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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Marta e Kassab se acusam de mentirosos em debate tenso
Mais agressiva, petista ataca biografia de prefeito, que reage e liga rival ao mensalão
Marta diz que adversário tem duas facetas, a real e a da propaganda; prefeito a acusa de fazer um debate "mesquinho" e "pequeno"
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro debate do segundo turno da corrida à Prefeitura
de São Paulo, entre Gilberto
Kassab (DEM) e Marta Suplicy
(PT), foi tenso e marcado por
troca de agressões. Um candidato acusou o outro de mentir.
A ex-prefeita repetiu diversas
vezes a expressão "mentira
deslavada". Kassab recorreu ao
escândalo do mensalão para
criticar a petista.
No começo do debate, na TV
Bandeirantes, enquanto Kassab provocava a petista com
números comparativos entre
as gestões, Marta partiu para
uma estratégia mais agressiva,
responsabilizando o adversário
pela gestão do ex-prefeito Celso Pitta, que a antecedeu. Kassab disse que herdou a prefeitura "quebrada" de Marta.
Sempre que possível, Marta
repetiu que o prefeito tem duas
facetas, a real e a da propaganda. Marta leu vetos do prefeito
a projetos de lei. Ela disse ainda
que Kassab não tem imagem
própria, que "aparece travestido de tucano na propaganda",
mas que pertence ao DEM (ex-PFL), segundo ela, "um partido
em extinção", "do atraso no
Nordeste".
"Em que Kassab a população
deve acreditar? Haja visto que
são dois Kassabs: um é o prefeito que está ali com a caneta, o
outro é o Kassab que você vê na
propaganda", afirmou Marta.
No segundo bloco, Kassab
voltou a dizer que prefere debater propostas, mas atacou a petista, dizendo que Marta não falava a verdade sobre projetos
da atual gestão. Ironicamente,
o prefeito disse que "uma das
principais virtudes" de Marta
foi a criação de taxas.
Assim como Kassab já havia
feito, Marta se comprometeu a
não aumentar a passagem de
ônibus em 2009. "Eu já vi aqui
que se criou uma boataria, que
eu vou aumentar a passagem,
que eu vou fazer taxa. Eu quero
também recuperar aqui e dizer:
eu não fazer mais taxa de nada
nesta cidade. Nada", afirmou.
No terceiro bloco, o prefeito
voltou menos sorridente. Ele
pediu direito de resposta, argumentando que Marta repetia
que ele mentia. O direito foi
concedido, o que gerou protesto de Marta. "Não, não, não",
disse a candidata.
Durante o minuto de direito
de resposta, Kassab aproveitou
para citar, pela primeira vez na
campanha, o mensalão. Ele se
referiu à Mônica Valente, mulher do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, pivô do mensalão,
dizendo que ela é a "principal
assessora" de Marta. "Ela esquece de falar que companheiros seus do escândalo do dólar
na cueca estão na sua campanha. Portanto, é impressionante isso e ainda vem agredir",
disse Kassab. "A candidata
Marta faz um debate pequeno,
até mesquinho."
Marta pediu duas vezes no
bloco direito de resposta, o que
foi negado pela organização.
Segundo informou a emissora,
o comitê julgador foi previamente aprovado pelos partidos,
assim como as regras para as
decisões do comitê. A média de
audiência foi de seis pontos,
com pico de nove -cada ponto
na Grande São Paulo equivale a
56 mil domicílios.
Companhias
Federalizando o debate,
Marta se disse orgulhosa das
suas companhias, citando o
presidente Lula. Ela tentou ligar a imagem de Kassab a Pitta
e Paulo Maluf. "Acho que é importante você saber com quem
você anda. Eu ando com o Lula
e você anda com Maluf e com o
Pitta. Por que tem vergonha deles?", indagou a petista.
Kassab respondeu que,
quando foi secretário de Planejamento de Pitta, tinha como
função fazer o plano diretor e
um de seus principais assessores era Jorge Wilheim, ex-secretário de Marta e que coordena hoje o programa de governo
do PT. Kassab argumentou que
Paulo Maluf faz parte da base
aliada de Lula e que em 2004
apoiou Marta. "O eleitor é bem
informado e sabe que me arrependi e me afastei do Pitta."
O prefeito disse ter "muito
orgulho" das suas companhias,
citando o governador José Serra (PSDB) e secretários municipais tucanos, como Andrea Matarazzo (Subprefeituras), Clóvis Carvalho (Governo) e Januário Montone (Saúde).
Kassab e Marta debateram o
déficit de vagas nas creches. A
petista chegou a citar o tucano
Geraldo Alckmin, que no primeiro turno usou o dado de 110
mil crianças fora das creches.
Marta disse que foi visitar o
CEU de Vila Formosa, "um terreno com terraplanagem". "Um
é o Kassab real que fez 14 CEUs
e o outro é o da propaganda,
que diz que vai entregar 25
CEUs", repetiu a candidata.
Kassab disse que responderia como "prefeito e como engenheiro" e garantiu que as
obras serão entregues em fevereiro. De volta ao estilo "paz e
amor", Kassab terminou o debate como havia começado, falando da parceria com Serra.
Marta pediu a quem não votou nela que reconsidere.
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