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BASTIDORES
Sem opção, PT fica com sexto da lista
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ex-presidente mundial do
BankBoston, Henrique Meirelles
foi a sexta opção do presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e
do futuro ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, para a presidência do Banco Central. O deputado federal e senador eleito,
Aloizio Mercadante (PT-SP), foi
um dos principais padrinhos da
indicação no partido.
Antes de optar por Meirelles, o
PT ouviu duas recusas a convites
feitos para o cargo. Outros três
nomes sondados afastaram a possibilidade de dizer sim a um eventual convite do partido.
Recusaram convites Fábio Barbosa, presidente do Banco ABN-Amro, e Pedro Bodin, presidente
do Banco Icatu. Bodin era o preferido de Antonio Palocci.
Os três sondados que foram refratários são: Murilo Portugal, representante do Brasil no FMI
(Fundo Monetário Internacional), Jair Ribeiro, ex-JP Morgan, e
José Júlio Senna, sócio-diretor da
MCM Consultoria.
Escolha em Washington
A pressão do mercado para conhecer o comandante do BC reforçou o cacife de Meirelles, especialmente depois de Portugal ter
recusado no início da semana
sondagem para ocupar o posto.
Alegou problemas de saúde.
Em conversas com Mercadante
e Palocci, que acompanhavam
Lula nos Estados Unidos, o presidente eleito optou, então, por
Meirelles, que, numa decisão de
última hora, acompanhou o futuro ministro da Fazenda anteontem em um encontro com banqueiros em Nova York.
As dificuldades do PT para encontrar um presidente do Banco
Central começaram já na campanha, na virada do primeiro para o
segundo turno. Àquela altura,
quando havia chance de Lula vencer na primeira rodada, cresceu a
cotação de Fábio Barbosa, presidente do Banco ABN-Amro.
Barbosa, porém, alegou que
preferia ajudar de fora. Começava
a ficar evidente nessa recusa o temor de profissionais bem remunerados da iniciativa privada em
assumir uma tarefa cheia de espinhos: baixo salário em comparação com seus empregos, temor de
responder a processos judiciais
caros após a saída do cargo e medo do chamado "fogo amigo"
(críticas e obstáculos criados dentro do próprio PT).
Pedro Bodin, o preferido de Palocci, recebeu pressão do atual
presidente do BC, Armínio Fraga,
para aceitar o cargo. Bodin teve
medo de não encontrar diretores
fiéis e acabar em conflito com o
partido de Lula. Ele preferiu ainda
continuar com os rendimentos da
iniciativa privada.
Jair Ribeiro e José Júlio Senna
também não foram receptivos nas
sondagens, feitas por emissários
de Lula. Os motivos foram semelhantes aos alegados por Pedro
Bodin e Fábio Barbosa.
Saída do PSDB
No começo do ano, Lula teve
um encontro com Meirelles num
hotel de Brasília. Saiu bem impressionado e com um convite
para ir a Nova York falar com
banqueiros. Lula acabou enviando assessores para um tour financeiro organizado por Meirelles.
Logo após a vitória de Lula no
segundo turno, Mercadante se
reuniu com Meirelles. Sondou-o
sobre a possibilidade de integrar a
equipe econômica do PT. Naquele momento, havia chance pequena de Mercadante ir para o Ministério da Fazenda.
Filiado ao PSDB e eleito deputado federal por Goiás, Meirelles
tendia a sair de seu partido e começou a negociar a ida para o PL.
Agora, isso está em suspenso.
Quando naufragaram as sondagens do PT, Mercadante voltou a
defender o nome de Meirelles para o Banco Central. Lula e Palocci
aceitaram a sugestão, até porque
corriam contra o tempo e não tinham mais alternativa.
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