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São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2003

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Líder acusa "articulação política" contra o MST

DA AGÊNCIA FOLHA

Integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Gilmar Mauro acusou ontem o Tribunal de Justiça de São Paulo de participar de uma "articulação política" para criminalizar o movimento.
"Há uma articulação política que envolve o doutor Atis [de Araújo Oliveira, juiz de Teodoro Sampaio], o latifúndio e, talvez, com ramificações até no TJ", disse, antes de visitar Diolinda Alves de Souza, mulher do líder dos sem-terra José Rainha Jr., na cadeia feminina de Piquerobi, onde está presa desde a última quarta-feira por formação de quadrilha.
Segundo Gilmar Mauro, a "articulação" teria como objetivo estigmatizar o movimento como uma organização violenta.
Para tentar "reverter a situação", o advogado e deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que defende os líderes presos no Pontal do Paranapanema, ingressou na semana passada com uma reclamação no Superior Tribunal de Justiça para impedir que o magistrado julgue as ações relacionadas ao movimento na região.
"Esse cidadão [juiz Oliveira] não pode mais julgar casos do MST, pois há uma nítida perseguição política", disse Greenhalgh. Em protesto, Mauro anunciou a realização de uma marcha no dia 19 em Presidente Prudente, no Pontal, contra a prisão de sem-terra no país.
Segundo o MST, hoje há 26 lideranças do movimento presas em todo o país. A marcha terá início a 3 km da entrada da cidade. Em fevereiro do ano passado, integrantes do MST, liderados por José Rainha Jr., foram impedidos de entrar em Presidente Prudente pelo prefeito Agripino Lima (PTB), que só liberou a pista após determinação do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A ouvidora agrária nacional substituta, Maria de Oliveira, declarou ontem que está havendo "uma decisão fechada no país de combate aos trabalhadores rurais". Criada em 1999, a Ouvidoria Agrária Nacional é o órgão do governo federal que tem o papel de prevenir e diminuir os conflitos.
"Está havendo um processo de sintonia de agressão e de decisões [do Judiciário]. Querem apagar o fogo colocando mais combustível. Há uma decisão fechada no país de combate ao trabalhadores rurais", afirmou.
(CRISTIANO MACHADO E EDUARDO SCOLESE)


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