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Campanha de Lula ataca a família de Alckmin e recua
Partido cita mulher e filha de adversário em boletim e depois pede desculpas
Presidente abre propaganda eleitoral dizendo que não
desejava "baixaria"; Marco Aurélio Garcia afirma que ataque foi "inapropriado"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva abriu
sua propaganda eleitoral dizendo que não desejava "baixaria",
os sites na internet do PT e de
sua campanha divulgaram um
boletim com ataques a familiares do tucano Geraldo Alckmin.
No final da tarde de ontem, o
PT pediu desculpas em nota assinada pelo presidente da legenda e coordenador da campanha, Marco Aurélio Garcia.
Retirado do ar por ordem de
auxiliares de Lula, o texto "O
telhado de vidro de Alckmin"
atacava Sofia e Lu Alckmin, respectivamente a filha e a mulher
do tucano. O boletim criticava
ainda veículos de comunicação
e acusava o tucano de "hipocrisia e moralismo de ocasião".
"Alckmin não deveria colocar o debate neste nível [sobre
saber ou não de irregularidades]. Afinal, alguém poderia
perguntar se ele sabia que sua
filha era funcionária de uma
empresa acusada de contrabando, a Daslu, ou se tinha conhecimento [de] que sua esposa ganhou de presente 400 vestidinhos chiques", diz o texto.
Em 2005, a PF prendeu a dona
da Daslu sob acusação de evasão de divisas e contrabando.
O texto foi retirado do site da
campanha às 12h40 por determinação de um auxiliar do presidente, que falou com Garcia.
Às 15h49, o site do PT reproduziu o texto, que seria retirado
meia hora depois por orientação do presidente do PT.
Responsável pela área de internet da campanha e secretário de Relações Internacionais
do PT, Valter Pomar disse que
foi o autor do boletim. "Eu passei da mão. O Lula não aprovou
a referência aos familiares e
elas foram retiradas. O texto
deverá voltar a ser divulgado
sem essas menções", disse.
Por determinação de Lula,
Pomar redigiu nota assinada
por Garcia e que foi divulgada
às 17h39 no site do PT. Ela dizia
que o presidente, o partido e
seus aliados consideravam "totalmente inadequado, inapropriado e lamentável lançar mão
de ataques pessoais envolvendo os candidatos ou suas famílias". A nota afirmou que Lula
sofrera ataques semelhantes
em campanhas passadas. "Exatamente por isso, consideramos incorretas e nos desculpamos publicamente pelas referências feitas -em um boletim
da campanha- a familiares do
candidato da oposição."
Segundo relato de auxiliares
diretos à Folha, Lula ficou contrariado quando soube do episódio por volta das 13h e deu
ordem para que as informações
do site de sua campanha passem pelo controle prévio do
marqueteiro João Santana.
Na avaliação de Lula, ataques
desse tipo poderiam colocar
em risco a sua reeleição, pois
vitimizariam Alckmin e poderiam resultar num contra-ataque à sua família. Lula teme
que o PSDB lance suspeitas sobre a empresa de um filho seu,
Fábio Luiz, que recebeu da Telemar um aporte de recursos
no valor de R$ 10 milhões.
No debate da TV Bandeirantes no último domingo, apesar
do tom agressivo do evento, o
petista e o tucano deixaram os
parentes fora da disputa.
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