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Visita de hoje põe região no mapa de Obama
Democrata anuncia primeiro posto oficial para a América Latina; rumores dão conta de visita do americano ao Brasil
Jeffrey Davidow participará do 5º Encontro das Américas; o vice Joe Biden vai ao Chile neste mês se encontrar com Lula, Bachelet e Kirchner
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A visita do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva a Washington tem servido para colocar no
radar do novo governo de Barack Obama não só o Brasil mas
a América Latina, região que
vem sendo deixada no pé das
prioridades do democrata em
seus primeiros 50 dias no cargo. Horas antes do encontro
entre os dois líderes, que acontece hoje, a Casa Branca anunciou oficialmente o primeiro
posto para a área.
É o enviado especial ao 5º
Encontro das Américas, que
acontece em Trinidad e Tobago
de 17 a 19 de abril, que será ocupado pelo diplomata Jeffrey
Davidow. Ele ocupou embaixadas na região sob Bill Clinton
(1993-2001). A cúpula será a
primeira vez que o presidente
norte-americano tomará contato com a maioria dos líderes
latino-americanos.
Obama anunciou também
que o vice-presidente, Joe Biden, vai ao Chile no fim do mês,
onde se encontrará com Lula, a
chilena Michelle Bachelet e a
argentina Cristina Kirchner.
Por fim, voltou a circular rumor de que o presidente democrata aproveitaria a viagem ao
5º Encontro para visitar mais
dois países da região, na qual
ele nunca colocou os pés.
O Brasil estaria na lista, talvez Manaus. O assessor de Segurança Nacional de Obama, o
general reformado James Jones, teria recomendado a visita.
A Casa Branca diz que não há
nenhuma decisão tomada ainda quanto a viagem para o país.
Durante a entrevista coletiva
na manhã de ontem para falar
sobre o encontro Lula-Obama,
Thomas Shannon, o secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, classificou
de "importante relação global"
a dos dois países. "É uma relação que nós acreditamos ter um
forte componente global, o reconhecimento da influência do
Brasil no mundo", disse ele.
"Nós achamos que esse é um
momento em que conseguiremos realizar esse potencial nos
próximos meses e anos", disse
Shannon. Nesse contexto, afirmou que os EUA entendiam
que o Brasil se apresentasse como promotor de diálogo entre
os países da região -disse que
esperavam que fizesse isso.
Nos últimos dias, o governo
brasileiro vem dizendo que
aproveitará o encontro, o primeiro de um líder latino-americano desde a posse de Obama,
para tentar mudar a conturbada relação norte-americana
com países como Bolívia, Cuba
e Venezuela. "Nós valorizamos
o interesse do Brasil", disse
Shannon. "Esse é um aspecto
importante da diplomacia brasileira já há algum tempo."
Isso não quer dizer, afirmou,
que as demandas serão aceitas.
"Reconhecemos que, no final, nosso desejo de se relacionar de forma produtiva com
países [da América Latina] depende da reciprocidade desse
desejo dos países de se relacionar conosco." Na última semana, o Congresso passou e Obama assinou lei que afrouxa as
restrições de viagem a Cuba,
mas o embargo segue intocado.
À Folha, Mike Hammer,
porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), que
auxilia as políticas de Defesa e
relações externas de Obama,
disse que o Brasil era um "líder-chave regional", com o
qual os EUA compartilhavam
"amplo leque de metas". Mas
citou outros "parceiros-chave
hemisféricos", como México,
Canadá e Argentina.
Indagado sobre a possibilidade de, sob Obama, os EUA ampliarem a incipiente parceria
energética, centrada em biocombustíveis, para incluir a
compra futura de petróleo brasileiro, outro rumor a anteceder a reunião, Hammer escolheu as palavras com cuidado.
Depois de dizer que as conversas de hoje contemplarão "uma
série de questões", o porta-voz
afirmou: "Procuramos oportunidades de continuar e expandir nossa cooperação relacionada a energia como parte da
agenda maior com o Brasil".
Lula chegou, na noite de ontem, à Base Aérea Andrews, em
Maryland, Estado vizinho a
Washington, mas não quis dar
entrevista. A ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff, falou sobre a expectativa do encontro.
"Relação pessoal é importante.
O presidente [Lula] tem facilidade de estabelecer esses vínculos", afirmou.
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