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SAIBA MAIS
Professor crê que processo deve ser em etapas
DA SUCURSAL DO RIO
Além de professor universitário, Erik Reinert é membro da fundação The Other
Canon (O Outro Cânone),
da Noruega, cujo objetivo é,
segundo ele, "reintroduzir a
história na economia".
Para ele, os formuladores
econômicos atuais desprezam a ótica da produção e
desconsideram experiências
históricas. Prevalece, segundo Reinert, apenas a visão do
livre mercado.
Estudioso dos processos
de integração econômica e
comercial entre países, Reinert acredita que esses processos devem ocorrer em
etapas. Primeiro, um país
tem de promover sua indústria, para obter vantagens
comparativas. O segundo
passo é se integrar com
"iguais" -as integrações simétricas.
Só depois dessa etapa,
quando a industrialização já
está consolidada, é que os
países devem partir para a
integração assimétrica -ou
seja, com as nações com um
grau de desenvolvimento diferente.
Sem esse processo, há o
risco de surgirem problemas
que já se notam na Europa e
podem, de acordo com Reinert, se agravar no futuro. O
mesmo ele imagina que pode acontecer com os países
latino-americanos com a Alca (Área de Livre Comércio
das Américas).
Em seu estudo focado na
produção, Erik Reinert pesquisa a situação dos antigos
países socialistas, tanto do
Leste da Europa como da
antiga União Soviética.
Verificou que, na contracorrente da tendência mundial, em alguns desses países
a desindustrialização resultou na migração de mais trabalhadores para a agricultura, num processo que chama
de "primitivização" da economia.
Na Letônia, por exemplo, o
percentual de trabalhadores
rurais subiu de 17,4% para
18% entre 1990 a 2001. Já o de
empregados da indústria
caiu de 37,4% para 25,6%.
Pior acontece em países
que não estão na União Européia, mas ficam na "periferia" do bloco, como a Armênia, onde os empregados
rurais passaram de 17,7%
para 44,4% do total e os da
indústria caíram de 30,4%
para 14,1%.
Para Reinert, só um modelo de integração assimétrico
deu certo: o asiático. Lá, afirma ele, o processo se desenvolveu com o mais rico "puxando" o crescimento dos
demais, no que ele chama de
"vôo de ganso" (que tem um
formado de um V deitado).
O mais rico, no caso o Japão,
produz primeiro um produto de grande conteúdo tecnológico, que depois passa a
ser fabricado pelos demais.
Conferência
O economista norueguês
participa amanhã da Conferência Brasil e União Européia, na UFRJ. O seminário
reúne acadêmicos brasileiros e europeus de várias
áreas.
Na abertura de hoje, às
9h30, estão previstas as presenças do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do embaixador do
Brasil na União Européia,
José Alfredo Graça Lima.
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