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comentário
Marta acua Kassab, mas ele resiste
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
A volta da propaganda
eleitoral e depois a transmissão do primeiro debate
no segundo turno mostraram Marta Suplicy, dias
depois da pesquisa Datafolha, em modo de ataque.
Com poucas semanas
para tirar a vantagem de
Gilberto Kassab, a campanha petista lançou comerciais com ameaças veladas
que poderiam abalar a
performance do prefeito
no debate -e chegou ao
programa da Band com
uma estratégia fechada
para usar em bate-estaca.
Nos primeiros blocos,
Marta repisou que o adversário não é um só, mas
dois, supostamente contraditórios, como já havia
insinuado -sem sucesso-
Geraldo Alckmin nos seus
comerciais. Desta vez, haveria um "Kassab real" em
contraste com outro,
aquele "da propaganda".
Com os comerciais e os
primeiros ataques já no
programa, ela acuou o prefeito, político de pouca experiência eleitoral. Ele
atravessou metade do programa em tensão e buscando encontrar uma maneira de rebater o tom
agressivo da ex-prefeita.
Kassab perdeu-se e só
foi começar a reagir após
ouvir assessores -e sair
dizendo "qual é a Marta?"
e "quem vê ela se manifestar pensa que não foi prefeita", para zerar o jogo.
Boris Casoy, o âncora
que abriu o programa com
um equívoco cômico, falando em "dona Marta",
sublinhou no final que a
tensão de ambos fez com
que ele praticamente se
ausentasse do conflito.
As regras previam que
mediasse os tempos, mas
ele mal precisou cortar. Os
dois se importavam pouco
em gastar o tempo, como
no primeiro turno, e saíam
de imediato a dar o golpe
-ou responder com outro.
A certa altura, após Kassab acertar sua estratégia
de resposta, eles passaram
a se acusar mutuamente
de "mentir" -o que levou
"juristas", no dizer cômico
da Band, a dar direito de
resposta ao prefeito e depois negá-lo à ex-prefeita.
Junto às perguntas diferenciadas para ambos, da
parte dos jornalistas do canal, a intervenção levantou a sombra de favorecimento, que acabou por se
expor na transmissão, em
reações dos candidatos e
das respectivas claques.
O que resultou das intervenções da Band, porém, não foi tanto a desigualdade de tratamento,
mas o corte na tensão do
programa. Marta esmoreceu, Kassab se equilibrou e
o debate perdeu conflito,
para fechar modorrento.
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