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NO AR
Terrorismo
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Lula já fala em fragilidade
da democracia brasileira.
Fragilidade que se manifestaria a cada eleição. Ou a cada
campanha em que é alvo de
"terrorismo barato", expressão
dele para a vinculação das suas
chances crescentes de vitória à
queda na Bolsa etc.
- Um absurdo.
Era ele, na Jovem Pan. Absurdo ou não, em conversa com
correspondentes estrangeiros,
Lula tratou de vestir o terno novo, garantindo estabilidade e
pagamento da dívida.
O terrorismo retórico que assustou Lula explodiu logo cedo,
num diálogo do presidente do
Banco Central com o Bom Dia
Brasil. Primeira pergunta da
Globo:
- O governo considera que os
programas dos outros pré-candidatos são tão bons ou tranquilizadores quanto o do candidato
do governo?
E Armínio Fraga, no Bom Dia
e no Jornal Nacional:
- Não está claro que seja assim... Minha leitura tem a ver
com a sensação de dúvida sobre
se as coisas continuarão no caminho certo... Os fundamentos
da economia brasileira estão
bem e no caminho certo, mas isso pode mudar. É essa dúvida
que paira no ar.
Ele não parou por aí. Mais
Fraga, em campanha:
- O receio que paira no ar,
hoje no mundo, tem a ver com a
experiência atual na Argentina
e não é de que haverá um rompimento imediato. O medo é
que se entre numa trajetória onde se vão dando pequenos passos na direção errada. Aí, um
belo dia, você acorda e se dá
conta de onde está.
Na Argentina -era o que ele
queria dizer. Daí a pergunta da
Globo, explícita:
- Há risco de o Brasil se
transformar num caso como o
da Argentina?
- O risco é remoto, mas sempre existe esse risco.
Fosse propaganda eleitoral e a
retórica do presidente do Banco
Central seria enquadrada como
parte de um esforço de demonização de Lula.
Demonização de que também
fez uso José Serra, com destaque
no mesmo JN -depois de Lula,
editado com som grosseiro e em
close, prometer demitir Fraga.
De Serra:
- É preciso manter a casa arrumada se não o Brasil vira Argentina.
O alvo de Fraga era Lula, em
parte. Em outra parte, era o
PFL, responsável pelo "caos" do
Congresso, que retarda "coisas
importantes das quais depende
o futuro do país".
No caso do PFL, o terror teve
efeito imediato. Como destacou
o JN, o relator da CPMF no Senado, o pefelista Bernardo Cabral, já "vai antecipar" o calendário de votação.
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