São Paulo, terça-feira, 13 de outubro de 2009

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Dilma articula união de rivais para formar palanque no PR

Acordo tenta colocar na mesma chapa PMDB de Requião e PDT de Osmar Dias

Dias seria candidato ao governo e Requião, ao Senado; em 2006, os dois se enfrentaram na disputa pelo cargo de governador

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) está à frente de uma articulação polêmica para formar um palanque amplo no Paraná em apoio a sua eventual candidatura à Presidência da República em 2010.
Escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como a pré-candidata do PT à sua sucessão, Dilma trabalha para unir na mesma chapa o governador Roberto Requião (PMDB) e seu principal desafeto político, o senador Osmar Dias (PDT), derrotado pelo peemedebista na disputa pelo governo do Paraná em 2006.
Nessa composição, Dias seria candidato à sucessão de Requião, que disputaria uma cadeira no Senado ao lado de um nome do PT: Gleisi Hoffmann, mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento).
O nome de Osmar Dias despertou o interesse dos petistas após o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), até então aliado do pedetista, ter colocado seu nome à disposição do PSDB na disputa pelo governo. O senador Álvaro Dias (PSDB) também disputa a indicação.
Requião passou a demonstrar descontentamento com a proximidade entre petistas e o grupo de Osmar Dias. A ministra da Casa Civil tenta contornar o desconforto quando cumpre agenda no Paraná.
Dilma tem elogiado Requião em eventos públicos. Em recente visita ao Estado, confirmou que as conversas com o PDT estão em andamento e que o objetivo é não deixar Requião de fora.
Neste ano, Requião readmitiu trabalhadores do setor de agricultura demitidos por Osmar Dias, que ocupou a Emater (empresa estadual de pesquisa agropecuária) e a Secretaria da Agricultura nos anos 1980. Parte deles teve ou tem ligação com o PT-PR. Nenhum dos lados viu motivação política.
Outro obstáculo a superar é a determinação de Requião em defender a candidatura ao governo do atual vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB).
Em encontros do partido pelo Estado, o nome de Pessuti está sendo lançado como pré-candidato, condição que o vice já aceitou. Assessores de Requião dão como certo o apoio do governador a Dilma, mas dizem que o palanque da ministra no Paraná é o de Pessuti.
Um assessor direto de Requião, que pediu para não ser identificado, disse que a candidatura de Osmar Dias representa a possibilidade de volta da "velha política de privilégios à elite" e que, por isso, a ministra deve apoiar Pessuti, parte de um governo que "conquistou avanços na área social".
Osmar Dias rebate a pecha de elitista. "Falar em ideologia no discurso é bonito, quero ver na prática." O senador disse que uma eventual coligação com o PT não deve ser usada apenas para garantir palanque forte para Dilma. Para ele, o acordo deve se consolidar mediante demonstrações práticas de apoio à sua futura candidatura, como propostas para o futuro plano de governo.

Disputa
Pesquisa Datafolha de março deste ano apontou que a disputa pelo governo está polarizada entre PDT e PSDB. Os pré-candidatos tucanos Beto Richa e Álvaro Dias, testados em pesquisas diferentes, lideram com 39% das intenções de voto, contra 31% de Osmar Dias. O vice-governador Orlando Pessuti tem 7%.
Para a presidente do PT-PR, Gleisi Hoffmann, se a polarização entre PSDB e PDT for mantida, a necessidade de aliança em torno do nome de Osmar Dias deve ajudar a convencer o setor de Requião a aderir ao palanque único para Dilma.
Para o ministro Paulo Bernardo, as alianças só poderão ser consolidadas após as eventuais renúncias de Requião e Richa para lançamento de candidaturas. "Ninguém vai resolver nada antes de março."


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