São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Dilma "cola" em Lula e faz o dobro de viagens pelo país

Agendas da ministra fora de Brasília subiram de 28, em 2007, para 61 no ano passado

SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) vem colocando em prática seu discurso de que é hora "de sair dos gabinetes" e mais do que dobrou, de 2007 para 2008, as viagens pelo país. A turbinada na agenda coincidiu com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer dela sua sucessora. A nova rotina de Dilma repercute na Casa Civil, que passa por mudanças, e tem garantido à secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra, mais atuação.
No ano passado, Dilma fez 61 viagens e passou a integrar definitivamente a comitiva de Lula. Em 2007, foram 28 viagens. Além de os roteiros terem se tornado mais constantes, o perfil das incursões pelo Brasil mudou. Há dois anos, a ministra se dedicava a eventos técnicos, relacionados a investimentos, biocombustíveis e ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que, em 2007, estava em fase de seleção de projetos pelos Estados.
Agora, as viagens ganharam uma roupagem política e mais abrangente, como eventos sobre exploração sexual de crianças, encontros partidários e premiações. O PAC continua sendo destaque, e, em fase de inaugurações, as viagens para ver obras tiveram o reforço de Lula e de discursos da ministra.
Das 28 viagens de 2007, apenas em 5 Dilma estava na companhia de Lula, segundo a agenda oficial da ministra disponível no site da Casa Civil. No ano passado, das 61 viagens, em 35 ela acompanhou o presidente. Só neste ano, ela já fez 10 viagens, sendo 7 com Lula. Ontem, em Recife, o presidente classificou como "absurda" a possibilidade de PSDB e DEM recorrerem à Justiça por causa da participação da ministra em inaugurações ou lançamentos de obras ao seu lado. Os dois partidos de oposição dizem que os petistas estão antecipando a campanha de 2010.
"Sinceramente, acho uma coisa tão absurda, uma coisa tão pequena. Uma pessoa só pode ser candidata depois que tiver a convenção do partido político, que será no ano que vem. Eu não quero crer que os candidatos deles irão ficar dentro de uma redoma de vidro agora, até quando houver a convenção", disse Lula.
Por conta das viagens de Dilma, Erenice Guerra tem recebido ministros em audiências e coordenado reuniões com técnicos das pastas e de estatais. Segundo políticos que frequentam a Casa Civil, Erenice cada vez mais ocupa o lugar de Dilma. A ministra mantém a linha de frente das decisões políticas, mas delegou à auxiliar a tarefa de representá-la nas reuniões nas quais são discutidos o andamento dos projetos e dadas as coordenadas do governo.
Erenice ampliou o comando sobre os assuntos internos e administrativos da Casa Civil, como decisão sobre licitações. O gabinete também sofreu mudanças por conta da nova fase da ministra. O secretário-executivo-adjunto, Gilles Carriconde, passou a acumular a função de organizar a agenda de Dilma, tarefa antes de Erenice. A ministra também contratou para a chefia de assessoramento especial o ex-deputado gaúcho Estilac Xavier (PT).

"Papel de ministra"
Ainda em Recife, Lula também rebateu as críticas de alguns integrantes do PSDB e do DEM que afirmaram que Dilma está viajando como pré-candidata à Presidência. "A ministra é ministra até o momento em que ela se afastar do cargo, se for aprovada para ser candidata a alguma coisa. Até lá, ela é ministra e vai continuar exercendo o papel de ministra." Segundo Lula, a oposição está à procura de um discurso para a campanha. "Acho que eles sabem que os candidatos deles estão viajando. Quem tem interesse, neste momento, em fazer campanha são eles, não sou eu."

Colaborou LUIZ FRANCISCO , da Agência Folha, em Recife


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