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Dilma "cola" em Lula e faz o dobro de viagens pelo país
Agendas da ministra fora de Brasília subiram de 28, em 2007, para 61 no ano passado
SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) vem colocando em
prática seu discurso de que é
hora "de sair dos gabinetes" e
mais do que dobrou, de 2007
para 2008, as viagens pelo país.
A turbinada na agenda coincidiu com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
de fazer dela sua sucessora. A
nova rotina de Dilma repercute
na Casa Civil, que passa por
mudanças, e tem garantido à
secretária-executiva da pasta,
Erenice Guerra, mais atuação.
No ano passado, Dilma fez 61
viagens e passou a integrar definitivamente a comitiva de Lula. Em 2007, foram 28 viagens.
Além de os roteiros terem se
tornado mais constantes, o perfil das incursões pelo Brasil
mudou. Há dois anos, a ministra se dedicava a eventos técnicos, relacionados a investimentos, biocombustíveis e ao PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), que, em 2007,
estava em fase de seleção de
projetos pelos Estados.
Agora, as viagens ganharam
uma roupagem política e mais
abrangente, como eventos sobre exploração sexual de crianças, encontros partidários e
premiações. O PAC continua
sendo destaque, e, em fase de
inaugurações, as viagens para
ver obras tiveram o reforço de
Lula e de discursos da ministra.
Das 28 viagens de 2007, apenas em 5 Dilma estava na companhia de Lula, segundo a
agenda oficial da ministra disponível no site da Casa Civil.
No ano passado, das 61 viagens,
em 35 ela acompanhou o presidente. Só neste ano, ela já fez 10
viagens, sendo 7 com Lula.
Ontem, em Recife, o presidente classificou como "absurda" a possibilidade de PSDB e
DEM recorrerem à Justiça por
causa da participação da ministra em inaugurações ou lançamentos de obras ao seu lado. Os
dois partidos de oposição dizem que os petistas estão antecipando a campanha de 2010.
"Sinceramente, acho uma
coisa tão absurda, uma coisa
tão pequena. Uma pessoa só
pode ser candidata depois que
tiver a convenção do partido
político, que será no ano que
vem. Eu não quero crer que os
candidatos deles irão ficar dentro de uma redoma de vidro
agora, até quando houver a
convenção", disse Lula.
Por conta das viagens de Dilma, Erenice Guerra tem recebido ministros em audiências e
coordenado reuniões com técnicos das pastas e de estatais.
Segundo políticos que frequentam a Casa Civil, Erenice cada
vez mais ocupa o lugar de Dilma. A ministra mantém a linha
de frente das decisões políticas,
mas delegou à auxiliar a tarefa
de representá-la nas reuniões
nas quais são discutidos o andamento dos projetos e dadas
as coordenadas do governo.
Erenice ampliou o comando
sobre os assuntos internos e
administrativos da Casa Civil,
como decisão sobre licitações.
O gabinete também sofreu
mudanças por conta da nova fase da ministra. O secretário-executivo-adjunto, Gilles Carriconde, passou a acumular a
função de organizar a agenda
de Dilma, tarefa antes de Erenice. A ministra também contratou para a chefia de assessoramento especial o ex-deputado
gaúcho Estilac Xavier (PT).
"Papel de ministra"
Ainda em Recife, Lula também rebateu as críticas de alguns integrantes do PSDB e do
DEM que afirmaram que Dilma está viajando como pré-candidata à Presidência. "A ministra é ministra até o momento em que ela se afastar do cargo, se for aprovada para ser
candidata a alguma coisa. Até
lá, ela é ministra e vai continuar
exercendo o papel de ministra."
Segundo Lula, a oposição está à procura de um discurso para a campanha. "Acho que eles
sabem que os candidatos deles
estão viajando. Quem tem interesse, neste momento, em fazer
campanha são eles, não sou eu."
Colaborou LUIZ FRANCISCO , da Agência Folha, em Recife
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