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COFRES VAZIOS
Após impasse, Planalto confirma publicação
Aécio diz que medida provisória que socorre Estados vai sair hoje
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidente da Câmara dos
Deputados e governador eleito de
Minas Gerais, Aécio Neves
(PSDB), disse ontem em Belo Horizonte que sai hoje no "Diário
Oficial" da União a publicação da
medida provisória de socorro aos
cofres do Estado, que estava sem
dinheiro para pagar o 13º salário
do funcionalismo público.
O Palácio do Planalto confirmou ontem que a medida provisória será publicada hoje.
Fruto de uma pressão política
do governador Itamar Franco
(sem partido), que cobrava há vários meses créditos que a União
deveria a Minas por supostos serviços (não-pagos) feitos pelo Estado em rodovias federais, a MP
deve propiciar a Minas algo em
torno de R$ 800 milhões em dinheiro até o final do ano.
A ação contou com a colaboração do presidente Fernando Henrique Cardoso (que reatou as relações com Itamar há alguns meses) e foi intermediada por Aécio
(que tem interesse em assumir o
Estado em melhor situação) e por
integrantes do futuro governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu ainda no 1º turno das eleições o apoio de Itamar.
"Estou extremamente satisfeito
com esse desfecho. O 13º será pago e a malha rodoviária será recuperada", disse Aécio, que afirmou
ter acertado os últimos termos da
MP com FHC na tarde de ontem.
A argumentação para o pagamento ao Estado será a de que a
União indenizará Minas pelo fato
de o governo estadual ter se comprometido a assumir nos próximos quatro anos, em comum
acordo, parte das rodovias federais que cortam o Estado. Aécio
não falou quais são essas rodovias, mas disse que a maioria delas já vem sendo administrada,
conservada e recuperada por Minas por meio de delegação.
O dinheiro para Minas virá da
Cide (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico)
e será usado para a recuperação
da malha rodoviária, além do 13º.
Como vários outros Estados
-igualmente com problemas de
pagamento do 13º salário do funcionalismo- também reivindicam créditos da União por supostas obras realizadas em rodovias
federais, a solução política encontrada para não dar à MP ares de
privilégio a Minas foi a de autorizar qualquer Estado da federação
a realizar ação semelhante.
O problema é que só Minas fechou esse acordo. Para fazer semelhante, cada Estado terá que
negociar com este ou com o próximo governo, que, oficialmente,
não participou das negociações
para a MP e pode, portanto, afirmar que tem entendimento diferente. A ressalva foi feita pelo próprio Aécio: "A MP resulta de uma
ação exclusiva deste governo"
As declarações do presidente da
Câmara foram feitas durante a diplomação dos eleitos em Minas
Gerais. Durante seu discurso na
solenidade, declarou: "Em Minas,
as coisas são diferentes. Quando
nos unimos, não existe paralelo
para a força política de Minas.
Não existe Estado que tenha a capacidade de influenciar tanto as
decisões nacionais como Minas".
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