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ELEIÇÕES 2006/ BALANÇO
Graças ao Norte, Câmara terá recorde de mulheres
Sem região, participação feminina entre os deputados cairia em relação a 2002
Mesmo sendo a única região do país em que o eleitorado feminino é minoria, o Norte contribui com quase 30% das 46 deputadas eleitas
LUÍS FERRARI
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Elas são da única região do
país em que o eleitorado feminino não é maioria. Mas, se não
fossem elas, a representação
das mulheres na Câmara dos
Deputados, já bastante pobre,
sofreria um recuo e não bateria
seu recorde histórico.
Enquanto as colegas do resto
do país viram suas participações recuarem, diminuírem ou
apresentarem crescimento pífio, as nortistas estouraram nas
urnas. Em 2002, oito delas foram eleitas. Agora, foram 13.
O crescimento de 62,5% ganha ares de estratosférico
quando comparado com o resto
do país. Sem o Norte, a bancada
feminina ficaria menor -as outras quatro regiões elegeram 33
deputadas, uma a menos do
que há quatro anos.
Com o estouro nortista, 46
mulheres foram eleitas (isso
sem contar os recursos no TSE,
que podem alterar alguns resultados), recorde histórico -o
anterior era de 2002 (42).
Numa região em que a renda
e as oportunidades profissionais para as mulheres não se
comparam às do Sul e do Sudeste, a bancada feminina no
Norte tem um tamanho mais
próximo da Europa do que no
resto do Brasil. A participação
feminina na bancada da região
será de 20%, contra 7% das outras partes da nação.
Todos os Estados nortistas
ficam acima da média do país.
No Amapá, elas empataram
com os homens -são quatro
vagas para cada gênero, sendo
que as quatro maiores votações
foram de mulheres.
"Não se pode dispensar o
avanço das questões femininas
na Amazônia. As mulheres precisam de politicas públicas particulares, que, muitas vezes,
não partem do Executivo, em
geral ocupado por homens",
teoriza Janete Capiberibe
(PSB), a mais votada no Amapá.
No Acre e em Rondônia, o recorde de votação para a Câmara
também foi feminino.
Mas tanto no Norte como nas
outras regiões a votação não segue o tamanho da cota imposta
aos partidos. Eles devem reservar 30% das suas legendas para
as mulheres, marca difícil de
ser obtida, tanto que algumas
siglas diminuíram o número de
candidatos homens.
Para brilharem nas urnas, as
deputadas nortistas ainda precisam enfrentar um eleitorado
com perfil inédito entre as cinco regiões do país.
No Norte, 49,75% do eleitorado é feminino. No Sul, onde
apenas quatro mulheres conseguiram um lugar na Câmara, o
eleitorado feminino responde
por 51,22% dos votos. São Paulo foi outra unidade da federação em que as mulheres fizeram feio. Foram apenas três
eleitas, ou só 4,3% da bancada.
A participação feminina variou muito também entre os
partidos. Entre as agremiações
que elegeram pelo menos dez
deputados, o PC do B foi o que
mais teve as mulheres prestigiadas -foram cinco eleitas, ou
42% da bancada comunista.
Entre os quatro maiores partidos, o PSDB foi o de pior desempenho nesse ponto. Os tucanos só emplacaram três deputadas, ou meros 4,5% da bancada tucana que tomará posse
no início de 2007.
O PT foi um pouco melhor,
mas despencou em relação ao
que aconteceu na eleição passada. Em 2002, foram 12 deputadas petistas, contra 7 agora.
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