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Mercado investe em Meirelles como opção para ser vice de Dilma
Prêmios e elogios internacionais tentam elevar cotação do presidente do BC, ainda um emergente na bolsa do PMDB
Ataque especulativo inclui ações da própria candidata, Dilma Rousseff, que, em conversas com banqueiros,
admite chance de parceria
Luiz Carlos Murauskas - 29.set.2009/Folha Imagem
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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em evento sobre economia em São Paulo
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o investidor internacional
votasse no Brasil ou tivesse influência nas complexas engrenagens do PMDB, partido ao
qual se filiou, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, poderia ser suavemente
indicado a vice na chapa presidencial encabeçada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Num prazo de apenas duas
semanas, Meirelles recebeu sinais eloquentes de prestígio do
que se convencionou chamar
de comunidade financeira global -um grupo formado por
bancos, fundos de investimento e organismos multilaterais.
No último dia 2, técnicos do
FMI (Fundo Monetário Internacional) definiram publicamente como "exemplar" o papel do brasileiro no combate à
crise financeira mundial.
Informa o copioso estudo da
organização que se notabilizou
por admoestar gerações de tecnocratas brasileiras desde a década de 80: "A aparente eficácia
das medidas adotadas pelo BC
do Brasil para garantir a liquidez em dólares sugere que elas
podem se tornar instrumento
padrão de bancos centrais".
Sete dias depois, o BIS, banco
central dos bancos centrais,
aceitou o Brasil como membro
de um seleto grupo de países
responsável por identificar
fontes potenciais de estresse
nos mercados financeiros.
De menino levado, o Brasil
foi promovido a monitor do
BIS. Motivo: a firme supervisão
bancária brasileira, nas mãos
de Meirelles e sua equipe.
Às duas distinções somam-se
outros prêmios, convites e jantares com os quais bancos e investidores tentam demonstrar
apreço ao ex-presidente do
BankBoston no momento em
que o presidente do BC tenta
migrar da economia para a política após ter-se transformado
num dos integrantes mais longevos do governo Lula.
No evento mais exclusivo ao
qual compareceu, em setembro
passado, no Reform Club, clube
inglês fundado no século 19,
Meirelles foi até instado por
um dos anfitriões a candidatar-se não a vice de Dilma, mas à
Presidência da República.
Com a onda de elogios e a recente menção de caciques do
PMDB em escândalos, o nome
Meirelles, cristão-novo no partido, volta a ser mencionado como alternativa para compor,
com Dilma, a chapa PT-PMDB
à sucessão do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Por isso, a declaração do presidente sugerindo que o partido
entregasse a Dilma uma lista
tríplice de possíveis vices foi lida por alguns como uma tentativa de inflar o nome do titular
do Banco Central, o que causou
uma imediata reação da cúpula
do PMDB.
A própria ministra tem aventado cada vez mais essa possibilidade em encontros com o setor privado. Ao explicar como
seria sua política econômica,
caso seja eleita, Dilma travou,
em uma dessas reuniões, o seguinte diálogo com Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco:
"Qual seria sua equipe econômica?", questionou o banqueiro. "Seria essa que está aí.
Dizem até que o Meirelles pode
ser meu vice", respondeu ela.
Surpreso, Moreira Salles insistiu: "E pode, ministra?" E
ela: "Pode, uai. E por que não?"
Sem lastro
O problema para viabilizar a
opção Meirelles é o enorme
abismo que separa seu prestígio internacional de sua inexperiência no partido que escolheu para reentrar na política,
em setembro passado -ele teve
curta experiência no PSDB, em
2002, quando foi eleito deputado federal, para logo renunciar.
Meirelles tem dito que aceitou de Lula só duas recomendações quando informou sua disposição de se filiar ao PMDB:
não concorrer ao governo de
Goiás e ficar no BC até março
de 2010, prazo para a desincompatibilização das autoridades que vão disputar eleições.
Quanto à possibilidade de
buscar a candidatura a vice de
Dilma, Meirelles disse, numa
entrevista em outubro, ser esta
uma "oportunidade e destino, e
não um ato de vontade".
Destino ou vontade, essa alternativa tem como principal
obstáculo os "donos" do partido -além de Michel Temer, o
líder da legenda na Câmara,
Henrique Eduardo Alves (RN),
e os deputados Eduardo Cunha
(RJ) e Tadeu Filippelli (DF).
Até a semana passada, todos
diziam que o PMDB "nunca"
vai indicar Meirelles a vice.
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