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Garibaldi vai comandar Senado após crise
Candidato único, potiguar recebe 68 votos, assume lugar de Renan e promete "independência" em relação ao Planalto
Senador agradece o apoio
de Sarney e deve manter
os indicados por ele e por
Renan em postos chave
da administração da Casa
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa eleição com resultado
previsível e sem adversários, o
senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN) foi escolhido ontem presidente do Senado, em
substituição ao senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), para
um mandato tampão de um
ano. Foram 68 votos a favor da
sua indicação, 8 contra e 2 abstenções. A eleição foi o último
capítulo da crise envolvendo o
Senado, que culminou na renúncia de Renan para escapar
de processo de cassação.
Em discurso, Garibaldi atribuiu sua vitória às "articulações" de José Sarney (PMDB-AP), um dos principais aliados
do governo, a quem disse ter se
tornado "credor". Mas ponderou que vai atuar com independência em relação ao Planalto.
"A presidência não será partícipe do entrechoque partidário, mas será atuante no debate
político, pretendendo ser o fermento para que das discussões
surjam idéias", afirmou.
Em outro aceno à oposição,
Garibaldi se comprometeu
com propostas colocadas no
papel pelo PSDB e DEM, entre
elas "exigir igualdade para todos na execução orçamentária"
e dar mais transparência à Casa. Disse que colocará em votação os vetos do governo a projetos aprovados pelo Congresso,
o que não agrada ao Planalto.
Ao analisar a crise do Senado,
ele afirmou que a Casa "se
aproximou de limites que jamais poderiam ser ultrapassados". Pediu aos senadores que o
apoiaram que "estejam vigilantes" e que o advirtam "se fraquezas humanas ou políticas" o
tentarem a se desviar "da legitimidade nascida" na eleição.
Garibaldi disse ainda que
ninguém espere que ele atue
como na relatoria da CPI dos
Bingos. Lá, disse, seu trabalho
era "investigar para valer", enquanto que no Senado terá que
agir "com um certo cuidado".
Na CPI, Garibaldi pediu o indiciamento de Antonio Palocci,
na época ministro da Fazenda.
Cargos
A Folha apurou que o novo
presidente irá manter postos
chaves na administração do Senado a pedido de Sarney e Renan. "Não posso passar por cima de uma estrutura que já
existe e comprometer o funcionamento da Casa", justificou.
Alguns senadores viram o
agradecimento a Sarney no discurso de Garibaldi como um
indicativo de continuísmo.
"Acho ele um pacificador, mas
o discurso não ajudou a engrandecer o Senado nesse momento de crise. Deveria ter tido
uma dimensão maior", disse
Jefferson Péres (PDT-AM).
Adversário de Garibaldi na
disputa pela indicação da bancada, o senador Pedro Simon
(RS) disse que sabia que sairia
derrotado porque o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva "mandou dizer que ele não era confiável e era imprevisível" e interveio "de maneira grosseira e
vulgar na disputa".
A eleição, secreta, durou 16
minutos. O líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e os senadores Mozarildo
Cavalcanti (PTB-RR) e João
Vicente Claudino (PTB-PI)
não compareceram. A líder do
governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), compareceu à sessão numa cadeira
de rodas. Ela recupera-se de
uma cirurgia no pulso.
As apostas eram que os votos
contrários partiram de peemedebistas alijados da disputa, de
petistas e até da oposição.
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