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Projeto do PV inclui muito investimento e subsídios verdes
Economista vê "problemas sérios" nas finanças e defende meta de disciplina fiscal, como elevar gastos à metade da taxa do PIB
Para José Eli da Veiga, não existe viabilidade imediata para reforma tributária ou diminuição significativa da carga de impostos no país
DO COLUNISTA DA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialista em sustentabilidade que se juntou à campanha
de Marina Silva, José Eli da
Veiga enxerga uma "bomba de
efeito retardado" em preparação, "problemas sérios nas finanças públicas". Ele defende a
adoção de uma meta de disciplina fiscal, como elevar gastos
apenas à metade da taxa do PIB
(se o país crescer 6%, a despesa
poderia subir até 3%). "Não é
um pensamento liberal, o próximo presidente terá de fazer."
Veiga não enxerga viabilidade imediata para reforma tributária ou redução significativa
da carga de impostos. A ideia-força é utilizar tributos para desestimular atividades intensivas em carbono ou que prejudiquem o ambiente. Trata-se de
"precificar" o carbono, ou seja,
fazer com que atividades que
produzam emissões de gases do
efeito estufa -como a operação
de usinas termelétricas- paguem um preço por isso.
A transição, porém, virá aos
poucos. Afinal, já há muitas taxas e contribuições que incidem sobre o consumo de combustíveis. E a própria pré-candidata favorece o comércio de
carbono, com adoção de limites
para emissões e comércio de
permissões para emitir, além
do uso do poder de compra governamental para favorecer
produtos com baixo carbono.
O Brasil tem de crescer, concordam os economistas em torno de Marina. "Precisa no mínimo 20% de taxa de investimento. Menos não tem cabimento" diz Veiga. O investimento estatal, no entanto, precisa ser revisto à luz da descarbonização, e não ficar subordinado às conveniências políticas
e eleitorais, como no PAC.
"Todo país deveria ter um
programa de aceleração do
crescimento. É como soltar os
leões", ilustra Ricardo Paes de
Barros, do Ipea. "O que precisa,
além, é domar os leões. Precisa
de outro programa para converter crescimento econômico
em crescimento humano."
Subsídios também devem ser
empregados pelo governo para
pôr a indústria e a agricultura
na direção correta. Como fez
Barack Obama, nos EUA em
crise, ao exigir contrapartidas
ambientais da indústria automobilística -e não dar "subsídio para compra de carro usado", como diz Alfredo Sirkis,
coordenador da campanha de
Marina, ou para pecuária.
"Nós queremos ser só um
país exportador de commodities?" -questiona Guilherme
Leal, provável vice. "Qual a nossa estratégia diante da China?
Estaremos simplesmente atrelados ao crescimento chinês,
sendo mais uma vez supridores
de matérias primas básicas?"
O empresário não defende
abandonar o atual modelo exportador, mas diz ser necessário parar para refletir. "É esse
crescimento ilusório, que pode
ser não sustentável e que a longo prazo pode comer a própria
base de produção, que a gente
questiona."
Um alerta de outro economista, Paulo Sandroni, baseado
em uma experiência negativa
dos EUA, é o endividamento da
população que o governo permitiu. As medidas do governo
Lula de expansão de crédito poriam em risco a estabilidade
monetária: "O processo econômico também precisa ser sustentável, para não se cair na
mesma armadilha de lá", diz.
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