São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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PAINEL

Canal reaberto...

Lula diz que aceitou se encontrar na quinta à noite com FHC "para deixar claro que, se o presidente estiver disposto a dialogar, a oposição tem propostas". "Demos um pontapé inicial, se o jogo vai render, dependerá dele." Foi a 1ª reunião desde 1995.


...depois de anos

Sobre o que ganhou ao se reunir com FHC, Lula diz: "Temos que acabar com essa história de que dois políticos só podem se encontrar para o toma-lá-dá-cá. Se me encontrei até com o Lafaiete Coutinho (collorido e malufista), por que não com o presidente? Sou o líder da oposição, e ele, o presidente da República".


Como sempre

Lula sabe que terá "problemas" dentro do seu partido por ter se encontrado com FHC, mas trata com bom humor a eventual cara feia de colegas: "Dentro do PT dá problema até quando eu converso com a Marisa (sua mulher), imagine então quando eu converso com o presidente".


O gancho

FHC abriu a reunião dizendo que "tinha a obrigação" de agradecer o fato de Lula ter se recusado a divulgar o "dossiê Cayman", como Maluf queria. Falou que "gostava pessoalmente" do petista e que foram "apenas adversários circunstanciais".


Quebrando o gelo

Lula diz que ele e FHC queriam um encontro "discreto, mas não secreto". Conta que o tucano foi cordial e informal, recebendo Cristovam Buarque e ele na ala íntima do Alvorada. O presidente mostrou até o quarto onde dorme. Os dois se trataram por Fernando e Lula o tempo todo.


Momento duro

Após divergirem sobre a política econômica e o acordo com o FMI, Lula aconselhou FHC a "viajar mais pelo Brasil" para conhecê-lo melhor. E o alertou para o "risco de convulsão social".


Para petista, foi melhor...

FHC telefonou para o governador Cristovam Buarque (DF) na terça, dizendo que precisava conversar urgentemente com Lula, que preferia adiar para preparar uma pauta. Mas FHC falou com Lula diretamente na quinta à noite, e marcaram a reunião.


...marcar de improviso

Lula acha que "foi bom conversar informalmente" com o presidente. "Se tivéssemos marcado uma reunião formal no Planalto, talvez fosse difícil para nós dois dizer o que realmente pensamos. E, depois, íamos ficar preocupados com a versão da imprensa".


Aceno à esquerda

Ao visitar Covas anteontem, FHC fez um breve relato do encontro com Lula. O governador gostou de saber que o petista o elogiara e incentivou o presidente a manter o canal aberto.


Bola de cristal

FHC e Lula criticaram duramente Maluf no encontro de quinta à noite no Alvorada. Concluíram que a carreira política do pepebista está liquidada. Não vêem chance para ele em 2000 (Prefeitura de SP) ou 2002 (Presidência ou governo paulista).


Piada goiana

A propósito da especulação de que Iris Rezende quer emplacar na pasta do Trabalho o deputado Sandro Mabel, um dos acusados de levar os truculentos camisas-amarelas à convenção do PMDB na qual houve briga: "Pelo menos já demonstrou experiência em arregimentar desocupados".


Rusga de campanha 1

Há reação contrária em setores do PSDB à eventual ida de Euclides Scalco para um posto de coordenação política dentro do Planalto. Alguns tucanos não esquecem a dura que ele deu em Marconi Perillo, quando o governador eleito de Goiás ainda estava atrás de Iris (PMDB).


Rusga de campanha 2

A insatisfação com Scalco se deve ao fato de ter jogado mais a favor de partidos aliados do que do PSDB quando foi coordenador político na campanha de FHC. Apesar de ter torcido sinceramente por Covas, fez pouco pelo governador quando ele estava em baixa na eleição paulista.

TIROTEIO
De Padre Roque (PT-PR), sobre o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, ter defendido que FHC venda a Petrobrás e o Banco do Brasil no segundo mandato para vencer a crise econômica:
- O presidente não será louco de seguir a receita do Bornhausen. O último conselho que ele deu a um presidente foi o de que Collor não deveria se preocupar com a CPI do PC, dizendo que CPIs no Brasil nunca davam em nada.

CONTRAPONTO
Talento nato

Governador eleito de Minas Gerais, Itamar Franco disputou sem sucesso o posto em 1986. Perdeu para Newton Cardoso.
Naquela campanha, certo dia, Itamar era esperado por um batalhão de repórteres para uma solenidade numa entidade de classe. De repente, entrou um homem de terno na sala de entrevistas e começou a dar ordens.
- Senhores, posicionem-se sem confusão e barulho. Troquem este café, que está frio...
Itamar chegou e se impressionou com o formalismo do anfitrião. Quando deixava a entidade, Itamar virou-se para um assessor e perguntou quem era aquela "pessoa tão organizada". Ninguém sabia informar. Não pertencia à entidade. Não era repórter. Nem correligionário.
O então repórter de TV José Maria Braga, hoje marketeiro em São Paulo, foi atrás da figura. Descobriu que era um louco das redondezas que vivia falando em ser diplomata. Seu sonho: cursar o Instituto Rio Branco, no Rio.



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