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Lula critica ataques de ex-governistas
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FEIRA DE SANTANA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva mandou um recado para os
oposicionistas. Sem citar nomes,
Lula disse existem pessoas que
mudam de opinião com o poder.
"Um economista, quando está
na oposição, tem todas as soluções para os problemas do país.
Quando assume o governo, já não
tem tantas soluções. E os que estavam [no poder] e não tinham
[idéias], quando saem do governo, passam a ter a solução para tudo", disse em seu discurso em Feira de Santana (108 km de Salvador), durante a solenidade de ampliação da fábrica da Pirelli.
O presidente admitiu a possibilidade de reabrir as negociações
sobre o projeto de reforma tributária para beneficiar principalmente os Estados nordestinos, os
que mais reclamaram do texto,
aprovado no plenário da Câmara
dos Deputados em primeiro turno -alguns destaques ainda precisam ser votados antes do segundo turno. "Nós ainda temos duas
possibilidades de equilíbrio: uma
no Senado e outra na Câmara",
disse o presidente.
Antes de falar, ouviu uma cobrança sutil por parte do governador Paulo Souto (PFL). "Todo o
esforço que foi feito na Bahia e no
Nordeste não pode ser afetado
por qualquer mudança no sistema tributário do Brasil", disse o
governador. Anteontem, no plenário do Senado, Antonio Carlos
Magalhães (PFL) também defendeu alterações no projeto.
Lula criticou também a postura
de alguns parlamentares que resolveram transferir para o governo federal a responsabilidade pelo
texto da reforma tributária. "Alguns deputados insistem em dizer
que as propostas são do governo.
Não são, as propostas são de interesse de todos brasileiros. Foram
os deputados que fizeram os acordos, a pedido dos governadores."
O presidente convocou os deputados da base aliada para votarem os projetos do governo.
"Às vezes fico pensando que a
situação fala muito. Situação não
fala, vota. O deputado Ulysses
Guimarães sempre agia assim.
Deixava todos falar, mas, quando
era para votar, votava e pronto",
afirmou.
Parar o Senado
Pela manhã, antes da chegada
do presidente à fábrica, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL) disse que a Bahia deverá
perder cerca de R$ 760 milhões
por ano com a aprovação do projeto. "O presidente sabe que o senador ACM é capaz de parar o Senado, mas não vai deixar a reforma passar como está."
Mesmo admitindo que o texto
precisa mudar, o líder do governo
na Câmara, Nelson Pellegrino
(PT), ironizou a declaração de
ACM Neto. "O governo tem a
maior bancada no Senado, respeita a oposição, mas não vai se submeter a caprichos de ninguém."
FHC
Ainda em seu discurso, Lula criticou o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. "Poucos presidentes tiveram tantas oportunidades como o meu antecessor na
implantação do Plano Real. Depois, tudo foi jogado por água
abaixo porque a reeleição passou
a ser a coisa mais importante. O
Brasil precisa de governantes que
pensem nas próximas gerações."
Lula praticamente confirmou
também a construção de uma refinaria no Nordeste.
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