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PAINEL
Canal reaberto...
Lula diz que aceitou se encontrar na quinta à noite com FHC
"para deixar claro que, se o presidente estiver disposto a dialogar, a oposição tem propostas".
"Demos um pontapé inicial, se o
jogo vai render, dependerá dele." Foi a 1ª reunião desde 1995.
...depois de anos
Sobre o que ganhou ao se reunir com FHC, Lula diz: "Temos
que acabar com essa história de
que dois políticos só podem se
encontrar para o toma-lá-dá-cá.
Se me encontrei até com o Lafaiete Coutinho (collorido e malufista), por que não com o presidente? Sou o líder da oposição, e
ele, o presidente da República".
Como sempre
Lula sabe que terá "problemas" dentro do seu partido por
ter se encontrado com FHC, mas
trata com bom humor a eventual
cara feia de colegas: "Dentro do
PT dá problema até quando eu
converso com a Marisa (sua mulher), imagine então quando eu
converso com o presidente".
O gancho
FHC abriu a reunião dizendo
que "tinha a obrigação" de agradecer o fato de Lula ter se recusado a divulgar o "dossiê Cayman", como Maluf queria. Falou
que "gostava pessoalmente" do
petista e que foram "apenas adversários circunstanciais".
Quebrando o gelo
Lula diz que ele e FHC queriam
um encontro "discreto, mas não
secreto". Conta que o tucano foi
cordial e informal, recebendo
Cristovam Buarque e ele na ala
íntima do Alvorada. O presidente mostrou até o quarto onde
dorme. Os dois se trataram por
Fernando e Lula o tempo todo.
Momento duro
Após divergirem sobre a política econômica e o acordo com o
FMI, Lula aconselhou FHC a
"viajar mais pelo Brasil" para conhecê-lo melhor. E o alertou para o "risco de convulsão social".
Para petista, foi melhor...
FHC telefonou para o governador Cristovam Buarque (DF) na
terça, dizendo que precisava
conversar urgentemente com
Lula, que preferia adiar para preparar uma pauta. Mas FHC falou
com Lula diretamente na quinta
à noite, e marcaram a reunião.
...marcar de improviso
Lula acha que "foi bom conversar informalmente" com o presidente. "Se tivéssemos marcado
uma reunião formal no Planalto,
talvez fosse difícil para nós dois
dizer o que realmente pensamos.
E, depois, íamos ficar preocupados com a versão da imprensa".
Aceno à esquerda
Ao visitar Covas anteontem,
FHC fez um breve relato do encontro com Lula. O governador
gostou de saber que o petista o
elogiara e incentivou o presidente a manter o canal aberto.
Bola de cristal
FHC e Lula criticaram duramente Maluf no encontro de
quinta à noite no Alvorada. Concluíram que a carreira política do
pepebista está liquidada. Não
vêem chance para ele em 2000
(Prefeitura de SP) ou 2002 (Presidência ou governo paulista).
Piada goiana
A propósito da especulação de
que Iris Rezende quer emplacar
na pasta do Trabalho o deputado
Sandro Mabel, um dos acusados
de levar os truculentos camisas-amarelas à convenção do PMDB
na qual houve briga: "Pelo menos já demonstrou experiência
em arregimentar desocupados".
Rusga de campanha 1
Há reação contrária em setores
do PSDB à eventual ida de Euclides Scalco para um posto de
coordenação política dentro do
Planalto. Alguns tucanos não esquecem a dura que ele deu em
Marconi Perillo, quando o governador eleito de Goiás ainda
estava atrás de Iris (PMDB).
Rusga de campanha 2
A insatisfação com Scalco se
deve ao fato de ter jogado mais a
favor de partidos aliados do que
do PSDB quando foi coordenador político na campanha de
FHC. Apesar de ter torcido sinceramente por Covas, fez pouco
pelo governador quando ele estava em baixa na eleição paulista.
TIROTEIO
De Padre Roque (PT-PR), sobre o presidente do PFL, Jorge
Bornhausen, ter defendido que
FHC venda a Petrobrás e o Banco
do Brasil no segundo mandato
para vencer a crise econômica:
- O presidente não será louco
de seguir a receita do Bornhausen. O último conselho que ele
deu a um presidente foi o de que
Collor não deveria se preocupar
com a CPI do PC, dizendo que
CPIs no Brasil nunca davam em
nada.
CONTRAPONTO
Talento nato
Governador eleito de Minas Gerais, Itamar Franco disputou sem sucesso o posto em 1986. Perdeu para Newton Cardoso.
Naquela campanha, certo dia, Itamar era esperado por um batalhão de repórteres para uma solenidade numa entidade de classe. De repente, entrou um homem de terno na sala de entrevistas e começou a dar ordens.
- Senhores, posicionem-se sem confusão e barulho. Troquem este café, que está frio...
Itamar chegou e se impressionou com o formalismo do anfitrião. Quando deixava a entidade, Itamar virou-se para um assessor e perguntou quem era aquela "pessoa tão organizada". Ninguém sabia informar. Não pertencia à entidade. Não era repórter. Nem correligionário.
O então repórter de TV José Maria Braga, hoje marketeiro em São Paulo, foi atrás da figura. Descobriu que era um louco das redondezas que vivia falando em ser diplomata. Seu sonho: cursar o Instituto Rio Branco, no Rio.
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