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Punição é absurda, diz moderado
DA REPORTAGEM LOCAL
Punido pelo PT em 1999 por ter
decidido votar a favor da prorrogação da CPMF e por ter se recusado a retirar uma emenda à reforma da Previdência de 1993, o
ex-deputado e ex-secretário municipal da Saúde de São Paulo,
Eduardo Jorge, considerou ontem "absurda" a possibilidade de
expulsão dos três parlamentares.
"Acho um absurdo. Não concordo com as posições trotskistas,
autoritárias e retrógradas deles.
Mas puni-los por defenderem
uma posição que até ontem era
defendida pelos dirigentes máximos do PT, pelo [hoje] presidente
da República, pelo [hoje] presidente do partido?", declarou.
Anteontem a Comissão Executiva Nacional do PT aprovou a
instauração de processo disciplinar contra a senadora Heloísa Helena (AL) e contra os deputados
federais Luciana Genro (RS) e
João Batista Oliveira de Araújo, o
Babá (PA).
Críticos das reformas encaminhadas pelo governo federal ao
Congresso Nacional, os parlamentares são acusados pela legenda de "expor o partido e seus
dirigentes de forma bastante negativa na mídia" e também de
"atrapalhar a governabilidade".
Na avaliação de Jorge, entretanto, os três agem corretamente ao
defender suas posições. "Temos
de ter coerência com nossa consciência", afirmou. "Vão [os deputados eleitos] ser pintinhos se escondendo debaixo da asa do centralismo democrático?"
O ex-secretário, que deixou o
cargo na administração paulistana após uma série de críticas à
condução da Saúde pela prefeita
Marta Suplicy (PT), disse ainda
que a provável expulsão dos parlamentares será uma punição
desproporcional.
"A punição tem de levar em
conta as circunstâncias. Poderiam
advertir, mas expulsar é desproporcional. O Lula defendia há um
mês o que eles defendem", afirmou ele. "E as mudanças de opinião não foram de A para B, mas
de A para Z, e de forma brusca."
Segundo ele, o episódio com os
radicais poderá ainda prejudicar a
credibilidade tanto do partido
quanto do governo. "Quem garante que [os integrantes do governo] não vão mudar de posição
amanhã?", questiona.
O ex-secretário afirmou também considerar o caso atual mais
grave do que o que resultou em
sua própria punição porque as
posições defendidas pelos radicais são bandeiras históricas da legenda. "O PT tinha sua coerência,
e eu, a minha. Era a regra. Não reclamei. Mas aqui houve uma mudança da noite para o dia."
Caso sejam expulsos, os parlamentares manterão seus mandatos, podendo ingressar em outros
partidos ou até mesmo criar uma
nova legenda, hipótese já considerada por alguns deles.
(PZ)
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