Heráclito abre inquérito para investigar "sabotagem" em relatório sobre escândalo

Medidas não publicadas estão em 50 boletins de pessoal editados entre 1998 e 1999; a maioria trata de reajuste para servidores

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), determinou a instalação de um inquérito para investigar por que 50 boletins de pessoal com cerca de 450 atos secretos ficaram de fora do relatório da comissão de sindicância que apurou o escândalo na Casa, apresentado em 24 de junho.
"A informação é que são mais 400 [atos secretos]. É uma atitude criminosa. É sabotagem."
Ontem, mais 15 boletins de pessoal com atos "ultrassecretos" foram encontrados no Senado. Editados entre 1998 e 1999, a maioria trata de aumento de salários com pagamento retroativo para servidores.
No dia 1º de agosto, a Folha havia revelado a existência de 35 boletins suplementares que não foram publicados na data em que foram assinados.
A conclusão do relatório da comissão é que 663 atos constam em 312 boletins que não foram publicados na rede de intranet do Senado durante os 14 anos de gestão do ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia.
Apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Agaciel foi exonerado em março deste ano. Aliados de Sarney beneficiaram-se de diretorias, e parentes seus foram nomeados ou exonerados por meio desses atos.
O senador foi alvo de denúncia no Conselho de Ética por causa dos atos, mas a acusação foi arquivada. Sarney tomou a decisão de anular todas medidas secretas. Contudo, nas últimas semanas, a Diretoria vem justificando a validação delas.
A Mesa Diretora do Senado, formada pelos sete senadores da cúpula da Casa, deverá validar hoje 42 atos secretos assinados nos últimos anos por congressistas que formavam o colegiado em outras legislaturas. Entre esse atos, está o que reajustou a verba indenizatória de R$ 12 mil para R$ 15 mil.


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