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São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2003

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Lula critica ataques de ex-governistas

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FEIRA DE SANTANA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado para os oposicionistas. Sem citar nomes, Lula disse existem pessoas que mudam de opinião com o poder.
"Um economista, quando está na oposição, tem todas as soluções para os problemas do país. Quando assume o governo, já não tem tantas soluções. E os que estavam [no poder] e não tinham [idéias], quando saem do governo, passam a ter a solução para tudo", disse em seu discurso em Feira de Santana (108 km de Salvador), durante a solenidade de ampliação da fábrica da Pirelli.
O presidente admitiu a possibilidade de reabrir as negociações sobre o projeto de reforma tributária para beneficiar principalmente os Estados nordestinos, os que mais reclamaram do texto, aprovado no plenário da Câmara dos Deputados em primeiro turno -alguns destaques ainda precisam ser votados antes do segundo turno. "Nós ainda temos duas possibilidades de equilíbrio: uma no Senado e outra na Câmara", disse o presidente.
Antes de falar, ouviu uma cobrança sutil por parte do governador Paulo Souto (PFL). "Todo o esforço que foi feito na Bahia e no Nordeste não pode ser afetado por qualquer mudança no sistema tributário do Brasil", disse o governador. Anteontem, no plenário do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL) também defendeu alterações no projeto.
Lula criticou também a postura de alguns parlamentares que resolveram transferir para o governo federal a responsabilidade pelo texto da reforma tributária. "Alguns deputados insistem em dizer que as propostas são do governo. Não são, as propostas são de interesse de todos brasileiros. Foram os deputados que fizeram os acordos, a pedido dos governadores."
O presidente convocou os deputados da base aliada para votarem os projetos do governo.
"Às vezes fico pensando que a situação fala muito. Situação não fala, vota. O deputado Ulysses Guimarães sempre agia assim. Deixava todos falar, mas, quando era para votar, votava e pronto", afirmou.

Parar o Senado
Pela manhã, antes da chegada do presidente à fábrica, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL) disse que a Bahia deverá perder cerca de R$ 760 milhões por ano com a aprovação do projeto. "O presidente sabe que o senador ACM é capaz de parar o Senado, mas não vai deixar a reforma passar como está."
Mesmo admitindo que o texto precisa mudar, o líder do governo na Câmara, Nelson Pellegrino (PT), ironizou a declaração de ACM Neto. "O governo tem a maior bancada no Senado, respeita a oposição, mas não vai se submeter a caprichos de ninguém."

FHC
Ainda em seu discurso, Lula criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Poucos presidentes tiveram tantas oportunidades como o meu antecessor na implantação do Plano Real. Depois, tudo foi jogado por água abaixo porque a reeleição passou a ser a coisa mais importante. O Brasil precisa de governantes que pensem nas próximas gerações."
Lula praticamente confirmou também a construção de uma refinaria no Nordeste.


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