São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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Polícia faz mais 21 mandados de busca no DF

Equipes da PF estiveram na casa de aliado de Paulo Octávio, governador interino, e na sede administrativa do governo

Além de computadores, foram recolhidos dinheiro e documentos; Paulo Octávio deve se encontrar com o presidente Lula na quarta

FILIPE COUTINHO
LUCAS FERRAZ
MARIA CLARA CABRAL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em mais um desdobramento das investigações do mensalão do DEM, a Polícia Federal cumpriu ontem 21 mandados de busca e apreensão em órgãos do governo do Distrito Federal e nas casas de envolvidos no escândalo, entre elas a de um aliado do governador interino, Paulo Octávio (DEM).
Quinze equipes da PF cumpriram os mandados em nove órgãos públicos, incluindo a sede administrativa do governo do DF, além de 12 casas de membros do Executivo e aliados, como é o caso do ex-policial Marcelo Toledo, próximo de Paulo Octávio.
Toledo foi flagrado em vídeo na investigação da Operação Caixa de Pandora perguntando sobre dinheiro para o então vice-governador -que nega ter relação financeira com ele.
O advogado do ex-policial, Raul Livino, afirmou que a PF não recolheu nada na casa de seu cliente. Um agente federal que participou da ação disse à Folha que nenhum mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa de Paulo Octávio.
As buscas foram realizadas ontem porque a autorização para cumpri-las só foi expedida pelo Superior Tribunal de Justiça na noite de sexta-feira.
Além de computadores, a PF recolheu documentos e dinheiro achado na casa de um dos investigados -segundo o órgão, foram recolhidos R$ 1.000 e US$ 2.600. Ninguém foi preso.
A ação, coordenada pelo delegado Alfredo Junqueira, diz respeito ao inquérito da Caixa de Pandora, não tendo relação com a prisão preventiva de José Roberto Arruda, detido por suposta tentativa de suborno de testemunha da investigação.
O governador afastado, detido no prédio do Instituto Nacional de Criminalística, da PF, recebeu a visita da mulher, Flávia (que montou um esquema para despistar a imprensa), e do advogado José Gerardo Grossi.
Grossi relatou que Arruda está "naturalmente abatido". Ele não tomou banho de sol nem pediu visita íntima. Todos os dias, é examinado por um médico, pela manhã e à tarde.
Segundo Grossi, a defesa estuda outra alternativa, além do pedido de habeas corpus, a ser julgado no Supremo Tribunal Federal, para libertar Arruda.

Paulo Octávio
Em uma estratégia para se manter como governador interino, Paulo Octávio tenta costurar apoio dos partidos locais, concedendo cargos na administração. Ele pediu que os secretários que trabalharam com Arruda coloquem os cargos à disposição e que as pastas divulguem as contas na internet. "É o momento de ter outros políticos, outros partidos fazendo parte do governo", disse.
Paulo Octávio também confirmou que deve se reunir com Lula, na próxima quarta, para pedir apoio contra uma intervenção federal. No mesmo dia, ele tem reunião agendada com lideranças de 12 partidos.
O interino disse ainda que não descarta renunciar caso isso sirva para "ajudar a cidade".
Sobre os quatro pedidos de impeachment contra ele na Câmara Legislativa, afirmou ser alvo de "uma briga política". Investigado como um dos beneficiários do mensalão, ele sofre pressões dentro do DEM e já foi forçado a deixar a presidência da legenda na capital.


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