|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGENDA PETISTA
Berzoini admite criar um sistema diferente só para os novos servidores e cita projeto de FHC em reunião
Lula desiste de regime único de Previdência
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por governadores e
prefeitos, o governo federal recuou na discussão da reforma da
Previdência e desistiu de criar um
regime único de aposentadoria
para os atuais servidores públicos.
Ontem, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência), sem querer
admitir claramente o abandono
da idéia, declarou: "O ideal é combinar um conjunto de regras para
os atuais servidores e um sistema
totalmente novo para os novos
servidores, através de um sistema
com teto semelhante ao do regime geral [da iniciativa privada]".
Um texto distribuído ontem na
reunião do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social aponta a "possível" aprovação do PL-9 como diretriz para
acabar com o problema da diferença entre os regimes do setor
público e da iniciativa privada.
O PL-9 é um projeto de lei enviado ao Congresso em 1999 pelo
então presidente Fernando Henrique Cardoso que viabiliza a
criação de um teto único para as
aposentadorias dos novos servidores públicos. Isto é, os atuais
funcionários não são obrigados a
fazer parte do regime único.
Na prática, a nova proposta vai
criar dois sistemas paralelos para
o setor público: para quem já é
servidor, serão adotadas medidas
para reduzir os gastos com aposentadorias e corrigir as distorções. Tais medidas podem incluir
elevação da idade mínima para a
aposentadoria, aplicação do fator
previdenciário nos benefícios do
setor público, fim da paridade entre ativos e inativos e aumento da
carência exigida para aposentadoria no setor público.
Para os novos servidores, valeria a regra do PL-9. Assim, quem
ingressar no serviço público após
a aprovação do projeto terá o valor da aposentadoria limitado ao
teto do INSS, hoje de R$ 1.561. Para complementar, os servidores
podem contribuir para um fundo
patrocinado pelo governo.
A proposta original do governo,
que está prevista no programa do
PT apresentado na campanha,
previa um regime único, com teto
para os benefícios, abrangendo
todos os servidores públicos. O
texto defendia "a criação de um
sistema previdenciário básico
universal, público, compulsório,
para todos os trabalhadores brasileiros, do setor público e privado.
O sistema deve ter caráter contributivo, com benefícios claramente estipulados e o valor do piso e
do teto de benefícios de aposentadoria claramente definido".
Os militares foram os primeiros
a reagir contra a proposta. Juízes,
professores, fiscais da Receita entre outros setores continuam contrários ao regime único. Nos Estados, prefeitos e governadores
também resistem devido ao custo
da transição. "Nós compreendemos como razoável a argumentação dos governadores", disse Berzoini: "Não existe proposta definida, portanto, não há como dizer
que o governo desistiu de algo".
O ministro disse que a adoção
de um regime único para todos os
servidores teria um impacto de
R$ 1,7 bilhão a R$ 2,5 bilhões somente para a União. Isso ocorreria porque o governo perderia arrecadação com o teto único e ainda teria de contribuir para fundos
de pensão complementares.
Na reunião, Berzoini expôs um
diagnóstico da situação previdenciária, sem entrar no debate, e citou o PL-9 como uma das diretrizes. A CUT se opôs à medida.
Após a reunião, o secretário especial do conselho, Tarso Genro,
disse que não pode garantir que a
reforma será fechada até maio.
Colaboraram LEILA SUWWAN, LUCIANA
CONSTANTINO E EVANDRO SPINELLI, da
Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Para tucano, PT agravou crise ao ir contra projeto Índice
|