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"Cassadores falam; defensores votam", diz renanzista antes do resultado final
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Os cassadores falam; os defensores votam." A frase, proferida já no final da sessão de seis
horas que absolveu Renan Calheiros por um de seus principais aliados, Gilvam Borges
(PMDB-AP), traduz o clima do
que ocorreu a portas fechadas
no plenário do Senado. Constrangimento, tensão, bate-boca
e provocações mútuas.
A tônica dos discursos de Renan e de sua tropa de choque
foram os ataques à imprensa. O
primeiro a usar desse argumento foi Almeida Lima
(PMDB-SE), que chamou a mídia de "abjeta, impudica e desqualificada". "Qual o Senado
que desejamos? Livre e autônomo ou uma imprensa que pretenda nos substituir? A imprensa com interesses escusos", discursou Almeida Lima.
Os 13 deputados que obtiveram liminar do STF (Supremo
Tribunal Federal) para acompanhar a sessão foram alvo de
hostilidade, ironias e desconfiança. Sentados na tribuna de
honra, o grupo atendia a seus
telefones celulares. Eram repórteres ligando.
Os peemedebistas Gilvam
Borges e Wellington Salgado
(MG) passaram a sessão caminhando pelo plenário e cochichando. Salgado, notabilizado
pela defesa de Renan no Conselho de Ética, chegou a se irritar
com o discurso de Marisa Serrano (PSDB-MS) pela cassação:
"Não consigo mais ouvir! Só
mentira!". Ele e Valdir Raupp
(PMDB-RO) protestaram contra o pedido dos tucanos para
que fossem usados os microfones durante os discursos.
Sem microfones ligados, havia dificuldade em acompanhar
os discursos, muitos dos quais
foram ignorados. Jefferson Peres (PDT-AM) abandonou a
sessão por cerca de uma hora
para ir almoçar bacalhau e refrigerante light.
O pepista Francisco Dornelles (RJ) calou o plenário ao dizer que questões fiscais, "que
poderiam atingir qualquer senador", não são suficientes para configurar quebra de decoro.
Apenas cinco renanzistas discursaram: além de Dornelles,
Almeida Lima (PMDB-SE),
João Tenório (PSDB-AL), Sibá
Machado (PT-AC) e Ideli Salvatti (PT-SC) -os dois últimos
discretamente.
Grande parte da tropa de
choque de Renan, confiante na
vitória, optou pelo silêncio.
Valdir Raupp (PMDB-RO), Romero Jucá (PMDB-RR), Wellington Salgado e José Sarney
(PMDB-AP) ficaram mudos.
Aloizio Mercadante (PT-SP),
que se absteve na votação, inscreveu-se para falar após o fim
do prazo e não teve permissão
para usar o microfone. Em
comparação, 15 senadores pediram a cassação.
Renan só se alterou quando
foi acusado de "burrice" por
Demóstenes Torres (DEM-GO). "Não admito falta de respeito", retrucou o presidente
do Senado. Torres desculpou-se e mudou o termo para "pouca inteligência". Ao receber o
veredicto, às 17h17, Renan levantou-se e sorriu. Logo uma
fila de cumprimentos se formou. A líder do governo no
Congresso, Roseana Sarney
(PMDB-MA), não conteve algumas lágrimas. Ela foi a anfitriã da comemoração renanzista à noite.
(VERA MAGALHÃES, FÁBIO ZANINI E SILVIO NAVARRO).
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