São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2008

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comentário

Marta acua Kassab, mas ele resiste

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

A volta da propaganda eleitoral e depois a transmissão do primeiro debate no segundo turno mostraram Marta Suplicy, dias depois da pesquisa Datafolha, em modo de ataque.
Com poucas semanas para tirar a vantagem de Gilberto Kassab, a campanha petista lançou comerciais com ameaças veladas que poderiam abalar a performance do prefeito no debate -e chegou ao programa da Band com uma estratégia fechada para usar em bate-estaca.
Nos primeiros blocos, Marta repisou que o adversário não é um só, mas dois, supostamente contraditórios, como já havia insinuado -sem sucesso- Geraldo Alckmin nos seus comerciais. Desta vez, haveria um "Kassab real" em contraste com outro, aquele "da propaganda".
Com os comerciais e os primeiros ataques já no programa, ela acuou o prefeito, político de pouca experiência eleitoral. Ele atravessou metade do programa em tensão e buscando encontrar uma maneira de rebater o tom agressivo da ex-prefeita.
Kassab perdeu-se e só foi começar a reagir após ouvir assessores -e sair dizendo "qual é a Marta?" e "quem vê ela se manifestar pensa que não foi prefeita", para zerar o jogo.
Boris Casoy, o âncora que abriu o programa com um equívoco cômico, falando em "dona Marta", sublinhou no final que a tensão de ambos fez com que ele praticamente se ausentasse do conflito.
As regras previam que mediasse os tempos, mas ele mal precisou cortar. Os dois se importavam pouco em gastar o tempo, como no primeiro turno, e saíam de imediato a dar o golpe -ou responder com outro.
A certa altura, após Kassab acertar sua estratégia de resposta, eles passaram a se acusar mutuamente de "mentir" -o que levou "juristas", no dizer cômico da Band, a dar direito de resposta ao prefeito e depois negá-lo à ex-prefeita.
Junto às perguntas diferenciadas para ambos, da parte dos jornalistas do canal, a intervenção levantou a sombra de favorecimento, que acabou por se expor na transmissão, em reações dos candidatos e das respectivas claques.
O que resultou das intervenções da Band, porém, não foi tanto a desigualdade de tratamento, mas o corte na tensão do programa. Marta esmoreceu, Kassab se equilibrou e o debate perdeu conflito, para fechar modorrento.


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