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CONGRESSO
Governo acerta com PFL e oposição data da votação do mínimo e verbas
Acordo garante Orçamento 2000
da Sucursal de Brasília
O governo conseguiu, na madrugada de ontem, aprovar o Orçamento da União para este ano
após acertar com a oposição e
com o PFL que a medida provisória estabelecendo o novo valor do
salário mínimo será votada no
próximo dia 26, no plenário do
Congresso Nacional.
Além de agendar a votação do
novo mínimo, o governo admitiu
conceder mais R$ 20 milhões para
as universidades públicas e mais
R$ 30 milhões para o programa
de reforma agrária.
O governo também prometeu à
oposição que o Ministério da Saúde terá R$ 2,1 bilhões em recursos
adicionais neste ano.
O líder do governo na Câmara,
deputado Arnaldo Madeira
(PSDB-SP), disse ontem que o
acordo foi feito para permitir a
votação da lei orçamentária, sem
representar uma garantia em relação à execução do Orçamento.
"O acordo foi no âmbito do Legislativo. Não assumimos um
compromisso sobre a execução
do Orçamento", disse Madeira.
Os novos recursos para saúde,
educação e reforma agrária acertados na madrugada de ontem estão condicionados a um eventual
excesso de arrecadação de tributos neste ano.
Mas, durante a execução do Orçamento, o governo poderá destinar os recursos do excesso de arrecadação para outras áreas ou
reduzir (e até mesmo cancelar)
despesas programadas na lei orçamentária para garantir um superávit primário nas suas contas.
O Orçamento prevê um superávit primário de R$ 29,3 bilhões
neste ano, que será totalmente
destinado para o pagamento dos
juros da dívida da União. O relator-geral da lei orçamentária, deputado Carlos Melles (PFL-MG),
garantiu que os recursos acertados com a oposição não irão afetar o superávit previsto.
O líder do PT na Câmara, deputado Aloizio Mercadante (SP),
reagiu à declaração de Madeira.
"Se o governo não cumprir o
acordo, vai pagar um preço alto.
Ele terá que aprovar créditos suplementares no final do ano, e a
oposição vai obstruir", disse.
O acordo que permitiu a votação do Orçamento foi costurado
durante uma tumultuada sessão
do Congresso, que começou às
20h30 de anteontem e só terminou na madrugada de ontem.
Durante a sessão, os partidos de
oposição tentaram obstruir a votação, o que deixou o governo
preocupado -pois seria impossível votar o Orçamento sem um
acordo entre os partidos. Com essa estratégia, eles conseguiram
agendar a votação do mínimo.
Para a oposição, a data da votação é importante porque ela poderá mobilizar sindicatos e associações de aposentados em todo o
país para que o Congresso seja
pressionado a votar um mínimo
maior que o valor defendido pelo
governo.
Além disso, a oposição conta
com a divisão na base do governo
em relação ao assunto, já que o
PFL (um dos principais partidos
governistas) não concorda com
os R$ 151 definidos pela equipe
econômica. Quer R$ 177.
ACM
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
afirmou ontem que irá cancelar
sua ida à missa em comemoração
aos 500 anos do descobrimento
do Brasil, dia 26, em Porto Seguro
(BA), para comandar a votação
da MP (medida provisória) do salário mínimo. "Será o dia D."
"Deus prefere que eu esteja aqui
cuidando dos pobres", afirmou
ACM, comemorando a fixação da
data de votação. "Garanto que terá quórum", disse. Ele negou que
haja risco de o governo não mobilizar sua base parlamentar para
evitar quórum no dia da votação.
"Quando se faz um acordo de líderes e eles não cumprem, acaba
o Parlamento", disse. Na véspera,
PMDB e PSDB bombardearam o
primeiro acordo feito pelo PFL e
pela oposição com o governo, para que a votação da MP fosse em 3
de maio.
Para votar a favor dos R$ 151, o
PFL vai tentar o entendimento
com o governo para incluir na futura lei dispositivo que antecipe
para janeiro o reajuste do mínimo
a partir de 2001, ou que atrele o
reajuste do mínimo nos próximos
anos à inflação e ao crescimento
do PIB (Produto Interno Bruto).
Essa proposta, do deputado
Ney Lopes (PFL-RN), é considerada pelo governo como indexação da economia. O líder Arnaldo
Madeira disse que, por isso, não
será aceita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
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