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Fim da reeleição é idéia para acomodar interesses, diz FHC
Ex-presidente defende que eleitor tem direito de escolher se governante continua no cargo
Sobre intenção do governo de conversar com líderes da oposição, tucano afirma que o presidente não quer um diálogo, mas "tirar proveito"
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB)
classificou a negociação para
dar fim à reeleição como uma
proposta para "acomodar interesses". FHC conseguiu aprovar a emenda 16, que permitiu a
reeleição para presidente durante o seu governo, em 1997.
"O Brasil tem mania de mudar toda hora tudo. Nós mal introduzimos a reeleição. (...) Não
sou favorável a mudanças institucionais a cada instante. O
país não é um laboratório experimental", disse. Segundo FHC,
o povo precisa ter o direito de
escolher se prefere que um governante continue no cargo.
O ex-vice-presidente Marco
Maciel também manifestou a
mesma opinião: "Ainda é muito
cedo para fazer uma avaliação
definitiva e cogitar alterações
no instituto da reeleição".
FHC já defendia a reeleição
antes mesmo de ser eleito, em
1994. No início de seu mandato,
porém, dizia que não pensava
no assunto: "Estou fora". É só a
partir de 1996 que ele passa a
apoiar abertamente a reeleição.
A proposta em discussão ampliaria o período de mandato
no Executivo de quatro para
cinco anos. FHC disse não estar
convencido de que cinco anos
sejam suficientes para que um
governante consiga fazer uma
gestão inovadora. Em compensação, afirma que caso a gestão
não obtenha êxito, o prazo pode se tornar longo demais.
"Por que nós vamos agora inventar a roda quadrada e mudar o sistema outra vez? No
fundo isso é para acomodar interesses. Mais gente poderá ser
candidata, com mais chances
de se tornar presidente", disse.
FHC fez a palestra de encerramento do seminário "A reinvenção do futuro das grandes
metrópoles e a nova agenda de
desenvolvimento econômico e
social da América Latina", na
sede da Associação Comercial
do Rio de Janeiro.
Aproximação
Sobre a intenção do governo
de conversar com líderes da
oposição, ele disse: "Como é
que vamos dialogar, se o presidente todo dia me ataca à toa,
sem mais nem menos? Então
ele não quer diálogo nenhum,
quer é tirar proveito", disse.
Ele afirmou não ser contrário à conversa, mas que ela precisa de uma base definida. Segundo o ex-presidente, os partidos de oposição precisam discutir com os da base governista
no Congresso. Fora desse cenário, ele disse que a proposta
"tem cheiro de cooptação, de
chamar para amortecer".
O ex-presidente classificou o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) como uma
"carta de intenções". "É um
conjunto de projetos que já estavam por lá. Infelizmente, o
governo Lula descontinuou os
eixos de desenvolvimento e as
formas de gestão que tínhamos
montado para dar prioridade a
esses projetos", disse.
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