São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

História oficial

Finalmente, no sábado o Jornal Nacional encerrou a série sobre seus 35 anos. E a revisão de sua história.
Foi com uma reportagem sobre ataques terroristas desde o ETA e o IRA nos anos 60 -e sem tratar como terror o que se fazia por aqui, na época.
Foram duas semanas que editaram um JN bem diverso daquele que se viu por três décadas. No meio do caminho, a revisão contou com um muito bem realizado Linha Direta sobre Wladimir Herzog.
Mas não, ainda havia mais, na madrugada de ontem. Foi no programa Altas Horas. Fátima Bernardes entrou ao vivo e ouviu perguntas do auditório.
Uma foi sobre as diretas. A apresentadora repisou, uma vez mais, que o JN cobriu o comício de São Paulo -e que o problema foi a "cabeça" da reportagem, que tratou o ato como parte do aniversário da cidade. Não mencionou que os questionamentos sempre foram muito além daquele comício.
Segunda pergunta, sobre a campanha de 89. Ela repisou que "houve erro no jornal Hoje... e um erro também no Jornal Nacional". O erro do JN foi "quando acabou dando muito mais tempo [para Collor], os melhores momentos de um e os piores de outro". Novamente, para ela as críticas à cobertura se limitavam à edição do debate.
Até aí, sem novidade na história oficial. Mas Fátima Bernardes falou mais, sobre 89:
- Eu não participava ainda do jornal, nesse momento.
E sobre as diretas:
- Eu não estava aqui, aliás, ainda nem trabalhava.
Em suma -e nisso a jornalista está absolutamente certa: o tempo passou, as diretas foram há 20 anos, a eleição há 15.
Mas, afinal, o que ela tira disso tudo, do passado distante?
- Dá para a gente refletir, avaliar se houve erros, que erros eram esses e o que a gente pode fazer de diferente. E eu acho que a última cobertura, em 2002, provou que é completamente possível... Hoje dá para saber o seguinte: é possível fazer uma cobertura isenta, correta, informativa e levando para o público aquilo que a gente tem que levar, que é informação para ajudar na decisão. Isso foi feito em 2002, e eu fico muito orgulhosa.
Ok, é bonito, mas também a história do JN de hoje ainda está para ser escrita, pelo futuro. Com a garantia de uma versão oficial para a Globo -e outra para quem mais quiser contar.

JEANS

Reprodução
Do estúdio do Jornal Nacional, a apresentadora da Globo Fátima Bernardes dá entrevista à Globo, ao vivo no programa Altas Horas, para jovens


Mais um
Já nem é manchete, agora que as primeiras mortes estão para completar um mês. Mas UOL, Band News, CBN e outros insistem em não esquecer o horror:
- Mais um morador de rua é morto em São Paulo.
Foi "espancado" e "carbonizado". Outro também, no sábado, mas não morreu. Sem punição, virão outros mais, como rotina.

Qualquer um
Da capa da revista "Época" para os jornais, rádios, blogs, a entrevista de Lula serviu para ele afirmar, dias depois de Marta Suplicy ter dito o contrário:
- Qualquer um que seja eleito não trará dificuldades.
Não trará, acrescentou, "crise institucional". Marta que conte outro conto, para assustar.

Em espírito
Do major Curió, que prendeu José Genoino no Araguaia e hoje é da base de Lula, para o "New York Times" de Larry Rohter:
- [Os guerrilheiros] eram movidos pelos mesmos objetivos, o mesmo espírito social do Exército, apesar de nossos caminhos terem sido diferentes.

É proibido proibir
Como na TV, onde Boris Casoy se debate contra as restrições à cobertura eleitoral e ganhou o apoio do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), também a web clama por liberdade.
Segundo o UOL, a Justiça Eleitoral estendeu as restrições da TV à internet. Coisas como o veto à difusão de qualquer "opinião favorável ou contrária a candidato". É proibido cobrir.

ABATIDA NO AR

freerepublic.com/Reprodução


A denúncia que surgiu na CBS dias atrás, de fraude no histórico militar de George W. Bush, foi abatida pela dúvida -e pela web. A coluna The Note, que é mais ou menos como esta Toda Mídia, fez a cronologia. A CBS transmitiu às 20h, o blog Freerepublic (logotipo acima) levantou a primeira dúvida às 24h, seguido pelo Littlegreenfootballs às 8h30, o Allahpundit às 10h30, o Drudgereport às 15h, o site da "Weekly Standard" às 17h, a Fox News às 18h e daí para "Washington Times" e a grande mídia. Na corrente, notou a The Note, só sites, canais e blogs conservadores. Eles venceram a CBS.


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