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Outro lado
Comerciante nega ter oferecido dinheiro a Turner
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O comerciante Mouthi Ibrahim, 53, negou ter feito ofertas
de dinheiro a Hal Turner e se
disse "revoltado" com a revelação de que ele era um agente a
serviço do FBI: "Ele me usou".
Ibrahim, que aos 15 anos migrou da Síria para Curitiba, a
convite de parentes, confirmou
ter conhecido Turner no final
de 2005. Ibrahim disse que o
norte-americano foi quem o
procurou no Paraná: "Antes
disso, nunca tinha ouvido falar
desse cidadão. Estou indignado
pelo envolvimento do meu nome. Sou um cidadão de bem,
detesto violência e radicalismo.
Defendo a paz e o diálogo".
O comerciante tem uma loja
de roupas e calçados no centro
de Curitiba e preside a Sociedade Árabe Brasileira. Segundo
Ibrahim, Turner identificou-se
como líder da "National Alliance". A organização, que defende
ideais racistas, queria estabelecer uma filial no Brasil com o
apoio da comunidade árabe.
"Nós não concordamos porque as ideias dele eram muito
racistas. Tenho amigos judeus,
faço negócios com eles, e não
odiamos negros", disse Ibrahim, que se declarou "simpatizante" de Barack Obama.
"O Hal Turner chegou dizendo que era antissemita e que a
aliança com ele deveria defender isso. Quando ele falou isso,
não gostei, porque eu, como
árabe, também sou semita. Afinal, judeus e árabes descendem
do mesmo pai, Abraão", disse.
Amigo de Ibrahim, o jornalista José Gil, dono do "Jornal da
Água Verde", afirmou que testemunhou a conversa que o comerciante teve com Turner.
"Ele parecia querer nos provocar com as declarações raivosas
e racistas. Por isso, não houve
possibilidade de contato ou
parceria com esse homem",
disse Gil, que publicou em janeiro de 2006 uma nota sobre a
visita de Turner. Nela, Ibrahim
recusa a proposta de união com
a National Alliance: "O movimento National Alliance é racista, eles odeiam os judeus.
Nós não discriminamos raças,
embora apoiemos a causa palestina", declarou ele ao jornal.
Ibrahim, que é cristão ortodoxo, afirmou que só ficou sabendo que Turner trabalhava
para o FBI pela Folha: "Estou
revoltado. Esse cara veio me investigar aqui no Brasil, e eu não
devo nada a ninguém. Em 40
anos de Brasil, nunca respondi
a um processo na polícia".
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