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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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RUMO A 2004

Partido incorpora políticos de outras legendas e reforça sua estrutura para disputar as eleições municipais

PT se organiza em 96% dos municípios

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT "conquistou" 722 municípios entre junho e outubro deste ano. Resultado de um esforço do partido para avançar em direção aos "grotões", o número de municípios em que a sigla tem diretórios municipais ou comissões provisórias passou de 4.623 para 5.345 em quatro meses.
O PT, que em junho estava estruturado em 83,1% dos 5.565 municípios do país, hoje cobre 96% do total. O esforço por conquista de território foi simultâneo à campanha de filiações, ambos coordenados pela Secretaria de Organização do PT nacional. Conforme a Folha revelou na sexta-feira, a sigla filiou 125.153 pessoas no mesmo período, o que representou um crescimento de 29,8% no número de filiados.
Ambas fazem parte da estratégia do partido de melhorar seu desempenho eleitoral nas pequenas cidades (onde historicamente enfrenta dificuldades) e eleger um maior número de prefeitos e vereadores nas eleições de 2004. Para lançar candidatos petistas nesses municípios, eles terão que ter se filiado até o dia 3 deste mês, e o partido terá que estar organizado na localidade no momento de escolher os que vão concorrer.
Dois grupos contribuíram para o crescimento do partido, segundo secretários de Organização estaduais ouvidos pela Folha.
Ex-militantes da campanha de Lula e de candidaturas de parlamentares petistas que moravam em municípios sem PT foram procurados pelas direções estaduais e incentivados a fundar a sigla nos municípios. Além deles, muitos políticos de outros partidos, muitas vezes prefeitos e vereadores de municípios onde a legenda não estava estruturada, mudaram de mala e cuia para o PT. Segundo Rosival Santos, secretário de Organização em Pernambuco, esse foi o caso em 40% das novas comissões provisórias do partido no Estado.
O mesmo teria acontecido em outros Estados: "Quantitativamente, eu não saberia dizer se foi igual [a Pernambuco]. Mas isso ocorreu, vem ocorrendo". Santos disse que, muitas vezes, os dois fenômenos ocorreram simultaneamente, por meio da "fusão de pessoas da sociedade com figuras que vieram de outros partidos".
Milton Pomar, integrante do Grupo de Trabalho Eleitoral, responsável pela estratégia do PT para 2004, disse que o crescimento em número de filiados e de diretórios dilui ideologicamente a sigla: "O processo de expansão deveria ser acompanhado de um investimento maciço em formação política" (leia entrevista abaixo).
Para o secretário de Organização em Pernambuco, o crescimento era imperativo. "É necessário que a gente cresça de acordo com a responsabilidade que a sociedade depositou no partido. O PT tem a necessidade de crescer e crescer numericamente. Como é que se pode imaginar que a sociedade nos deu a Presidência da República e ficarmos com esse mesmo tamanho? Não tem sentido."
Nove dos dez Estados em que o PT mais cresceu proporcionalmente em número de municípios estão no Norte e no Nordeste, com "grotões" antes refratários ao partido. O Estado em que proporcionalmente o PT mais cresceu foi Roraima, governado por Flamarion Portela (ex-PSL), que se filiou à legenda em março.



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