São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Alckmin contraria PSDB sobre previdência

Tucano diz que diferenças sociais impedem aumento de idade mínima de aposentadoria e contesta especialistas do partido

Para candidato, o grande problema da Previdência é a informalidade, que pode ser evitada com a desoneração da folha de pagamento


Xando P./Agência A Tarde
Eleitor se recusa a aceitar santinho de Geraldo Alckmin, entregue pela mulher do tucano, Lu Alckmin, em caminhada em Salvador


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, descartou ontem a necessidade de se tocar num dos temas mais impopulares na discussão do rombo da Previdência: a idade mínima para a aposentadoria do trabalhador.
Segundo Alckmin, para contenção do déficit, "o caminho não é o aumento de idade mínima". "Porque temos um Brasil muito diferente", disse.
Contrariando a opinião de especialistas do partido -inclusive os técnicos que elaboraram seu plano de governo-, Alckmin disse que "não é possível ter uma linha de corte [para fixação de expectativa de vida no país]". Ainda segundo o candidato, hoje, "o grande problema da Previdência é a informalidade". Por isso, a desoneração da folha de pagamento seria uma medida eficiente para combatê-lo.
"Se a metade dos trabalhadores estivesse contribuindo, não teríamos problema de caixa", disse ele ao falar à Força Sindical. Alckmin voltou a pregar a redução da carga tributária no país. O candidato também já prometeu o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 2.000.
Hoje não existe idade mínima para o setor privado. A necessidade da reforma da Previdência está no texto enviado a Alckmin pela equipe que elaborou seu programa de governo. Ela é um dos pilares do discurso de especialistas como Raul Velloso, com quem Alckmin conversava antes de ser escolhido candidato do PSDB. Para Velloso, é "uma vergonha" que o Brasil seja um dos únicos países do mundo sem exigência de idade mínima para aposentadoria do INSS. "Como o déficit é muito grande (cerca de 2% do PIB), as soluções terão de vir de todas as frentes. Uma delas -bastante importante- é a introdução da idade mínima."
No setor público, sugere, no momento, o ideal é modificar o modelo de cálculo do benefício. Só futuramente seria fixada uma nova idade mínima para a aposentadoria do servidor.
Mas, em recente palestra, o ex-secretário Yoshiaki Nakano, um dos interlocutores de Alckmin, disse que o envio de uma proposta de reforma dependeria da capacidade de sua aprovação no Congresso.

Más companhias
Ontem, Alckmin voltou a acusar o governo Lula de corrupção. Disse que "a primeira coisa [a ser feita] é espantar a roubalheira de Brasília. Pôr para correr o pessoal da roubalheira".Segundo Alckmin, "nós conhecemos os políticos". "Você sabe a turma séria e a picaretagem. É preciso governar com os sérios. Não dá para escolher, no mundo político, governar com mensaleiro, governar com sanguessuga", atacou.
Mais uma vez, ele disse que "as más companhias em política são desastrosas". "Quem é má companhia?", perguntou. "Newton Cardoso, Jader Barbalho, Ney Suassuna. Onde vai parar isso aí?", perguntou.
Alckmin afirmou ficar admirado de "um candidato que disse que ia criar 10 milhões de empregos não ter feito nada pela agenda de crescimento". Alckmin afirmou que a política econômica "é o maior programa de concentração de renda história". "Está dando dinheiro para quem já tem dinheiro. Desestimula pôr dinheiro na atividade produtiva, melhor arrolar dívida do dinheiro do governo", afirmou o tucano.


Texto Anterior: São Paulo: Para Serra, carta de FHC é um tema superado
Próximo Texto: Heloísa apela para doações pela internet
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.