São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Fim da reeleição é idéia para acomodar interesses, diz FHC

Ex-presidente defende que eleitor tem direito de escolher se governante continua no cargo

Sobre intenção do governo de conversar com líderes da oposição, tucano afirma que o presidente não quer um diálogo, mas "tirar proveito"


DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) classificou a negociação para dar fim à reeleição como uma proposta para "acomodar interesses". FHC conseguiu aprovar a emenda 16, que permitiu a reeleição para presidente durante o seu governo, em 1997.
"O Brasil tem mania de mudar toda hora tudo. Nós mal introduzimos a reeleição. (...) Não sou favorável a mudanças institucionais a cada instante. O país não é um laboratório experimental", disse. Segundo FHC, o povo precisa ter o direito de escolher se prefere que um governante continue no cargo.
O ex-vice-presidente Marco Maciel também manifestou a mesma opinião: "Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação definitiva e cogitar alterações no instituto da reeleição".
FHC já defendia a reeleição antes mesmo de ser eleito, em 1994. No início de seu mandato, porém, dizia que não pensava no assunto: "Estou fora". É só a partir de 1996 que ele passa a apoiar abertamente a reeleição.
A proposta em discussão ampliaria o período de mandato no Executivo de quatro para cinco anos. FHC disse não estar convencido de que cinco anos sejam suficientes para que um governante consiga fazer uma gestão inovadora. Em compensação, afirma que caso a gestão não obtenha êxito, o prazo pode se tornar longo demais.
"Por que nós vamos agora inventar a roda quadrada e mudar o sistema outra vez? No fundo isso é para acomodar interesses. Mais gente poderá ser candidata, com mais chances de se tornar presidente", disse.
FHC fez a palestra de encerramento do seminário "A reinvenção do futuro das grandes metrópoles e a nova agenda de desenvolvimento econômico e social da América Latina", na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Aproximação
Sobre a intenção do governo de conversar com líderes da oposição, ele disse: "Como é que vamos dialogar, se o presidente todo dia me ataca à toa, sem mais nem menos? Então ele não quer diálogo nenhum, quer é tirar proveito", disse.
Ele afirmou não ser contrário à conversa, mas que ela precisa de uma base definida. Segundo o ex-presidente, os partidos de oposição precisam discutir com os da base governista no Congresso. Fora desse cenário, ele disse que a proposta "tem cheiro de cooptação, de chamar para amortecer".
O ex-presidente classificou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) como uma "carta de intenções". "É um conjunto de projetos que já estavam por lá. Infelizmente, o governo Lula descontinuou os eixos de desenvolvimento e as formas de gestão que tínhamos montado para dar prioridade a esses projetos", disse.


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