo político ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). A inflação entre 2002 e 2006, de acordo com o INPC do IBGE, variou 38,14%. Em 2002, quando candidatou-se ao Senado após três mandatos como deputado estadual, Cabral Filho listou bens que somam R$ 388.130,42. Agora, seus bens estão avaliados em R$ 647.875,61, conforme informou ao tribunal. Cabral Filho apresentou ao TRE em 3 de julho deste ano uma lista de bens e valores de seu patrimônio. Nela, uma casa de veraneio no município de Mangaratiba (a 70 km do Rio, na Costa Verde fluminense) vale R$ 200 mil. O preço do imóvel está defasado. Motivo de acusações dirigidas ao candidato em 1998 pelo então desafeto Marcello Alencar, governador à época pelo PSDB, a casa está instalada em terreno de 5.050 metros quadrados no condomínio Portobello, um dos mais seletos do litoral do Rio. Segundo três corretores ouvidos na região pela Folha, terrenos em outros locais chegam a R$ 200 mil. Mas o imóvel de Cabral vale mais. Não há irregularidade na declaração: a lei eleitoral autoriza o candidato a informar a quantia gasta na compra. De acordo com certidão emitida pelo cartório Cabral, em Mangaratiba, Cabral Filho comprou o terreno em maio de 1998 por R$ 100 mil. Naquele ano, ele acusou o então presidente da Assembléia Legislativa por enriquecimento ilícito. O Ministério Público chegou a abrir duas vezes investigações sobre o assunto. A última delas foi em 2003, a pedido da Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A entidade era presidida pelo procurador Marfan Vieira. A investigação foi arquivada em dezembro daquele ano pelo Conselho Superior do Ministério Público. À época, Cabral Filho recebia salário de R$ 4.000. Ele disse que complementara seus vencimentos com consultorias prestadas na área de turismo, onde atuara antes de eleger-se deputado estadual. Vieira é hoje o procurador-geral de Justiça, nomeado pela governadora Rosinha Matheus (PMDB), que, como o marido, o ex-governador Anthony Garotinho, é aliada de Cabral Filho. Procurado pela Folha, o procurador não quis falar sobre o assunto. Sua assessoria informou apenas que ele está "impedido".


Colaborou RAPHAEL GOMIDE , da Sucursal do Rio


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