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São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

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DEFESA

Para Apolônio de Carvalho, nota do Exército foi agressiva

Militar alvo de polêmica afirma que pediu e obteve apenas seus direitos

DA SUCURSAL DO RIO

Até agora em silêncio diante da polêmica provocada pela sugestão de sua promoção a general-de-brigada do Exército, Apolônio de Carvalho, 91, disse ontem à Folha que solicitou e obteve apenas seus direitos -os vencimentos equivalentes aos de general- e que "homenagem não se pede".
Carvalho afirmou ter considerado "de uma agressividade gratuita" a nota em que o Exército afirma que sua promoção a general, sugerida pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não cumpre os requisitos legais.
Um dos maiores nomes da esquerda brasileira, Carvalho foi excluído do Exército em 1936, quando servia como segundo-tenente, depois de ser preso sob acusação de participar da Intentona Comunista de 1935.
Lutou pela república na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), militou na Resistência Francesa contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e foi guerrilheiro contra o regime militar no Brasil (1964-1985). Em 1970, foi preso, torturado e libertado em troca do embaixador alemão.
De volta ao Brasil em 1979, Carvalho obteve anistia em 1981, quando foi promovido a coronel da reserva. Este ano, entrou com um requerimento na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça pedindo a incorporação, a seus vencimentos, de todo o tempo de serviço. Obteve indenização e renda mensal vitalícia equivalente à de general-de-brigada. Diante da sugestão de uma promoção oficial, o Exército reagiu.
Para Carvalho, o Exército está ignorando o princípio da anistia. Ao mesmo tempo, disse que não está magoado e que a nota é "a normal expressão das contradições". Agradeceu a homenagem proposta pelo ministro da Justiça e repetiu: "Homenagem não se pede; se vier, agradeceremos".
Carvalho, fundador do PT, disse que continua "apaixonado" pelo partido e que as críticas que o PT tem recebido "devem ajudar a fazer um trabalho melhor".
Afirmou também ser contra a expulsão ou a suspensão dos chamados "radicais" do partido. Defendeu uma censura pública, feita "de forma fraterna e severa", para que eles examinem "atitudes de desequilíbrio".
"Este é um governo plural. Tem todas as condições de abrir caminhos novos, para uma democracia mais ampla e amparada no povo." (FERNANDA DA ESCÓSSIA)


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