São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

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DIPLOMACIA

Lula chegou ao país para firmar negócio que envolve 36 aeronaves e US$ 470 mi, mas financiamento é incerto

Venezuela quer aviões militares do Brasil

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

A aliança estratégica entre Brasil e Venezuela, a ser anunciada hoje, em Caracas, pelos governos dos dois países, passa por amplo acordo na área de defesa que contempla venda inicial de quase US$ 500 milhões (R$ 1,310 bilhão) em aeronaves e a transferência de tecnologia para criação de uma indústria aeronáutica venezuelana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o colega venezuelano Hugo Chávez firmam hoje um acordo entre os dois países no setor aeronáutico e aeroespacial.
O acordo comercial deve resultar na aquisição pela Venezuela de 12 caças de treinamento de combate, os AMX-T, e 24 Super Tucano, ambos produzidos pela Embraer.
Como contrapartida, a Venezuela quer dos brasileiros uma transferência de tecnologia que permita a montagem de aviões no país e, principalmente, viabilize a criação de uma indústria aeronáutica, que seria inicialmente voltada à construção de aviões agrícolas.
A compra de equipamentos militares para a Força Aérea Venezuelana abriu mais um capítulo da polêmica relação entre Chávez e os Estados Unidos.
O presidente venezuelano acusa os norte-americanos de tentarem impedir a compra de equipamentos militares russos e brasileiros -em 85, o país comprou 31 aviões Tucano.
Do lado brasileiro, cuja diplomacia vê Caracas com bons olhos, a venda dos aviões faz parte da estratégia do presidente Lula de aproximação e integração com os países sul-americanos.

Financiamento
Com a decisão política de Chávez de comprar os aviões do Brasil, os países discutem agora o financiamento da operação -US$ 300 milhões (R$ 786 milhões) para os AMX-T e, numa primeira fase, US$ 170 milhões (R$ 445,4 milhões) para os Super Tucano.
Uma alternativa é que a operação seja feita via BNDES, cujo presidente, Guido Mantega, acompanha Lula na viagem. A solução encontra dificuldades quanto às garantias que seriam dadas ao financiamento. Outra opção de financiamento seria por meio do Bandes, uma espécie de BNDES venezuelano, ou uma composição entre as duas instituições.
Lula deve embarcar hoje mesmo para a Guiana e, na terça-feira à noite, para o Suriname.

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