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Dilma articula união de rivais para formar palanque no PR
Acordo tenta colocar na mesma chapa PMDB de Requião e PDT de Osmar Dias
Dias seria candidato ao governo e Requião, ao Senado; em 2006, os dois se enfrentaram na disputa pelo cargo de governador
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) está à frente de
uma articulação polêmica para
formar um palanque amplo no
Paraná em apoio a sua eventual
candidatura à Presidência da
República em 2010.
Escolhida pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva como
a pré-candidata do PT à sua sucessão, Dilma trabalha para
unir na mesma chapa o governador Roberto Requião
(PMDB) e seu principal desafeto político, o senador Osmar
Dias (PDT), derrotado pelo
peemedebista na disputa pelo
governo do Paraná em 2006.
Nessa composição, Dias seria
candidato à sucessão de Requião, que disputaria uma cadeira no Senado ao lado de um
nome do PT: Gleisi Hoffmann,
mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento).
O nome de Osmar Dias despertou o interesse dos petistas
após o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), até então aliado do pedetista, ter colocado
seu nome à disposição do PSDB
na disputa pelo governo. O senador Álvaro Dias (PSDB) também disputa a indicação.
Requião passou a demonstrar descontentamento com a
proximidade entre petistas e o
grupo de Osmar Dias. A ministra da Casa Civil tenta contornar o desconforto quando cumpre agenda no Paraná.
Dilma tem elogiado Requião
em eventos públicos. Em recente visita ao Estado, confirmou que as conversas com o
PDT estão em andamento e
que o objetivo é não deixar Requião de fora.
Neste ano, Requião readmitiu trabalhadores do setor de
agricultura demitidos por Osmar Dias, que ocupou a Emater
(empresa estadual de pesquisa
agropecuária) e a Secretaria da
Agricultura nos anos 1980. Parte deles teve ou tem ligação
com o PT-PR. Nenhum dos lados viu motivação política.
Outro obstáculo a superar é a
determinação de Requião em
defender a candidatura ao governo do atual vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB).
Em encontros do partido pelo Estado, o nome de Pessuti
está sendo lançado como pré-candidato, condição que o vice
já aceitou. Assessores de Requião dão como certo o apoio
do governador a Dilma, mas dizem que o palanque da ministra no Paraná é o de Pessuti.
Um assessor direto de Requião, que pediu para não ser
identificado, disse que a candidatura de Osmar Dias representa a possibilidade de volta
da "velha política de privilégios
à elite" e que, por isso, a ministra deve apoiar Pessuti, parte
de um governo que "conquistou avanços na área social".
Osmar Dias rebate a pecha de
elitista. "Falar em ideologia no
discurso é bonito, quero ver na
prática." O senador disse que
uma eventual coligação com o
PT não deve ser usada apenas
para garantir palanque forte
para Dilma. Para ele, o acordo
deve se consolidar mediante
demonstrações práticas de
apoio à sua futura candidatura,
como propostas para o futuro
plano de governo.
Disputa
Pesquisa Datafolha de março
deste ano apontou que a disputa pelo governo está polarizada
entre PDT e PSDB. Os pré-candidatos tucanos Beto Richa e
Álvaro Dias, testados em pesquisas diferentes, lideram com
39% das intenções de voto,
contra 31% de Osmar Dias. O
vice-governador Orlando Pessuti tem 7%.
Para a presidente do PT-PR,
Gleisi Hoffmann, se a polarização entre PSDB e PDT for mantida, a necessidade de aliança
em torno do nome de Osmar
Dias deve ajudar a convencer o
setor de Requião a aderir ao palanque único para Dilma.
Para o ministro Paulo Bernardo, as alianças só poderão
ser consolidadas após as eventuais renúncias de Requião e
Richa para lançamento de candidaturas. "Ninguém vai resolver nada antes de março."
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