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AJUSTE PETISTA
Pasta perde 63,5% do previsto no Orçamento, cortado em R$ 6 bilhões
Ministério das Cidades é o mais prejudicado por cortes
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério das Cidades foi o
maior prejudicado com o corte de
R$ 6 bilhões anunciado ontem no
Orçamento de 2004. A pasta perdeu R$ 855,6 milhões ou 62,5% do
previsto na lei orçamentária.
"Com o aumento da arrecadação,
nós pretendemos liberar tudo até
o final do ano", disse o ministro
Guido Mantega (Planejamento).
Com o corte, quatro ministérios
(Cidades, Transportes, Agricultura e Desenvolvimento) ficaram
com recursos para investimentos
menores que os totais gastos em
2003. Metade dos cortes foi nos
investimentos, e a outra metade,
no custeio (gastos de manutenção
da máquina, como passagens aéreas e conservação de rodovias).
Apesar de o governo ter dito
que o saneamento básico é uma
prioridade neste ano, houve um
corte de R$ 770 milhões no Ministério da Saúde que, de acordo
com Mantega, atinge principalmente as despesas desse setor.
Outros R$ 600 milhões foram
cortados em gastos das pastas da
Integração Nacional e das Cidades ligados a soluções para o problema de enchentes. "Quando
houver dinheiro para liberar as
emendas, a prioridade será para
esses ministérios", disse Mantega.
As áreas de saneamento e habitação, lembrou o ministro, já têm
R$ 2,9 bilhões em recursos financeiros (empréstimos bancários)
acertados no acordo com o FMI.
Embora o governo tenha conseguido reduzir a despesa com custeio em só R$ 1 bilhão no ano passado, Mantega disse que haverá
"grande esforço" para cortar agora R$ 3 bilhões. A idéia é renegociar contratos e concentrar compras no Planejamento. Os principais cortes de custeio foram nas
pastas maiores -Saúde e Educação. "São gastos [os cortados] que
não afetam os serviços finalísticos
prestados à população", afirmou.
Os ministérios do Turismo, Esporte e Cultura tiveram cortes de
mais de 40% em suas programações de gastos com custeio e investimentos, embora os valores
sejam mais baixos que os de outras pastas. Os ministérios das Relações Exteriores, Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Defesa e Saúde tiveram cortes de
menos de 2%. O corte da Saúde é
maior em valores porque o orçamento da pasta é de R$ 29 bilhões.
Mantega disse que o Congresso
alocou recursos no Orçamento
para elevar o salário mínimo de
R$ 240 para R$ 270, mas não quis
confirmar o valor. "Isso está fora
de cogitação agora." Ele afirmou
que esse é um assunto para abril.
O valor das receitas incluídas no
Orçamento caiu de R$ 413,5 bilhões para R$ 406 bilhões. Segundo Mantega, a principal razão disso é a redução da expectativa de
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 4% para 3,5%. Esse último índice constava da proposta original entregue ao Congresso. O ministro disse que o governo acredita num crescimento
de 4%, mas quer ser "cauteloso".
O Ministério do Planejamento
explicou que o corte não teve de
ser de R$ 7,4 bilhões para seguir a
queda das receitas porque algumas despesas obrigatórias foram
revistas para baixo, como o pagamento de benefícios previdenciários, as transferências a Estados e
municípios e o resultado primário (economia de receita de impostos para pagamento de juros).
Mantega disse que os gastos
com custeio e investimentos devem crescer R$ 10 bilhões neste
ano em relação a 2003 se os cortes
forem revistos ao longo do ano. O
total desses gastos para 2004 é de
R$ 60,8 bilhões. Quanto aos investimentos, ele afirmou que o governo gastou R$ 4,3 bilhões em
2003, mas colocou outros R$ 2,2
bilhões como "restos a pagar" que
poderão ser executados neste ano.
O Orçamento de 2004, sem o corte, tem um aumento de investimentos de 87% em relação a 2003.
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