São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Justiça afasta 14 vereadores em cidade do CE

Políticos são suspeitos de fraudes na locação de 14 veículos; gastos chegaram a R$ 810 mil em dois anos

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A Justiça determinou o afastamento dos 14 vereadores do município de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. Eles são suspeitos de cometer fraudes na locação de 14 veículos, que consumiram R$ 810 mil em dois anos.
O dinheiro seria suficiente para comprar o mesmo número de carros, por R$ 57.800 cada um, todos novos e até mais luxuosos que os locados pelos vereadores, a maioria deles de modelos populares e com alguns anos de uso.
No lugar dos vereadores afastados, deverão assumir os suplentes. O presidente da Câmara, Ricardo Cordeiro (PMDB), terá que dar posse aos novatos para depois deixar o posto.
Segundo o promotor Ricardo Frota, as investigações indicam que a empresa contratada pela Câmara, a Francar, é de fachada, pois não tem carros nem local de funcionamento. No endereço indicado, em Fortaleza, há apenas um terreno com ruínas de construção.
Os carros locados, relacionados na ação, têm diferentes donos, entre eles um pai e um irmão de vereadores.
Por cada carro popular, com data de fabricação entre 2003 e 2006, os vereadores pagavam R$ 2.630 ao mês. O carro mais luxuoso era uma Hilux 1999, que ficava com a presidência da Câmara por um valor diferenciado, R$ 5.200 por mês.
Responsável pela contratação da empresa quando era presidente da Câmara, em 2006, o vereador Luiz Augusto Maia (PRTB) alega que tudo foi legal. "A empresa existe, sim, paga seus impostos, e os serviços foram prestados", disse.
"Para saber se seria ou não necessário alugar os carros, basta passar um dia como vereador: é o dia inteiro de atendimentos, deslocamentos. Quem faz mesmo assistência social nesse país é vereador."
Um dos carros locados relacionados na ação, um Gol 2005, pertencia ao pai do vereador Deuzinho Filho (PMN), que também é presidente da UVC (União dos Vereadores do Ceará). Para ele, tudo não passou de um engano. "O carro do meu pai nunca foi usado nem sublocado. O documento do carro apareceu por algum engano."
O proprietário da Francar, Francisco Orlando Dias, também foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado.


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