São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / APOIO NOS ESTADOS

PPS quer expulsão de governador pró-Lula

Reeleito, Blairo Maggi declarou apoio a Lula em troca da liberação de cerca de R$ 1 bi para o MT; o PT nega a barganha


Nota traz que Maggi trocou de lado "por espúrias razões eleitorais, por meio de mecanismos típicos do partido ao qual aderiu, o PT"

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, criticou ontem, por meio de uma nota, a declaração de apoio de Blairo Maggi (PPS-MT) a Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que o governador jogou fora sua biografia "ao trocar de lado por espúrias razões eleitorais". Freire também sugeriu que Maggi peça a desfiliação do partido.
O PPS apóia a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. Anteontem, após passar o dia reunido com integrantes do governo federal em Brasília, Maggi, conhecido no Estado como o "rei da soja", declarou apoio a Lula em troca da promessa do Palácio do Planalto de criar mecanismo para desburocratizar a liberação de recursos públicos para produtores rurais.
Segundo o governador de Mato Grosso, dos R$ 3 bilhões que o Tesouro colocou à disposição dos produtores rurais de todo o país no início do ano, cerca de R$ 1 bilhão poderá beneficiar fazendeiros do Estado. Maior produtor de soja do país, o governador mato-grossense, em tese, pode ser um dos beneficiados pela promessa de novos mecanismos para a liberação de recursos à agricultura.
"O PPS lamenta que o governador reeleito Blairo Maggi, que teve uma relação decente até esta eleição com o partido e que conta com uma boa avaliação em Mato Grosso, tenha jogado fora sua biografia ao trocar de lado por espúrias razões eleitorais, por meio de mecanismos típicos do partido ao qual aderiu, o PT", afirma o texto assinado por Freire.
"Blairo, que na pré-campanha se declarara publicamente eleitor de Geraldo Alckmin e se mantivera neutro no primeiro turno, abandonou suas convicções após receber proposta de repasse de dinheiro do governo, atitude que repudiamos", prossegue a nota do presidente nacional do PPS.
Presidente do PT e coordenador da campanha de Lula à reeleição, Marco Aurélio Garcia negou que o apoio de Maggi a Lula tenha vinculação direta com as promessas do governo aos fazendeiros. Segundo Garcia, a decisão do governador de Mato Grosso deve ser respeitada politicamente.
Ao apoiar Lula, Maggi atuará como uma espécie de interlocutor da campanha petista com setores ruralistas, que, por conta das seguidas crises no campo nos últimos anos, ampliaram sua rejeição ao presidente. Em Mato Grosso, Lula teve 38% dos votos no primeiro turno, e Alckmin 54%.
Maggi já sinalizava sua saída do PPS. Disse que enviaria duas cartas a Freire -uma pedindo licença e outra, a desfiliação.


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