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ELEIÇÕES 2006 / APOIO NOS ESTADOS
PPS quer expulsão de governador pró-Lula
Reeleito, Blairo Maggi declarou apoio a Lula em troca da liberação de cerca de R$ 1 bi para o MT; o PT nega a barganha
Nota traz que Maggi trocou
de lado "por espúrias razões
eleitorais, por meio de
mecanismos típicos do
partido ao qual aderiu, o PT"
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do
PPS, Roberto Freire, criticou
ontem, por meio de uma nota, a
declaração de apoio de Blairo
Maggi (PPS-MT) a Luiz Inácio
Lula da Silva dizendo que o governador jogou fora sua biografia "ao trocar de lado por espúrias razões eleitorais". Freire
também sugeriu que Maggi peça a desfiliação do partido.
O PPS apóia a candidatura do
tucano Geraldo Alckmin. Anteontem, após passar o dia reunido com integrantes do governo federal em Brasília, Maggi,
conhecido no Estado como o
"rei da soja", declarou apoio a
Lula em troca da promessa do
Palácio do Planalto de criar mecanismo para desburocratizar a
liberação de recursos públicos
para produtores rurais.
Segundo o governador de
Mato Grosso, dos R$ 3 bilhões
que o Tesouro colocou à disposição dos produtores rurais de
todo o país no início do ano,
cerca de R$ 1 bilhão poderá beneficiar fazendeiros do Estado.
Maior produtor de soja do país,
o governador mato-grossense,
em tese, pode ser um dos beneficiados pela promessa de novos mecanismos para a liberação de recursos à agricultura.
"O PPS lamenta que o governador reeleito Blairo Maggi,
que teve uma relação decente
até esta eleição com o partido e
que conta com uma boa avaliação em Mato Grosso, tenha jogado fora sua biografia ao trocar de lado por espúrias razões
eleitorais, por meio de mecanismos típicos do partido ao
qual aderiu, o PT", afirma o texto assinado por Freire.
"Blairo, que na pré-campanha se declarara publicamente
eleitor de Geraldo Alckmin e se
mantivera neutro no primeiro
turno, abandonou suas convicções após receber proposta de
repasse de dinheiro do governo, atitude que repudiamos",
prossegue a nota do presidente
nacional do PPS.
Presidente do PT e coordenador da campanha de Lula à
reeleição, Marco Aurélio Garcia negou que o apoio de Maggi
a Lula tenha vinculação direta
com as promessas do governo
aos fazendeiros. Segundo Garcia, a decisão do governador de
Mato Grosso deve ser respeitada politicamente.
Ao apoiar Lula, Maggi atuará
como uma espécie de interlocutor da campanha petista com
setores ruralistas, que, por conta das seguidas crises no campo
nos últimos anos, ampliaram
sua rejeição ao presidente. Em
Mato Grosso, Lula teve 38%
dos votos no primeiro turno, e
Alckmin 54%.
Maggi já sinalizava sua saída
do PPS. Disse que enviaria duas
cartas a Freire -uma pedindo
licença e outra, a desfiliação.
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