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CONGRESSO
Governo diz que investimentos estavam paralisados; oposição protesta
Sem Orçamento, governo
libera R$ 26,2 bi com 2 MPs
KENNEDY ALENCAR
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do impasse que impede a
aprovação do Orçamento deste
ano, o governo Lula recorreu a
duas medidas provisórias para liberar mais R$ 26,2 bilhões em
verbas que terão as mais diversas
finalidades, indo desde o investimento das estatais à compra de
aviões para a Força Aérea.
Uma das MPs foi publicada em
edição extra do "Diário Oficial"
da União que circulou ontem e
destina R$ 1,8 bilhão para diversos ministérios. Na segunda-feira,
outra MP deve liberar mais R$
24,4 bilhões, dos quais R$ 20,5 bilhões se referem a investimentos
de empresas estatais, principalmente do grupo Petrobras.
Incluindo essas duas anunciadas ontem, o governo federal já
editou, neste ano, nove medidas
provisórias para liberar R$ 28,042
bilhões em recursos que estão
previstos no Orçamento de 2006.
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse ontem que
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu editar a MP que libera R$ 24 bilhões do Orçamento de
2006 porque "os investimentos
das estatais estão travados e isso
ameaça o desempenho da economia". As empresas do grupo Petrobras respondem por R$ 15,923
bilhões do total liberado pela MP.
Segundo Bernardo, Lula decidiu editar a MP na quarta, um dia
após o fracasso das negociações
com a oposição para aprovar o
Orçamento deste ano. Lula reuniu os principais ministros, avaliou que a oposição pretende arrastar ainda mais a votação e optou por editar a MP: "O presidente disse que não podia comprometer o crescimento da economia
e a geração de empregos por falta
de acordo político no Congresso.
Esperou o quanto pôde".
Segundo ele, a Petrobras, a Eletrobrás e outras estatais estavam
impedidas de fazer os investimentos de 2006, o que poderia comprometer a capacidade de produção de petróleo e de energia: "Essas empresas obedecem a regras
do mercado, têm ações na Bolsa e
peso muito grande na economia".
"Na terça-feira, fizemos, a contragosto, concessões para destinar R$ 5,2 bilhões à Lei Kandir.
Após cedermos, apareceram vários pedidos pontuais de liberação de recursos vindos da oposição que atrapalharam o acordo. O
país não pode atravessar o ano
sem Orçamento", afirmou.
Além da MP de R$ 24 bilhões, o
governo editou outra, de R$ 1,8
bilhão, para liberar investimentos
e custeio das pastas das Cidades,
da Integração Nacional e da Previdência, entre outras: "Tínhamos de mandar R$ 10 milhões para as despesas de nossa base na
Antártida. Esses recursos fazem
parte de acordo internacional".
Ao todo, as duas MPs vão destinar R$ 5,7 bilhões a vários programas do governo. O Ministério da
Defesa é o que mais recebeu recursos -R$ 1,127 bilhão para a
aquisição e modernização de
equipamentos e operações. O Ministério dos Transportes ficou
com R$ 1,088 bilhão, sendo que
R$ 948 milhões serão para manutenção e recuperação de estradas.
A pasta do Desenvolvimento
Agrário recebeu R$ 500 milhões.
Dos R$ 173 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia, R$
25,3 milhões vão para o projeto de
implantação de uma usina de
enriquecimento de urânio.
Não faltou dinheiro para propaganda. A MP liberou R$ 36,8 milhões para publicidade institucional da Presidência da República.
A oposição na Câmara prometeu derrubar as MPs: "É uma quebra de compromisso, que mostra
o quanto esse governo não é confiável em qualquer acordo", disse
o líder do PSDB na Casa, Jutahy
Júnior (BA): "Vamos trabalhar
para mostrar que o Orçamento
não pode ser editado por medida
provisória", disse. A ameaça foi
repetida pelo líder do PFL na Casa, Rodrigo Maia (RJ): "Vamos
trabalhar para derrubar ou no
Congresso ou na Justiça".
Colaborou SILVIO NAVARRO, da Sucursal de Brasília
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