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DEFESA
Para Apolônio de Carvalho, nota do Exército foi agressiva
Militar alvo de polêmica afirma que pediu e obteve apenas seus direitos
DA SUCURSAL DO RIO
Até agora em silêncio diante da
polêmica provocada pela sugestão de sua promoção a general-de-brigada do Exército, Apolônio
de Carvalho, 91, disse ontem à Folha que solicitou e obteve apenas
seus direitos -os vencimentos
equivalentes aos de general- e
que "homenagem não se pede".
Carvalho afirmou ter considerado "de uma agressividade gratuita" a nota em que o Exército
afirma que sua promoção a general, sugerida pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não
cumpre os requisitos legais.
Um dos maiores nomes da esquerda brasileira, Carvalho foi excluído do Exército em 1936, quando servia como segundo-tenente,
depois de ser preso sob acusação
de participar da Intentona Comunista de 1935.
Lutou pela república na Guerra
Civil Espanhola (1936-1939), militou na Resistência Francesa contra os nazistas na Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) e foi guerrilheiro contra o regime militar no
Brasil (1964-1985). Em 1970, foi
preso, torturado e libertado em
troca do embaixador alemão.
De volta ao Brasil em 1979, Carvalho obteve anistia em 1981,
quando foi promovido a coronel
da reserva. Este ano, entrou com
um requerimento na Comissão
de Anistia do Ministério da Justiça pedindo a incorporação, a seus
vencimentos, de todo o tempo de
serviço. Obteve indenização e
renda mensal vitalícia equivalente
à de general-de-brigada. Diante
da sugestão de uma promoção
oficial, o Exército reagiu.
Para Carvalho, o Exército está
ignorando o princípio da anistia.
Ao mesmo tempo, disse que não
está magoado e que a nota é "a
normal expressão das contradições". Agradeceu a homenagem
proposta pelo ministro da Justiça
e repetiu: "Homenagem não se
pede; se vier, agradeceremos".
Carvalho, fundador do PT, disse
que continua "apaixonado" pelo
partido e que as críticas que o PT
tem recebido "devem ajudar a fazer um trabalho melhor".
Afirmou também ser contra a
expulsão ou a suspensão dos chamados "radicais" do partido. Defendeu uma censura pública, feita
"de forma fraterna e severa", para
que eles examinem "atitudes de
desequilíbrio".
"Este é um governo plural. Tem
todas as condições de abrir caminhos novos, para uma democracia mais ampla e amparada no
povo."
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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