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LEGISLATIVO PAULISTA
Deputados burlaram lei para aumentar teto de funcionário
Procurador vê "caso grave"
na Assembléia e vai investigar
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador-geral de Justiça
do Estado de São Paulo, Rodrigo
César Rebello Pinho, informou
que a Promotoria da Cidadania
irá instaurar hoje um procedimento para investigar as irregularidades na contratação, exoneração e transferência de funcionários da Assembléia Legislativa de
São Paulo.
Ontem a Folha noticiou que
funcionários da elite da Assembléia tiveram o patrocínio do
PSDB paulista para burlar o teto
salarial de R$ 13.540,85, estabelecido após a reforma da Previdência, promulgada em dezembro de
2003 pelo governo federal.
"Os casos noticiados são graves
e serão devidamente apurados
por promotores da Cidadania",
afirmou Pinho.
A reportagem levantou três casos envolvendo a situação de funcionários irregulares com a ajuda
da cúpula do PSDB paulista.
Em duas situações, servidores
que já ganhavam uma aposentadoria superior ao teto foram oficialmente substituídos por parentes que, segundo a Folha apurou,
não trabalham nem nunca trabalharam na Casa.
Foi o que aconteceu com Maria
Alexandrina Bizarro Amaro Mori
e com Luiz de Godoy Cotti, que
recebem aposentadoria de cerca
de R$ 16 mil e R$ 13 mil, respectivamente.
Após a fixação do teto salarial
em dezembro de 2003, os dois foram exonerados do serviço público no dia 14 de janeiro de 2004,
conforme informa o "Diário Oficial" do Legislativo.
No mesmo dia, foram contratados a cunhada de Maria Alexandrina, Neusa Maria Mori Mendes,
como assessora especial parlamentar (salário de R$ 6.444,27), e
Fábio Teganho Cotti (por cerca de
R$ 4.000), que oficialmente substituiu o pai no cargo.
Até sexta-feira passada, Maria
Alexandrina ainda podia ser encontrada no gabinete da liderança
do governo na Assembléia. Ela
trabalha como assessora dos deputados Edson Aparecido
(PSDB) e Vanderlei Macris
(PSDB). Luiz Cotti, por sua vez,
trabalha na presidência da Casa,
com o parlamentar Sidney Beraldo (PSDB) como o responsável
por nomeações e exonerações.
Inconstitucional
O terceiro caso é o do secretário-geral parlamentar da Assembléia
paulista, Auro Augusto Caliman,
que ocupa um dos cargos mais altos da Casa. Cabe a ele, entre outras coisas, auxiliar o presidente
Sidney Beraldo em todas as sessões legislativas.
Com um salário de R$ 18 mil
mensais, Caliman foi transferido
por meio de uma lei complementar para o quadro de servidores
efetivos do TCE (Tribunal de
Contas do Estado), que não tem
teto salarial. Ele passou a receber
pelo TCE, mas continuou trabalhando na Assembléia.
Advogados e promotores ouvidos pela Folha informaram que a
transferência de cargos é ilegal.
Citam o artigo 37 da Constituição,
que estabelece a obrigatoriedade
de o funcionário passar por um
concurso antes de ser admitido
como efetivo no serviço público.
A lei complementar que transferiu Caliman foi sancionada pelo
governador Geraldo Alckmin
(PSDB) em 5 de janeiro de 2005.
Defesa
Os parlamentares do PSDB negam ter atuado de forma irregular
para beneficiar os funcionários.
Disseram que os funcionários
aposentados, que oficialmente
não têm trabalho, prestam uma
colaboração gratuita.
Quanto aos parentes, disseram
que trabalham no serviço externo
e, por esse motivo, não são conhecidos na Casa. Disseram que os
dois estarão na Assembléia Legislativa hoje.
Caliman não quis se manifestar
sobre sua transferência. Deputados que participaram do projeto
de lei complementar afirmaram
que a transferência visou uma necessidade do tribunal.
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