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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ ELEIÇÕES 2006
Para presidente do PT, Lula apóia "fundamentos" da resolução que pede mudança na política econômica
Crítica à economia é diretriz para 2006, afirma Berzoini
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PT,
deputado Ricardo Berzoini (SP),
afirmou ontem que a mais recente
resolução do partido -que defende mudanças na política econômica- servirá de diretriz para
o programa de governo a ser
apresentado para a campanha de
reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano que vem.
"Nós abrimos o debate, vamos
discutir com o governo e com os
aliados. O que está por trás da resolução é o novo programa de governo", disse Berzoini. "É necessário avançar no segundo mandato do presidente Lula. Nosso desafio é acelerar a velocidade do
crescimento econômico."
A resolução do PT foi aprovada
no último sábado em reunião do
Diretório Nacional, em São Paulo.
O documento defende a aceleração da liberação de verbas para
investimentos em infra-estrutura,
a redução gradativa do superávit
primário -economia feita pelo
governo para pagar juros da dívida- e a queda da taxa de juros.
A resolução foi aprovada num
momento em que o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, encontra-se fragilizado pelo fraco desempenho da economia -que
registrou queda de 1,2% no terceiro trimestre- e pelas denúncias
de irregularidades em sua gestão
na Prefeitura de Ribeirão Preto e
na campanha de Lula em 2002.
Berzoini negou ter conversado
com Lula sobre a resolução, mas
afirmou que ele apóia os fundamentos do documento partidário,
apesar de defender a política econômica de Palocci. "O presidente
Lula tem total sintonia com a
idéia de que, num segundo mandato, é preciso um aprofundamento dos indicadores econômicos e sociais", disse. "O que requisita uma visão crítica sobre o grau
de superávit que vamos praticar e
o nível de taxas de juros que será
realizado no segundo mandato."
Berzoini tentou se antecipar à
possível acusação de incongruência entre o que PT vai propor na
eleição e o que foi executado durante os quatro anos de governo.
"Quando o presidente Lula assumiu, houve necessidade de ampliar o superávit. Estávamos num
período de transição. Para muita
gente, essa transição já acabou."
Segundo o presidente do PT, "já
não há razão para se trabalhar
com um juro real de 12%". "O PT
tem o direito de criticar e fazer
uma interlocução junto ao presidente Lula. Já está na hora de se
ampliar os gastos públicos."
A resolução do PT revela que o
partido está em busca de um novo
discurso para tentar reeleger Lula,
cujo governo enfrenta uma queda
da popularidade desde o ano passado: a taxa de ótimo/ bom despencou de 45% em dezembro de
2004 para 28% em outubro. As intenções de voto em Lula também
mostram uma queda similar.
Berzoini disse ainda que a direção anterior do PT errou ao manter-se completamente fiel às políticas implementadas pelo governo. "Gosto muito do [José] Genoino [ex-presidente do PT], mas
eu acho que ele cometeu um erro
político ao atrelar o partido ao governo", disse. Procurado, Genoino preferiu não comentar.
O presidente do PT negou ainda
que o enfraquecimento do Campo Majoritário tenha influenciado
o conteúdo da resolução. "É preciso lembrar que eu assinei a nota
e vários outros integrantes do
Campo Majoritário apoiaram o
texto básico da resolução."
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