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Painel
Renata Lo Prete - painel@uol.com.br
Superdosagem
Não foi de improviso que Geraldo Alckmin declarou, em entrevista a uma emissora de rádio, que, se
eleito, transformará o Bolsa Família em lei. Desde o
início do segundo turno, assessores vêm alertando o
candidato para a necessidade de encontrar um antídoto ao discurso da campanha adversária, que, além
de atribuir ao tucano uma fúria privatista, sugere que
ele pretende reduzir as compensações sociais oferecidas pelo governo Lula. Segundo um conselheiro de
Alckmin para essa matéria, repetir que o Bolsa Família será mantido ou mesmo ampliado não basta, dado
o volume de propaganda em contrário feita pelo PT.
Daí a idéia de propor que "essa política seja uma lei,
para não ter ligação com questão eleitoral".
Fator Maggi 1. A equipe
de Lula quer Blairo Maggi
(PPS) no papel que deveria ter
sido ocupado no primeiro turno por Roberto Rodrigues. O
ex-ministro da Agricultura
acabou deixando o governo,
entre outros motivos, porque
não queria fazer campanha.
Fator Maggi 2. Para reaproximar o presidente dos
produtores rurais, o governador reeleito de Mato Grosso
cumprirá agenda intensa no
Sul e no Centro-Oeste. Comandará ainda um grande
evento de campanha voltado
para o setor agrícola, a ser
marcado na semana que vem.
Sul maravilha. Manuela
D'Ávila (PC do B), campeã de
votos no Rio Grande do Sul e
nova musa da Câmara, participou anteontem de reunião
da coordenação de campanha
de Lula na casa da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil).
Foi destacada para comandar
eventos voltados aos jovens.
Voz do povo. A equipe de
Lula sugeriu ao SBT e à TV
Record a inclusão de perguntas de eleitores nos debates
programados para o segundo
turno. "É preciso dar um caráter popular aos programas",
justifica Francisco Campos,
representante do PT nas discussões com as emissoras.
Axé. A primeira reunião da
bancada federal do PT pós-eleições foi marcada pelo contraste entre o baixo-astral dos
paulistas e a alegria dos baianos. Walter Pinheiro, candidato petista mais votado do
país, "flutuava", segundo a
descrição dos presentes.
Mão na massa. O discurso petista de que é preciso
"barrar a volta da privataria"
reanimou os movimentos sociais, que já fizeram reuniões
de campanha em quase todos
os Estados só na primeira semana pós-primeiro turno.
Sem acordo. Presidente
do PFL, Jorge Bornhausen
trabalha para tentar construir
um armistício entre Alckmin
e o prefeito Cesar Maia. Nas
palavras de quem acompanha
as conversas, "está difícil".
Congestionado. A coordenação de campanha de Lula
pré-agendou uma visita sua
ao Rio Grande do Sul no dia
21, a uma semana do segundo
turno. Na mesma data, Yeda
Crusius, candidata tucana no
Estado, aguarda Alckmin para
comício em Porto Alegre.
Pop. Yeda virou queridinha
da campanha alckmista. "A
Yeda é show!", não se cansam
de repetir os caciques, empolgados com o favoritismo no
Rio Grande do Sul, Estado onde o PSDB sempre foi fraco.
Salada 1. Três deputados
federais eleitos pelo PMDB
paranaense montaram um
comitê Alckmin-Requião em
Curitiba. Em Londrina, o
PSDB local, aliado de Osmar
Dias (PDT), pediu a apreensão de um jornal apócrifo que
anunciava em sua manchete:
"Requião é Alckmin".
Salada 2. Na reunião marcada para segunda-feira, em
que formalizará o apoio à candidatura do PDT ao governo
estadual, o PSDB do Paraná
baixará resolução proibindo
os seis deputados estaduais
tucanos pró-Requião de aparecerem nos programas de TV
ou fazerem campanha para o
governador peemedebista.
Tiroteio
"Por mais que Alckmin tente desmentir seu
auxiliar, o corte de gastos está no DNA tucano. O
candidato tem boca de jacaré, dente de jacaré,
rabo de jacaré e diz que é um gatinho."
Do líder do governo na Câmara, ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP), sobre a
proposta do economista Yoshiaki Nakano, depois descartada pelo candidato do PSDB, de cortar despesas do governo na ordem de 3% do PIB.
Contraponto
Outros tempos
O eclético palanque de Lula abrigava, na terça-feira em
São Paulo, o cantor e vereador Agnaldo Timóteo (PL).
-Presidente, a exemplo de milhões de brasileiros, por
covarde preconceito, não votei no senhor. Não queria
aceitar que um retirante nordestino, semi-alfabetizado,
estava preparado para governar- dizia Timóteo.
Em seguida, ele despejou uma cascata de elogios sobre o
petista, que logo depois assumiu o microfone:
-Não conheço Agnaldo Timóteo de agora. Em 1979, numa intervenção do sindicato, ele estava lá- disse o presidente, que, de leve, cutucou o neoaliado:
-Ele era bem mais jovem e seus discos faziam sucesso!
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