São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

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Visita de hoje põe região no mapa de Obama

Democrata anuncia primeiro posto oficial para a América Latina; rumores dão conta de visita do americano ao Brasil

Jeffrey Davidow participará do 5º Encontro das Américas; o vice Joe Biden vai ao Chile neste mês se encontrar com Lula, Bachelet e Kirchner

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington tem servido para colocar no radar do novo governo de Barack Obama não só o Brasil mas a América Latina, região que vem sendo deixada no pé das prioridades do democrata em seus primeiros 50 dias no cargo. Horas antes do encontro entre os dois líderes, que acontece hoje, a Casa Branca anunciou oficialmente o primeiro posto para a área.
É o enviado especial ao 5º Encontro das Américas, que acontece em Trinidad e Tobago de 17 a 19 de abril, que será ocupado pelo diplomata Jeffrey Davidow. Ele ocupou embaixadas na região sob Bill Clinton (1993-2001). A cúpula será a primeira vez que o presidente norte-americano tomará contato com a maioria dos líderes latino-americanos.
Obama anunciou também que o vice-presidente, Joe Biden, vai ao Chile no fim do mês, onde se encontrará com Lula, a chilena Michelle Bachelet e a argentina Cristina Kirchner. Por fim, voltou a circular rumor de que o presidente democrata aproveitaria a viagem ao 5º Encontro para visitar mais dois países da região, na qual ele nunca colocou os pés.
O Brasil estaria na lista, talvez Manaus. O assessor de Segurança Nacional de Obama, o general reformado James Jones, teria recomendado a visita. A Casa Branca diz que não há nenhuma decisão tomada ainda quanto a viagem para o país.
Durante a entrevista coletiva na manhã de ontem para falar sobre o encontro Lula-Obama, Thomas Shannon, o secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, classificou de "importante relação global" a dos dois países. "É uma relação que nós acreditamos ter um forte componente global, o reconhecimento da influência do Brasil no mundo", disse ele.
"Nós achamos que esse é um momento em que conseguiremos realizar esse potencial nos próximos meses e anos", disse Shannon. Nesse contexto, afirmou que os EUA entendiam que o Brasil se apresentasse como promotor de diálogo entre os países da região -disse que esperavam que fizesse isso.
Nos últimos dias, o governo brasileiro vem dizendo que aproveitará o encontro, o primeiro de um líder latino-americano desde a posse de Obama, para tentar mudar a conturbada relação norte-americana com países como Bolívia, Cuba e Venezuela. "Nós valorizamos o interesse do Brasil", disse Shannon. "Esse é um aspecto importante da diplomacia brasileira já há algum tempo."
Isso não quer dizer, afirmou, que as demandas serão aceitas.
"Reconhecemos que, no final, nosso desejo de se relacionar de forma produtiva com países [da América Latina] depende da reciprocidade desse desejo dos países de se relacionar conosco." Na última semana, o Congresso passou e Obama assinou lei que afrouxa as restrições de viagem a Cuba, mas o embargo segue intocado.
À Folha, Mike Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), que auxilia as políticas de Defesa e relações externas de Obama, disse que o Brasil era um "líder-chave regional", com o qual os EUA compartilhavam "amplo leque de metas". Mas citou outros "parceiros-chave hemisféricos", como México, Canadá e Argentina.
Indagado sobre a possibilidade de, sob Obama, os EUA ampliarem a incipiente parceria energética, centrada em biocombustíveis, para incluir a compra futura de petróleo brasileiro, outro rumor a anteceder a reunião, Hammer escolheu as palavras com cuidado. Depois de dizer que as conversas de hoje contemplarão "uma série de questões", o porta-voz afirmou: "Procuramos oportunidades de continuar e expandir nossa cooperação relacionada a energia como parte da agenda maior com o Brasil".
Lula chegou, na noite de ontem, à Base Aérea Andrews, em Maryland, Estado vizinho a Washington, mas não quis dar entrevista. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, falou sobre a expectativa do encontro. "Relação pessoal é importante. O presidente [Lula] tem facilidade de estabelecer esses vínculos", afirmou.


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