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Brasil quer rastrear duas contas no caso Alstom
Objetivo é descobrir quem se beneficiou de eventual pagamento de propina da empresa
Duas contas atribuídas a brasileiros na Suíça foram congeladas por aquele país, que afirma ter provas de que elas receberam da Alstom
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil vai pedir ajuda à Suíça para rastrear as movimentações de duas contas atribuídas
a brasileiros que receberam recursos da Alstom francesa.
O plano é desvendar a teia de
relações dessas contas para
tentar descobrir quem se beneficiou do eventual pagamento
de propina pela multinacional.
As contas são atribuídas a
Robson Marinho, conselheiro
do TCE (Tribunal de Contas do
Estado), e a Jorge Fagali Neto,
irmão do presidente do Metrô,
José Jorge Fagali. Ambos negam ser donos das contas.
Entre 2000 e 2003, Fagali
Neto foi diretor de projetos especiais do Ministério da Educação, cargo para o qual ele diz ter
sido indicado pelo então ministro Paulo Renato (PSDB). Em
1994, ocupou a secretaria de
Transportes Metropolitanos
na gestão Luiz Antonio Fleury.
Marinho foi chefe da Casa Civil do governo de Mario Covas,
entre 1995 e 1997.
As contas foram congeladas
pelo Ministério Público da Suíça, que afirma ter provas de que
elas receberam recursos da Alstom que teriam sido usados para o pagamento de propina.
Na Suíça, diferentemente do
que ocorre no Brasil, promotores têm poder de congelar contas desde que apresentem indícios de irregularidade. Na última semana, o Brasil pediu à
Suíça que as contas fiquem
congeladas para que, caso seja
provado que o dinheiro está ligado à corrupção, os recursos
possam retornar. O pedido de
sequestro foi feito pelos promotores Silvio Marques, Saad
Mazloum e Mario Sarrubbo.
A Alstom está sob investigação no Brasil, na Suíça e na
França. É investigada sob suspeita de ter pago comissões ilegais a políticos para obter contratos para fornecer equipamentos a subestações de energia e trens para o Metrô-SP.
Funcionários da Alstom contaram à Justiça de Paris que a
empresa pagava a políticos comissão de 7,5% sobre o valor do
negócio para ganhar a concorrência. À época dos contratos
investigados, de 1998 até 2008,
o PSDB governava São Paulo.
A conta atribuída a Fagali
Neto já teve um saldo de cerca
de R$ 20 milhões em valores
corrigidos pelo câmbio atual.
Até setembro de 2003, recebeu
US$ 10.558.069 (R$ 19,4 milhões) e 211 mil (R$ 549,1 milhões), segundo quebra de sigilo do Ministério Público suíço.
O dinheiro teria saído de
uma conta da Alstom na França e passado por outros bancos
antes de chegar à suposta conta
de Fagali Neto, aberta no Banque Safdié de Genebra.
Hoje, o saldo da conta é de
cerca de US$ 7,5 milhões (R$
13,9 milhões). Uma das dúvidas
do promotores é saber qual foi
o destino de cerca de R$ 6 milhões da conta de Fagali Neto.
A suposta conta de Marinho
tem hoje um saldo menor, de
cerca de R$ 1 milhão, segundo
profissionais que atuam no caso ouvidos pela Folha. Mas ela
chegou a quase R$ 2 milhões.
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