São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Superdosagem

Não foi de improviso que Geraldo Alckmin declarou, em entrevista a uma emissora de rádio, que, se eleito, transformará o Bolsa Família em lei. Desde o início do segundo turno, assessores vêm alertando o candidato para a necessidade de encontrar um antídoto ao discurso da campanha adversária, que, além de atribuir ao tucano uma fúria privatista, sugere que ele pretende reduzir as compensações sociais oferecidas pelo governo Lula. Segundo um conselheiro de Alckmin para essa matéria, repetir que o Bolsa Família será mantido ou mesmo ampliado não basta, dado o volume de propaganda em contrário feita pelo PT. Daí a idéia de propor que "essa política seja uma lei, para não ter ligação com questão eleitoral".

Fator Maggi 1. A equipe de Lula quer Blairo Maggi (PPS) no papel que deveria ter sido ocupado no primeiro turno por Roberto Rodrigues. O ex-ministro da Agricultura acabou deixando o governo, entre outros motivos, porque não queria fazer campanha.

Fator Maggi 2. Para reaproximar o presidente dos produtores rurais, o governador reeleito de Mato Grosso cumprirá agenda intensa no Sul e no Centro-Oeste. Comandará ainda um grande evento de campanha voltado para o setor agrícola, a ser marcado na semana que vem.

Sul maravilha. Manuela D'Ávila (PC do B), campeã de votos no Rio Grande do Sul e nova musa da Câmara, participou anteontem de reunião da coordenação de campanha de Lula na casa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Foi destacada para comandar eventos voltados aos jovens.

Voz do povo. A equipe de Lula sugeriu ao SBT e à TV Record a inclusão de perguntas de eleitores nos debates programados para o segundo turno. "É preciso dar um caráter popular aos programas", justifica Francisco Campos, representante do PT nas discussões com as emissoras.

Axé. A primeira reunião da bancada federal do PT pós-eleições foi marcada pelo contraste entre o baixo-astral dos paulistas e a alegria dos baianos. Walter Pinheiro, candidato petista mais votado do país, "flutuava", segundo a descrição dos presentes.

Mão na massa. O discurso petista de que é preciso "barrar a volta da privataria" reanimou os movimentos sociais, que já fizeram reuniões de campanha em quase todos os Estados só na primeira semana pós-primeiro turno.

Sem acordo. Presidente do PFL, Jorge Bornhausen trabalha para tentar construir um armistício entre Alckmin e o prefeito Cesar Maia. Nas palavras de quem acompanha as conversas, "está difícil".

Congestionado. A coordenação de campanha de Lula pré-agendou uma visita sua ao Rio Grande do Sul no dia 21, a uma semana do segundo turno. Na mesma data, Yeda Crusius, candidata tucana no Estado, aguarda Alckmin para comício em Porto Alegre.

Pop. Yeda virou queridinha da campanha alckmista. "A Yeda é show!", não se cansam de repetir os caciques, empolgados com o favoritismo no Rio Grande do Sul, Estado onde o PSDB sempre foi fraco.

Salada 1. Três deputados federais eleitos pelo PMDB paranaense montaram um comitê Alckmin-Requião em Curitiba. Em Londrina, o PSDB local, aliado de Osmar Dias (PDT), pediu a apreensão de um jornal apócrifo que anunciava em sua manchete: "Requião é Alckmin".

Salada 2. Na reunião marcada para segunda-feira, em que formalizará o apoio à candidatura do PDT ao governo estadual, o PSDB do Paraná baixará resolução proibindo os seis deputados estaduais tucanos pró-Requião de aparecerem nos programas de TV ou fazerem campanha para o governador peemedebista.

Tiroteio

"Por mais que Alckmin tente desmentir seu auxiliar, o corte de gastos está no DNA tucano. O candidato tem boca de jacaré, dente de jacaré, rabo de jacaré e diz que é um gatinho."
Do líder do governo na Câmara, ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP), sobre a proposta do economista Yoshiaki Nakano, depois descartada pelo candidato do PSDB, de cortar despesas do governo na ordem de 3% do PIB.

Contraponto

Outros tempos

O eclético palanque de Lula abrigava, na terça-feira em São Paulo, o cantor e vereador Agnaldo Timóteo (PL).
-Presidente, a exemplo de milhões de brasileiros, por covarde preconceito, não votei no senhor. Não queria aceitar que um retirante nordestino, semi-alfabetizado, estava preparado para governar- dizia Timóteo.
Em seguida, ele despejou uma cascata de elogios sobre o petista, que logo depois assumiu o microfone:
-Não conheço Agnaldo Timóteo de agora. Em 1979, numa intervenção do sindicato, ele estava lá- disse o presidente, que, de leve, cutucou o neoaliado:
-Ele era bem mais jovem e seus discos faziam sucesso!


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