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Servidor que acusa parlamentar deve depor
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética do Senado pode ouvir o depoimento do
servidor Marcos Santi antes
mesmo de instalada a quinta
representação contra o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para investigar se ele determinou
a espionagem dos colegas.
Em depoimento à Corregedoria, em 28 de setembro, Santi
acusou Renan de usar o cargo
para manipular servidores e os
processos que responde por
quebra de decoro. Ontem, ele
disse que falou à Corregedoria
"muito pouco do que sabe".
A resolução que instituiu o
Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado prevê que
denúncias podem ser investigadas pelo órgão independentemente de representação. Segundo o parágrafo 4º, "poderá o
Conselho, independentemente
de denúncia ou representação,
promover a apuração, nos termos deste artigo, de ato ou
omissão atribuída a Senador".
"Se a Mesa Diretora demorar
para encaminhar a quinta representação posso usar esse
instrumento da resolução para
não perder o calor do depoimento do Marcos Santi", afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).
Ele já preparou requerimento para convocar o servidor.
Santi integrava a cúpula que assessorava diretamente o presidente do Senado, até pedir afastamento, em 28 de outubro, por
discordar da atuação de Renan.
A resolução permitiria ao
corregedor do Senado, Romeu
Tuma (PTB-SP), encaminhar o
assunto ao Conselho de Ética.
O senador, no entanto, remeteu o caso para a Diretoria Geral da Casa, a quem Santi é subordinado. Ontem, Tuma não
foi encontrado para comentar o
assunto. A postura do senador
foi criticada por colegas.
O senador Almeida Lima
(PMDB-SE) disse que "pode
testemunhar" que Tuma afirmou a ele que o depoimento de
Santi não tinha acusações: "Pelo menos para mim ele disse
que o depoimento não tinha
nada demais. Se agora dizem
que tem, quero ver quando chegar ao Senado segunda-feira".
"Quero conversar com ele sobre isso. Acho que todo mundo
vai cobrar isso dele", afirmou a
senadora Marisa Serrano
(PSDB-MS). Ela e Casagrande
acompanharam o depoimento
de Santi e, na ocasião, consideraram "graves" as acusações de
que Renan manipulou servidores para manobrar os processos
contra ele. "É inadmissível que
nada tenha sido feito."
Segundo o servidor, Renan
mandava deixar brechas nos
processos de cassação para que
pudessem ser contestados na
Justiça mais adiante caso resultassem na cassação do seu
mandato. Santi disse que continua disposto a dizer o que sabe
no Conselho de Ética e que, por
ter sido tratado como réu e não
como testemunha na Corregedoria, contou apenas parte do
que sabe sobre Renan.
"Falei muito pouco do que eu
sei. Aquele depoimento foi focado numa investigação sobre
os meus atos", disse.
O presidente do Conselho de
Ética, Leomar Quintanilha
(PMDB-MS), disse que vai conversar com Casagrande da conveniência de convocar Santi a
depor nas investigações da
quinta representação contra
Renan, uma vez que as denúncias dele já constam parcialmente do primeiro relatório.
"Se ele entender que deve
convidar, terá que se acertar
com o relator ou apresentar requerimento que precisa ser
aprovado pelo Conselho", disse. Procurado pela reportagem,
Renan disse, por meio da assessoria, que não iria se manifestar
sobre o assunto.
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