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Banco do Brasil vai tentar reaver prejuízo do mensalão
Entidade quer reparação judicial de danos que teriam sido causados por ex-diretor
Pizzolato isentou-se de qualquer responsabilidade individual por decisões por ele tomadas como diretor de Marketing do Banco do Brasil
SILVANA DE FREITAS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil se prepara
para tentar reparar na Justiça
prejuízos financeiros e danos à
imagem da instituição supostamente causados pelo ex-diretor
de Marketing Henrique Pizzolato durante o mensalão.
O relator do caso do mensalão no STF (Supremo Tribunal
Federal), ministro Joaquim
Barbosa, já autorizou o acesso
do BB aos autos do processo
criminal. No pedido ao STF, o
banco comunicou formalmente que cogita responsabilizar civilmente Pizzolato.
Isso significa que, indiretamente, o BB admite pela primeira vez que o dinheiro desviado da Visanet para o "valerioduto" pertencia ao banco.
Formalmente, contudo, o BB
mantém a afirmação de que o
dinheiro da Visanet é privado.
O Instituto Nacional de Criminalística constatou que a
DNA Propaganda, braço do valerioduto usado para fazer pagamentos no esquema do mensalão, apropriou-se indevidamente de pelo menos R$ 39,5
milhões de recursos do BB no
Fundo Visanet.
A principal razão para o desvio foi uma decisão tomada por
Pizzolato, em 2003, pela qual
autorizou a Visanet a repassar à
DNA, antecipadamente, dinheiro destinado a fornecedores. Assim, a DNA pôde aplicar
os recursos no mercado financeiro e obter descontos com
fornecedores, sem repassar os
ganhos para o banco. Só com os
descontos, a DNA embolsou
R$ 5,35 milhões.
É sobretudo por conta dessa
autorização que o banco pretende processá-lo. Segundo a
assessoria do BB, como Pizzolato era diretor estatutário da
instituição, ele pode ter de cobrir eventuais prejuízos ao
banco com seus bens pessoais.
No pedido ao STF, a instituição afirmou: "Há mister que o
banco tome ciência dos elementos constantes dos autos,
documentos juntados, laudos
técnicos, pareceres produzidos
pelo procurador-geral da República bem como as defesas
dos réus."
A Visanet é formada por 26
acionistas. O Fundo Visanet foi
criado para promover a bandeira dos cartões Visa no país. Cada sócio tem direito a um percentual do fundo e fica responsável pelos gastos a que tem direito. O Banco do Brasil tem
31,99% do fundo.
Somente após a análise da
documentação solicitada ao
STF, o banco decidirá se há elementos suficientes para entrar
com a ação contra o ex-diretor
da instituição.
Pizzolato é um dos 40 réus da
ação penal do mensalão. Ele
responde por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de irregularidades no pagamento de
contratos de publicidade do BB
com a DNA.
A eventual ação civil de responsabilização por prejuízos financeiros ou danos à imagem
do banco independerá da ação
penal que tramita no STF.
Pizzolato aposentou-se em
julho de 2005, logo após surgir
o escândalo do mensalão. Segundo o banco, a aposentadoria
voluntária impediu que ele fosse punido por meio de processos administrativos.
Procurado ontem pela Folha, Pizzolato isentou-se de
qualquer responsabilidade individual por decisões por ele tomadas como diretor de Marketing. "Todas as minhas decisões
sempre foram em comitês.
Nunca tomei nenhuma isoladamente, nem o banco me dava
esse poder."
Ele disse que desconhecia a
intenção do banco em processá-lo e a autorização do STF para que a instituição estude o
que foi apurado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
Federal contra ele. "Vou falar
com os advogados."
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