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RUMO A 2004
Partido incorpora políticos de outras legendas e reforça sua estrutura para disputar as eleições municipais
PT se organiza em 96% dos municípios
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT "conquistou" 722 municípios entre junho e outubro deste
ano. Resultado de um esforço do
partido para avançar em direção
aos "grotões", o número de municípios em que a sigla tem diretórios municipais ou comissões
provisórias passou de 4.623 para
5.345 em quatro meses.
O PT, que em junho estava estruturado em 83,1% dos 5.565
municípios do país, hoje cobre
96% do total. O esforço por conquista de território foi simultâneo
à campanha de filiações, ambos
coordenados pela Secretaria de
Organização do PT nacional.
Conforme a Folha revelou na sexta-feira, a sigla filiou 125.153 pessoas no mesmo período, o que representou um crescimento de
29,8% no número de filiados.
Ambas fazem parte da estratégia do partido de melhorar seu
desempenho eleitoral nas pequenas cidades (onde historicamente
enfrenta dificuldades) e eleger um
maior número de prefeitos e vereadores nas eleições de 2004. Para lançar candidatos petistas nesses municípios, eles terão que ter
se filiado até o dia 3 deste mês, e o
partido terá que estar organizado
na localidade no momento de escolher os que vão concorrer.
Dois grupos contribuíram para
o crescimento do partido, segundo secretários de Organização estaduais ouvidos pela Folha.
Ex-militantes da campanha de
Lula e de candidaturas de parlamentares petistas que moravam
em municípios sem PT foram
procurados pelas direções estaduais e incentivados a fundar a sigla nos municípios. Além deles,
muitos políticos de outros partidos, muitas vezes prefeitos e vereadores de municípios onde a legenda não estava estruturada,
mudaram de mala e cuia para o
PT. Segundo Rosival Santos, secretário de Organização em Pernambuco, esse foi o caso em 40%
das novas comissões provisórias
do partido no Estado.
O mesmo teria acontecido em
outros Estados: "Quantitativamente, eu não saberia dizer se foi
igual [a Pernambuco]. Mas isso
ocorreu, vem ocorrendo". Santos
disse que, muitas vezes, os dois fenômenos ocorreram simultaneamente, por meio da "fusão de pessoas da sociedade com figuras que
vieram de outros partidos".
Milton Pomar, integrante do
Grupo de Trabalho Eleitoral, responsável pela estratégia do PT para 2004, disse que o crescimento
em número de filiados e de diretórios dilui ideologicamente a sigla: "O processo de expansão deveria ser acompanhado de um investimento maciço em formação
política" (leia entrevista abaixo).
Para o secretário de Organização em Pernambuco, o crescimento era imperativo. "É necessário que a gente cresça de acordo
com a responsabilidade que a sociedade depositou no partido. O
PT tem a necessidade de crescer e
crescer numericamente. Como é
que se pode imaginar que a sociedade nos deu a Presidência da República e ficarmos com esse mesmo tamanho? Não tem sentido."
Nove dos dez Estados em que o
PT mais cresceu proporcionalmente em número de municípios
estão no Norte e no Nordeste,
com "grotões" antes refratários
ao partido. O Estado em que proporcionalmente o PT mais cresceu foi Roraima, governado por
Flamarion Portela (ex-PSL), que
se filiou à legenda em março.
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