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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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Punição é absurda, diz moderado

DA REPORTAGEM LOCAL

Punido pelo PT em 1999 por ter decidido votar a favor da prorrogação da CPMF e por ter se recusado a retirar uma emenda à reforma da Previdência de 1993, o ex-deputado e ex-secretário municipal da Saúde de São Paulo, Eduardo Jorge, considerou ontem "absurda" a possibilidade de expulsão dos três parlamentares.
"Acho um absurdo. Não concordo com as posições trotskistas, autoritárias e retrógradas deles. Mas puni-los por defenderem uma posição que até ontem era defendida pelos dirigentes máximos do PT, pelo [hoje] presidente da República, pelo [hoje] presidente do partido?", declarou.
Anteontem a Comissão Executiva Nacional do PT aprovou a instauração de processo disciplinar contra a senadora Heloísa Helena (AL) e contra os deputados federais Luciana Genro (RS) e João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PA).
Críticos das reformas encaminhadas pelo governo federal ao Congresso Nacional, os parlamentares são acusados pela legenda de "expor o partido e seus dirigentes de forma bastante negativa na mídia" e também de "atrapalhar a governabilidade".
Na avaliação de Jorge, entretanto, os três agem corretamente ao defender suas posições. "Temos de ter coerência com nossa consciência", afirmou. "Vão [os deputados eleitos] ser pintinhos se escondendo debaixo da asa do centralismo democrático?"
O ex-secretário, que deixou o cargo na administração paulistana após uma série de críticas à condução da Saúde pela prefeita Marta Suplicy (PT), disse ainda que a provável expulsão dos parlamentares será uma punição desproporcional.
"A punição tem de levar em conta as circunstâncias. Poderiam advertir, mas expulsar é desproporcional. O Lula defendia há um mês o que eles defendem", afirmou ele. "E as mudanças de opinião não foram de A para B, mas de A para Z, e de forma brusca."
Segundo ele, o episódio com os radicais poderá ainda prejudicar a credibilidade tanto do partido quanto do governo. "Quem garante que [os integrantes do governo] não vão mudar de posição amanhã?", questiona.
O ex-secretário afirmou também considerar o caso atual mais grave do que o que resultou em sua própria punição porque as posições defendidas pelos radicais são bandeiras históricas da legenda. "O PT tinha sua coerência, e eu, a minha. Era a regra. Não reclamei. Mas aqui houve uma mudança da noite para o dia."
Caso sejam expulsos, os parlamentares manterão seus mandatos, podendo ingressar em outros partidos ou até mesmo criar uma nova legenda, hipótese já considerada por alguns deles. (PZ)


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